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A União Europeia pressiona os stablecoins estrangeiros

10h26 ▪ 5 min de leitura ▪ por Mikaia A.
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Em Bruxelas, Christine Lagarde e seus aliados não escondem mais suas intenções. Para eles, o futuro da moeda passa por um euro digital, sob bandeira 100% UE. Não se trata de permitir que os gigantes estrangeiros dos stablecoins instalem seus redutos na economia europeia. A ideia? Proteger a soberania monetária do Velho Continente e evitar que o ecossistema cripto se torne um cavalo de Troia para o dólar. Diante das ambições dos emissores como Circle ou Paxos, as autoridades europeias ativam a artilharia regulatória.

Um regulador europeu bate violentamente em uma stablecoin com um martelo, sob as estrelas da União Europeia, em uma atmosfera tensa.

Em resumo

  • A UE quer proibir stablecoins emitidos simultaneamente em várias jurisdições fora da zona do euro.
  • O BCE teme uma crise financeira ligada às reservas mal distribuídas dos stablecoins estrangeiros.
  • Um consórcio bancário europeu prepara um stablecoin em euro para combater a invasão dos tokens em dólar.
  • Circle já colabora com a Deutsche Börse para integrar USDC e EURC aos mercados regulados europeus.

Uma UE tensa diante da invasão dos stablecoins em dólar

A União Europeia, pouco confortável com os stablecoins estrangeiros, aperta o cerco sobre os stablecoins multijurisdicionais. O alerta vem do ESRB, órgão responsável por prevenir crises financeiras. Ele convoca a proibir esses tokens emitidos simultaneamente em várias regiões geográficas. O risco? Um potencial desequilíbrio para o sistema econômico europeu.

Na mira, os stablecoins atrelados ao dólar, que dominam amplamente as trocas cripto. Os Estados Unidos, por sua vez, não reclamam. Mas a Europa vê uma ameaça.

O USDC da Circle, mesmo conforme à regulamentação MiCA, é o exemplo típico. Oficialmente bem-vindo, hoje torna-se suspeito. A Bloomberg de 30 de setembro revela que o BCE apoia ativamente as recomendações do ESRB. Os stablecoins “multi- emissão” correm risco de banimento puro e simples.

Embora essa arquitetura possa melhorar a liquidez global e a escalabilidade, apresenta riscos jurídicos, operacionais, de liquidez e de estabilidade financeira significativos na UE, especialmente se pelo menos um emissor estiver localizado fora da União Europeia.

Chiara Scotti, vice-governadora do Banco da Itália – Fonte: Cointelegraph

Em resumo, a UE quer regulamentar com mais severidade para evitar depender de moedas estáveis estrangeiras, principalmente se forem gerenciadas do outro lado do Atlântico.

Deutsche Börse e Circle, uma parceria cripto sob o olhar da UE

Enquanto Bruxelas se preocupa, Circle multiplica acordos. O mais recente: um pacto estratégico com a Deutsche Börse, gigante dos mercados financeiros europeus. O objetivo? Integrar USDC e EURC nas infraestruturas tradicionais, via plataformas 3DX e Clearstream. Para Jeremy Allaire, CEO da Circle, o desafio é claro:

Queremos alinhar nossos stablecoins regulamentados com as instituições europeias para reduzir custos e melhorar os pagamentos.

Mas o cenário regulatório estraga a festa. Mesmo sendo a Circle o primeiro emissor de stablecoin conforme à MiCA, essa aliança transatlântica preocupa alguns reguladores. Ela ilustra a tensão entre a abertura à inovação cripto e a vontade de retomar o controle.

De um lado, a Europa quer construir um mercado atraente. Do outro, teme ver sua moeda continental canibalizada por instrumentos financeiros atrelados ao dólar.

Alguns reguladores europeus receiam que os stablecoins emitidos por gigantes americanos se tornem um cavalo de Troia nos sistemas financeiros europeus, facilitando a entrada de interesses estrangeiros nas engrenagens bancárias da UE.

A Europa busca, assim, um equilíbrio entre integração e proteção.

Soberania digital: os bancos europeus jogam sua carta

A UE não quer mais ficar de espectadora. Lança sua reação Made in Europe. Nove grandes bancos, incluindo ING, UniCredit e CaixaBank, uniram forças para criar um stablecoin atrelado ao euro, supervisionado pelo Banco Central dos Países Baixos. A ambição? Lançar um token já em 2026, conforme à MiCA, capaz de rivalizar com os gigantes americanos.

Principais pontos a lembrar

  • O mercado mundial de stablecoins se aproxima de 300 bilhões de dólares; apenas 620 milhões estão denominados em euros;
  • O stablecoin dos bancos europeus visa um pagamento quase instantâneo e programável;
  • Esse projeto será lançado desde Amsterdã, sob a supervisão do banco central holandês;
  • O BCE prepara paralelamente um euro digital para 2029, em versão pública;
  • Os bancos europeus querem assim reconquistar a soberania dos pagamentos digitais.

Essa dupla iniciativa – privada e pública – visa conter a dominância do dólar nos pagamentos digitais. Num cenário em que as criptomoedas ganham espaço, a Europa quer defender seu lugar. Não apenas com regras. Mas também com produtos provenientes de seu próprio ecossistema financeiro.

Enquanto o BCE endurece sua postura contra stablecoins estrangeiros, Christine Lagarde parece mirar mais alto. Em declaração recente, ela mencionou seu desejo de ver o euro rivalizar com o dólar como moeda de referência mundial. Entre ambições monetárias e conflito cripto, o futuro do sistema financeiro europeu poderá muito bem ser decidido… no código.

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Mikaia A.

La révolution blockchain et crypto est en marche ! Et le jour où les impacts se feront ressentir sur l’économie la plus vulnérable de ce Monde, contre toute espérance, je dirai que j’y étais pour quelque chose

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