Alerta de queda : BTC pode chegar a 72 mil, diz análise

O bitcoin acaba de cair abaixo dos 100.000 dólares, reacendendo dúvidas sobre a solidez de sua tendência de alta. Por trás desse marco simbólico, esconde-se um mercado fragilizado, entre o enfraquecimento da demanda e tensões macroeconômicas. Para a CryptoQuant, a ameaça é clara. Se esse suporte não resistir, o BTC pode despencar para 72.000 dólares em dois meses. Um cenário preocupante, enquanto os sinais técnicos e fundamentais ficam vermelhos.

O bitcoin pode cair para 72.000 dólares

O bitcoin desaba e o medo extremo retorna ao mercado. “Se o preço não conseguir se manter em torno de 100.000 dólares e quebrar para baixo, os riscos de um recuo para 72.000 dólares em um a dois meses tornam-se reais”, declarou Julio Moreno, diretor de pesquisa da CryptoQuant.

O alerta vem no momento em que o BTC caiu para 100.582 dólares nesta terça-feira à tarde, registrando um recuo de mais de 5,6 % em 24 horas, e passa a ficar abaixo dos 100.000 dólares pela primeira vez desde junho. Essa queda se insere em um movimento global do mercado : o índice GMCI 30 também recuou mais de 9 % no mesmo período.

Esse retorno brusco explica-se em grande parte pelo efeito dominó desencadeado pela liquidação recorde de 10 de outubro, qualificada pela CryptoQuant como a maior da história do mercado. De fato, mais de 20 bilhões de dólares em posições alavancadas foram liquidadas naquele dia. Desde então, vários indicadores evidenciam um enfraquecimento geral da dinâmica de alta :

• Uma demanda à vista em queda, especialmente nos Estados Unidos ;

• Fluxos negativos de ETF, sinalizando desinteresse crescente dos investidores institucionais ;

• O prêmio Coinbase tornou-se negativo, revelando uma pressão vendedora persistente nos mercados americanos ;

• O Bull Score Index da CryptoQuant em 20, um nível que reflete condições de mercado claramente baixistas.

Esses elementos combinados revelam uma possível extensão da correção em curso, com o limite dos 72.000 dólares agora identificado como um nível-alvo em caso de ruptura confirmada dos 100.000 dólares.

Um clima macroeconômico e estrutural cada vez mais pesado

Além dos indicadores técnicos e dos movimentos on-chain, a pressão exercida sobre o bitcoin também se insere em um contexto macroeconômico desfavorável. Gerry O’Shea, responsável pela análise global da Hashdex, destaca que vários fatores externos amplificam o recuo atual das criptomoedas.

“A recente especulação de que o FOMC pode desistir de uma nova queda de taxa este ano, combinada com preocupações sobre tarifas, condições de crédito e valorização dos mercados acionários, contribuiu para a queda dos mercados”, analisa ele. Essas incertezas pesam igualmente sobre criptomoedas, ações e commodities, reforçando uma lógica de desinvestimento dos investidores.

Outros elementos mais estruturais também influenciam a trajetória atual do BTC. Segundo O’Shea, uma parcela crescente da pressão de venda vem de investidores de longo prazo : detentores históricos que realizam lucros num contexto de alta passada dos preços, um fenômeno esperado nesse estágio de maturidade de mercado.

Ele, entretanto, ressalta que essa correção não invalida o cenário de alta de longo prazo. “O fluxo de ETFs e a adoção institucional permanecem muito sólidos este ano. As grandes instituições financeiras continuam construindo uma infraestrutura dedicada às criptomoedas”, especifica.

Assim, apesar de o patamar dos 100.000 dólares continuar sendo uma barreira psicológica importante, sua quebra não sela necessariamente o destino do bitcoin no longo prazo. O fim progressivo do aperto monetário americano, combinado a uma aceleração da adoção corporativa, poderia até constituir uma base favorável para uma futura recuperação. Contudo, no curto prazo, os sinais enviados pelo mercado recomendam cautela e reforçam a pertinência do alerta emitido pela CryptoQuant.