Feito: Trump assina a primeira lei dos EUA sobre stablecoins

Washington, verão de 2025. Em uma semana frenética, Donald Trump soprou quente no Congresso, incendiou o Senado e deu o toque final ao que será conhecido como a Lei GENIUS. Sua arma legislativa mais compatível com cripto, assinada em uma East Room lotada de câmeras. O presidente não se limitou a tuitar suas intenções: ele pegou o telefone para convencer, um a um, os opositores republicanos. E na sexta-feira, 18 de julho, ele conseguiu: os Estados Unidos se tornam o primeiro país ocidental a regulamentar os stablecoins em nível federal.

Dólar 2.0: o gênio americano quer continuar no controle do jogo

Quando o presidente assina, ele não sela apenas um texto: ele também trava, assim como com a taxa extra de 35% recentemente imposta ao Canadá, uma visão estratégica do poder econômico na era digital. É uma visão geopolítica que ele grava. “Talvez seja a maior revolução tecnológica desde a internet“, ele declarou com ênfase.

A Lei GENIUS (Guiding and Establishing National Innovation for U.S. Stablecoins) cria uma nova categoria jurídica para essas moedas digitais indexadas ao dólar. Objetivo: garantir seu uso enquanto impulsiona sua adoção, especialmente regulando as reservas obrigatórias e proibindo stablecoins com rendimento.

Com este marco, o Tesouro pretende reforçar o status do dólar como moeda global, estimulando a demanda por títulos do Tesouro para respaldar esses ativos. Scott Bessent, Secretário do Tesouro, fala até de um novo instrumento para ampliar o acesso à economia dolarizada e aumentar a demanda global por T-Bills.

Stablecoins nas mãos de todos: a cripto entra no cotidiano

Trump nunca escondeu suas ambições para a indústria cripto. Antes cético, ele agora é seu maior apoiador barulhento. Sua promessa? Fazer dos Estados Unidos a capital da cripto no mundo. Seu desafio: firmá-la na vida dos cidadãos. E com a Lei GENIUS, ele quer aproximar os stablecoins do carrinho de compras.

Agora, bancos, neobancos e cooperativas de crédito poderão emitir seus próprios stablecoins. Acabou a insegurança jurídica: a lei regula a vinculação ao dólar e exige a divulgação mensal das reservas. Para o senador Bill Hagerty, esse marco permitirá aos americanos realizar pagamentos quase instantâneos, em vez de levar vários dias.

Presentes na assinatura: Circle, Robinhood, Gemini, Tether… Todos celebram um avanço histórico. O presidente, zombeteiro, não resistiu a uma provocação:

Eles nomearam essa lei em minha homenagem. Obrigado a vocês. É uma lei e tanto.

Por trás do feito, as falhas: o que os democratas denunciam

Mas por trás dos holofotes, vozes se levantam. Pois se a Lei GENIUS regula os stablecoins, não impede certas áreas cinzentas.

• 60% da World Liberty Financial, emissora do stablecoin USD1, é detida por uma empresa próxima aos Trump;
• 245 milhões de dólares: o que a indústria cripto gastou para apoiar candidatos pró-cripto em 2024;
• 6 meses: o prazo dado aos reguladores para publicar as regras finais;
• 308 votos a favor, 122 contra: a lei passa com forte apoio republicano… mas rachaduras democratas;
• Nenhuma proibição para as gigantes digitais lançarem seus próprios stablecoins.

A deputada Maxine Waters denuncia uma insegurança perigosa: o texto cria a ilusão de um marco, mas não dá ao governo os meios para regular eficazmente. Para Scott Greytak, da Transparency International, esse marco parcial “poderia transformar os Estados Unidos em um paraíso fiscal digital para criminosos e regimes hostis“.

Os americanos agora podem pagar o aluguel com stablecoins, mas isso é só o começo. Trump está preparando uma medida explosiva: abrir os planos 401(k) para o bitcoin. Um gesto que poderia canalizar bilhões para a indústria cripto e revolucionar a poupança doméstica para sempre.