BALs e performance Ethereum mira validação mais rápida

Ethereum está prestes a alcançar um marco decisivo. Com a EIP-7928, uma proposta ousada acaba de ser apresentada para introduzir a execução paralela de transações no Layer 1. Longo tempo considerada um desafio quase intransponível devido aos riscos para a coerência do sistema, esse avanço pode transformar profundamente a arquitetura da rede. Em resposta às limitações persistentes de escalabilidade, esse novo marco técnico reacende os debates entre os desenvolvedores e marca uma possível virada na evolução do Ethereum em direção a uma maior eficiência sem comprometer a segurança.

Um avanço técnico para acelerar a validação dos blocos

A equipe de desenvolvimento do Ethereum revelou a EIP-7928, uma proposta que introduz uma capacidade temporária de execução de código para contas externas. De fato, o núcleo da proposta EIP-7928 baseia-se na introdução das Listas de Acesso em Nível de Bloco (Block-Level Access Lists, BALs).

O desenvolvedor Toni Wahrstätter, um dos autores do documento, afirma em 14 de maio na rede social X (ex-Twitter) :

“É um mecanismo que visa permitir a execução paralela das transações e a validação dos blocos.”

Essa inovação técnica baseia-se em um princípio chave : fornecer antecipadamente aos validadores todas as informações necessárias sobre as transações de um bloco, para que possam analisá-las sem precisar executá-las uma após a outra.

Concretamente, as BALs listam todos os endereços e locais de armazenamento correspondentes às transações de um bloco, assim como os valores pós-execução associados. O sistema permitiria contornar a leitura sequencial atual, considerada ineficaz diante do aumento da carga na rede.

Assim, a EIP-7928 introduz três componentes técnicos principais diretamente integrados ao corpo dos blocos, que permitiriam ao Ethereum dar um novo passo em sua performance no Layer 1:

• A Lista de Acesso ao Bloco (Block Access List, BAL) : lista completa de endereços e chaves de armazenamento relacionadas às transações ;
• Os índices das transações : permitem localizar com precisão cada operação dentro do bloco ;
• Os valores pós-execução : são os resultados finais que cada transação deixa no estado global da rede.

Segundo Wahrstätter, essa estrutura permitiria aos validadores realizar leituras paralelas do disco e validar os blocos muito mais rapidamente do que antes. Ele acrescenta que esse avanço também poderia “permitir um aumento no limite de gás” no futuro.

O interesse dessa proposta reside, portanto, numa melhoria substancial da eficiência da rede, sem alterar seus princípios fundamentais nem depender de soluções de segunda camada.

Um marco no debate entre escalabilidade L1 e dependência das L2

Além dos aspectos puramente técnicos, a EIP-7928 reativa um antigo debate na comunidade Ethereum: devemos concentrar os esforços de escalabilidade no Layer 1 ou continuar pelo caminho dos Layer 2?

Esse tipo de proposta reforça a ideia de que “é necessário também focar nas melhorias do L1”, enquanto alguns membros da comunidade apostam exclusivamente em soluções do tipo rollups para enfrentar os desafios de congestionamento e taxas.

A implementação das BALs não busca substituir as L2, mas sim reposicionar o L1 como uma base mais robusta, rápida e competitiva.

Nesse contexto, o roadmap do Ethereum parece orquestrado com coerência. Após a ativação da atualização Pectra, que introduziu, entre outras coisas, a abstração de conta e um novo design para staking ETH, a rede caminha para o Fusaka, esperado para o final de 2025.

Essa próxima evolução prevê a introdução do PeerDAS, uma tecnologia de amostragem de dados off-chain, destinada a reduzir os custos das Layer 2. Assim, o Ethereum parece seguir uma estratégia dupla: fortalecer sua base enquanto apoia suas extensões.