Bitcoin explode com macroeconomia favorável

Enquanto os parâmetros financeiros clássicos vacilam, o bitcoin se impõe como uma nova referência. Na segunda-feira à noite, a cripto ultrapassou um patamar simbólico ao alcançar 126.069 dólares, após o primeiro recorde de 125.000 dólares na véspera. Esta progressão fulminante ocorre em um clima de desconfiança em relação aos ativos tradicionais e em meio à queda do dólar. Mais do que um simples pico, esse movimento reflete uma dinâmica de base que redefine a hierarquia dos valores nos mercados globais.

O bitcoin a 126.000 $, uma ascensão impulsionada pelos fluxos e macroeconomia

Na segunda-feira à noite, o bitcoin atingiu um recorde histórico de 126.069 dólares, após ultrapassar os 125.000 $ já no domingo. Esta alta, observada pelos traders, ocorre após a cripto ter caído brevemente abaixo dos 110.000 $ no final de setembro.

Desde então, ela registrou um aumento de 13 % em menos de duas semanas, e apresenta agora uma progressão de mais de 33 % desde o início do ano. “O bitcoin saltou desde que passou brevemente abaixo dos 110.000 dólares há pouco mais de uma semana”, explicou David Morrison, analista sênior da Trade Nation.

Anthony Pompliano, fundador da Professional Capital Management, resumiu a pressão de compra atual: “o bitcoin é a taxa de referência. Se você não pode superá-lo, deve comprá-lo”.

Por trás desta disparada de preços, várias dinâmicas fundamentais se conjugam :

• Uma fraqueza notável do dólar americano, cujo índice (DXY) permanece estável em 98,09, mas registra uma queda de quase 10 % desde janeiro ;

• Fluxos massivos para ETFs de Bitcoin, com 3,2 bilhões de dólares injetados em uma dúzia de produtos na semana passada, o segundo maior nível desde seu lançamento em 2024 ;

• Interesse crescente por derivados, com 75 bilhões de dólares de open interest em contratos perpétuos e futuros, segundo Amberdata. Binance e CME concentram a maior parte do volume ;

• Um mercado mais saudável, caracterizado por liquidações limitadas a 283 milhões de dólares em 24 h, bem longe dos 2 bilhões registrados em um único dia em setembro ;

• Uma sazonalidade favorável, especialmente em outubro, apelidado de “Uptober” pela comunidade, com desempenho médio de +22,5 % nos últimos dez anos, segundo Bloomberg.

Esses elementos combinados desenham um contexto de consolidação altista, menos especulativo do que em bull runs anteriores e potencialmente mais duradouro se os fundamentos macroeconômicos estiverem alinhados.

O bitcoin reescreve as cartas do sonho americano

Enquanto o bitcoin alcança novos patamares, uma outra transformação ocorre: a percepção social do ativo. De fato, o sonho americano não passa mais necessariamente pela propriedade imobiliária, mas pela posse de bitcoin.

Um dado ilustra essa mudança. Desde 2020, os preços das moradias subiram mais de 50 % em dólares, segundo o índice S&P CoreLogic Case-Shiller. Contudo, em valor bitcoin, caíram quase 90 %.

Em 2020, uma casa média nos Estados Unidos valia cerca de 40 BTC. Hoje, menos de 5 BTC bastam. Essa mudança revela um afastamento crescente entre detentores de ativos tradicionais e de criptos, com o bitcoin se impondo como uma alternativa mais acessível para as gerações mais jovens.

Essa evolução acompanha uma mudança profunda de paradigma. Para os Millennials e Gen Z, o bitcoin oferece características que o mercado imobiliário não pode mais proporcionar em um contexto de altas taxas de juros e poder de compra enfraquecido: liquidez, portabilidade, rendimento passivo via staking ou ETFs, sem as limitações físicas de um imóvel.

A propriedade digital se destaca como uma alternativa moderna à imobiliária física. Essa mudança é reforçada por um renovado otimismo dos detentores. O índice de sentimento dos investidores tornou-se positivo (6,77), prova de confiança recuperada. O retorno de um forte volume nos mercados e o acúmulo institucional reforçam essa convicção. Alguns analistas já consideram a possibilidade de alcançar 130.000–135.000 $, ou mesmo 150.000 a 180.000 $ até o fim do ano, caso a tendência atual continue.

Além do aspecto financeiro, este momento pode marcar uma virada geracional e social. Se o bitcoin continuar ganhando reconhecimento institucional e oferecer desempenho superior aos ativos tradicionais, ele poderá se firmar duradouramente como o novo padrão de riqueza, como demonstra sua correlação com o ouro. Contudo, tal mutação não está isenta de riscos: um influxo muito rápido poderia exacerbar a volatilidade ou provocar uma reação regulatória. O quarto trimestre, historicamente favorável ao BTC, pode confirmar ou refutar essa tendência.