Ethereum dispara 56% em julho e supera o Bitcoin em um ponto crucial

Impulsionado por aportes históricos em fundos negociados em bolsa (ETFs), o Ethereum acaba de registrar seu maior rali mensal desde 2022. Essa recuperação espetacular coloca o ETH no centro das carteiras, desafiando a narrativa dominante do Bitcoin. Será que o Ethereum está se tornando o ativo indispensável da cripto, como as ações de tecnologia nos anos 90? Ou será que a institucionalização está mascarando uma fragilidade fundamental?

Entradas recordes: o ETF de Ether desencadeia uma corrida histórica pelo ETH

Em julho, o ETH disparou 56%, atingindo um pico de 3.862 dólares. É a primeira vez desde 2022 que essa criptomoeda registra um ganho mensal superior a 50%. Esse rali foi impulsionado por uma dinâmica inédita no mercado de ETFs, com 19 dias consecutivos de entradas líquidas, totalizando mais de 5,37 bilhões de dólares.

O dia 16 de julho foi particularmente marcante, com uma entrada recorde de 727 milhões de dólares em uma única sessão. Nesse embalo, o ETF de Ethereum da BlackRock (iShares ETHA) se tornou o terceiro mais rápido da história cripto a ultrapassar 10 bilhões de dólares em ativos sob gestão, em apenas 251 dias.

Ethereum supera o Bitcoin: um novo líder cripto em ascensão?

Segundo Eric Balchunas, analista sênior de ETFs da Bloomberg, esse rali reposiciona o Ethereum dentro da narrativa institucional. Diferente do Bitcoin, ainda visto como uma espécie de ouro digital, o ETH começa a ser percebido como uma ação de tecnologia em crescimento dos anos 90.

Essa analogia sugere que o Ethereum pode se tornar um veículo especulativo para a adoção em massa da tecnologia blockchain. Sua dinâmica atual vai muito além de uma simples reserva de valor. O mercado agora o trata como um ativo inovador, com potencial de crescimento estruturado em torno da sua rede cripto.

Preço em alta, rede estagnada: dá para confiar nesse rali do ETH?

Mas nem todos compartilham desse entusiasmo. Markus Thielen, CEO da 10x Research, alerta que as receitas geradas pela rede Ethereum cresceram apenas 3% no mês, enquanto a atividade on-chain aumentou 5%. Números modestos que contrastam com a exuberância dos preços.

Mais preocupante ainda, segundo Thielen, 90% dos movimentos de preço observados no Ethereum em julho ocorreram durante os horários asiáticos. Essa concentração geográfica pode indicar uma volatilidade especulativa, mais ligada a dinâmicas cripto de curto prazo do que a fundamentos sólidos.

Para comparação: no pico anterior do mercado, em novembro de 2021, o Ethereum gerava 1,5 bilhão de dólares em receita mensal com uma capitalização de mercado de 300 bilhões, oferecendo um rendimento implícito de 6%. Hoje, com uma capitalização de 466 bilhões e uma receita anual de 764 milhões, esse rendimento caiu para 1,6%.

O ETH pode estar entrando em uma nova fase — impulsionado por ETFs, mas limitado por fundamentos de rede. Sua valorização conseguirá resistir a uma possível saída de capital? Descubra como os fluxos cripto de julho revelam a nova dinâmica do Ethereum e o próximo ciclo de alta.