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AfD propõe estatuto especial para o Bitcoin

14h33 ▪ 5 min de leitura ▪ por Luc Jose A.
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Enquanto a União Europeia se prepara para implementar plenamente o regulamento MiCA até o final do ano, a Alemanha manifesta uma voz discordante. O principal partido de oposição, o AfD, acaba de apresentar uma moção chocante ao Bundestag. Ele exige que o bitcoin seja reconhecido como um ativo estratégico de reserva, distinto das outras criptomoedas. Essa posição inesperada questiona a uniformidade do quadro regulatório europeu e pode abrir caminho para uma revisão do tratamento institucional do bitcoin dentro dos Estados membros.

Um deputado da AfD está posicionado no centro do plenário do Bundestag. A figura está de pé na tribuna, com o braço levantado acima da cabeça, segurando um Bitcoin.

Em resumo

  • O AfD, principal partido de oposição alemão, apresentou uma moção ao Bundestag para reconhecer o Bitcoin como um ativo estratégico de reserva.
  • O partido acredita que o Bitcoin, como tecnologia descentralizada, deve ser excluído do quadro regulatório MiCA aplicado às criptomoedas.
  • A moção defende várias medidas: manutenção da isenção fiscal, direito à autocustódia e potencial integração do Bitcoin às reservas nacionais.
  • Essa iniciativa faz parte de uma dinâmica europeia mais ampla, com apelos similares na França para revisar ou flexibilizar o MiCA.

Uma moção parlamentar para reconhecer o bitcoin como ativo estratégico

Em uma moção apresentada em 26 de outubro ao Bundestag, o partido de oposição Alternativa para a Alemanha (AfD) pede ao governo alemão que o bitcoin se torne um ativo estratégico, distinto das outras criptomoedas reguladas pelo quadro europeu MiCA, enquanto o país teria deixado escapar 5 bilhões em BTC.

O texto expressa preocupação com o impacto da regulação atual no ecossistema local, e estima que “a hiperregulação dos prestadores de serviços ligados ao bitcoin e dos usuários no âmbito da implementação nacional do MiCA coloca em risco a capacidade de inovação da Alemanha, sua liberdade financeira e sua soberania digital”.

O AfD considera que o bitcoin não pode ser assimilado a um mero ativo financeiro. Sua estrutura descentralizada, sua escassez algorítmica e seu potencial tecnológico justificariam, segundo o partido, um tratamento político e regulatório à parte.

Nessa moção, diversas reivindicações concretas são destacadas para fortalecer o lugar do bitcoin na estratégia nacional :

  • Reconhecer o bitcoin como um ativo estratégico que pode fazer parte das reservas nacionais, devido à sua resiliência frente à instabilidade monetária ;
  • Preservar a isenção fiscal após 12 meses de posse, considerada um incentivo ao investimento de longo prazo ;
  • Manter a isenção de IVA nas transações referentes ao bitcoin, para evitar um tratamento desfavorável comparado às moedas tradicionais ;
  • Garantir o direito à autocustódia (self-custody) para os cidadãos, visto como uma proteção fundamental da liberdade financeira ;
  • Explorar os usos energéticos do bitcoin, especialmente como solução para integração de excedentes de energia renovável.

Essas propostas elevam o debate sobre o bitcoin a uma nova dimensão na Alemanha: um tema de soberania digital e política econômica, muito além das lógicas puramente fiscais ou tecnológicas.

Rumo a um debate europeu sobre a aplicação do MiCA ?

Essa posição do AfD ocorre em um contexto de debate crescente sobre a aplicabilidade uniforme do quadro MiCA a todas as criptomoedas.

A Alemanha não é um caso isolado. Em 22 de outubro, na França, Éric Ciotti, deputado e presidente do partido UDR, apresentou uma moção semelhante que pede flexibilizar a aplicação do MiCA para promover a inovação, especialmente em relação aos stablecoins, ao mesmo tempo que expressa uma oposição firme à introdução de uma moeda digital de banco central (CBDC).

Essas iniciativas sugerem o surgimento de uma crítica ao regulamento europeu, visto por alguns atores mais como um obstáculo do que como um impulsionador da adoção tecnológica.

Por outro lado, defensores do MiCA lembram que o quadro regulatório europeu permitiu que a Alemanha se posicionasse como um dos líderes do mercado cripto na Europa. Segundo um relatório divulgado pela empresa de análises Chainalysis, a Alemanha ocupa o terceiro lugar na Europa em termos de valor cripto recebido, atrás do Reino Unido e da França.

Essa performance revela o paradoxo alemão: enquanto o país claramente se beneficia de sua legislação favorável às criptomoedas, uma parte de sua classe política agora se preocupa com os possíveis excessos de uma regulação muito rígida.

A médio prazo, essas contestações podem abrir caminho para uma redefinição do escopo do MiCA, ou para a introdução de exceções nacionais para ativos específicos como o bitcoin. Contudo, será importante saber se esses apelos serão ouvidos em Bruxelas, ou se a harmonização continuará a ser a prioridade absoluta da União. Esse debate, eminentemente político, poderá pesar muito nos equilíbrios regulatórios futuros. Enquanto isso, a iniciativa alemã marca um precedente notável e pode estimular outros Estados membros a reclamar mais flexibilidade na aplicação da regulação europeia às criptomoedas.

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Luc Jose A.

Diplômé de Sciences Po Toulouse et titulaire d'une certification consultant blockchain délivrée par Alyra, j'ai rejoint l'aventure Cointribune en 2019. Convaincu du potentiel de la blockchain pour transformer de nombreux secteurs de l'économie, j'ai pris l'engagement de sensibiliser et d'informer le grand public sur cet écosystème en constante évolution. Mon objectif est de permettre à chacun de mieux comprendre la blockchain et de saisir les opportunités qu'elle offre. Je m'efforce chaque jour de fournir une analyse objective de l'actualité, de décrypter les tendances du marché, de relayer les dernières innovations technologiques et de mettre en perspective les enjeux économiques et sociétaux de cette révolution en marche.

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