As receitas das blockchains caem 16% em setembro, segundo VanEck

O mercado cripto se move, mas nem sempre na direção esperada. Se o universo das blockchains é frequentemente associado a aumentos vertiginosos, setembro de 2025 acalmou os ânimos. Menos barulho, menos especulação, mas também menos receita para as redes. Um momento de calmaria que, em vez de anunciar um declínio, pode sinalizar uma transformação mais profunda. Menos momentos de brilho, mais maturidade? É o que sugere o último relatório da VanEck, que examina a saúde do setor blockchain.

Menos volatilidade, menos dinheiro: a blockchain digere seu crescimento

De acordo com o relatório da VanEck, as receitas acumuladas das principais blockchains caíram 16% em setembro. Ethereum, Solana e principalmente Tron viram seu desempenho encolher, em um contexto de queda na volatilidade dos tokens. Um exemplo: a volatilidade do Ether caiu 40%, a do Bitcoin 26%.

Resultado? Menos oportunidades de arbitragem e, portanto, menos taxas elevadas pagas pelos traders.

VanEck explica assim: 

Com uma volatilidade menor dos ativos digitais, há menos oportunidades de arbitragem que incentivem os traders a pagar taxas de prioridade elevadas. 

VanEck Crypto Monthly Recap, set. 2025

Essa queda é preocupante? Nem sempre. Também pode marcar a passagem da cripto especulativa para uma cripto de uso real. É o que alguns analistas chamam de “normalização econômica das blockchains”.

Tron e os stablecoins: o lado oculto do sucesso da blockchain

Enquanto a maioria das redes sofreu, Tron se destaca. Apesar de uma queda de 37% nas receitas neste mês (devido à redução das taxas imposta pela governança), a blockchain apresenta números anuais impressionantes: 3,6 bilhões de dólares de receita em um ano, mais do que o 1 bilhão gerado pela Ethereum. E isso com uma capitalização 16 vezes menor.

A razão? Os stablecoins, que hoje representam uma grande parte da atividade cripto. Tron hospeda 51% de todos os USDT em circulação. Utilizados para pagamentos rápidos, baratos e sem intermediários bancários, os stablecoins transformaram Tron em um hub logístico financeiro.

Esse papel central nos pagamentos em stablecoins dá a Tron uma vantagem estratégica certa, especialmente onde o acesso a infraestruturas bancárias é limitado. Enquanto outras blockchains buscam seu modelo, Tron capitaliza um uso concreto, enraizado nas necessidades reais de uma economia em transição.

O crescimento dos stablecoins mostra algo: a blockchain não se resume mais à especulação, mas se integra ao uso cotidiano, do pagamento transfronteiriço à financeirização informal.

Ethereum, Layer 2, empresas: a cripto reestrutura suas fundações

Diante dessa transformação, gigantes como Ethereum e Solana se reorganizam. Ethereum prepara a “Fusaka”, uma atualização que facilitará a escalabilidade dos Layer 2, graças a um novo método de validação leve. Objetivo: reduzir custos, acelerar transações, atrair atividade.

Solana, por sua vez, lançou a atualização Alpenglow, dividindo o tempo de finalização por 80 (de 12 segundos para 150 milissegundos). Outra inovação: a transição para um novo formato de token, o P-token, que reduz a carga computacional em 95%.

E as empresas? Elas voltam, mas de forma diferente. Após experimentos fracassados entre 2018-2020, atores como J.P. Morgan, Société Générale, Circle ou OpenAI relançam blockchains privadas, focadas, e conectadas às blockchains públicas.

Os números que redesenham o cenário 

• Tron gerou 3,6 bilhões de dólares em receita em um ano, contra 1 bilhão da Ethereum;
• 51% dos USDT em circulação são emitidos pela rede Tron;
• Os stablecoins superaram 292 bilhões de dólares em capitalização em outubro de 2025;
• O token ASTER subiu +1667% desde seu lançamento em setembro;
• A Coinbase registrou um aumento de 10,8% no mês, segundo VanEck.

Essa queda geral das receitas não significa o fim da era blockchain, mas sua remodelação. A adoção se diversifica, as infraestruturas se adaptam. Contudo, um recente documento técnico revela que Ethereum é afetada por falhas invisíveis no âmago de sua arquitetura. Mais uma prova de que, na cripto, nada está garantido para sempre.