Bitcoin: sinais técnicos indicam possível queda abaixo dos 100 mil dólares hoje

Enquanto Wall Street dispara com a melhora nas relações entre Washington e Pequim, o bitcoin, por sua vez, despenca abaixo dos 102.400 dólares em 12 de maio. Uma queda inesperada, que contrasta com o otimismo predominante e o ímpeto institucional das últimas semanas. Por que o BTC não se beneficiou da euforia dos mercados? A poucas horas da divulgação do CPI americano, os investidores se perguntam: simples realização de lucros ou sinal antecipado de um estresse macroeconômico mais profundo?

Uma correção técnica alimentada pelo contexto macroeconômico

Em 12 de maio, o bitcoin sofreu uma queda repentina, caindo de um pico intradiário de US$ 105.819 para uma mínima de US$ 102.388, sem um catalisador macroeconômico claramente negativo. Essa queda acontece, no entanto, em um contexto globalmente favorável.

As negociações comerciais entre Washington e Pequim avançaram em Genebra, o que desencadeou o entusiasmo em Wall Street. De fato, o presidente americano Donald Trump elogiou os progressos em sua plataforma Truth Social, e falou sobre um acordo promissor.

Na abertura dos mercados, o Dow Jones pulou 1.000 pontos, mas o bitcoin não acompanhou. Alguns traders acreditam que o mercado já incorporou os efeitos do acordo de Trump com a China, dado que o bitcoin não conseguiu se sustentar acima de US$104.000, apesar das notícias dessa magnitude.

Além dessa interpretação macroeconômica, os dados de mercado indicam um movimento de realização de lucros e redução de risco por parte de alguns investidores. Essa cautela pode estar relacionada à expectativa pela divulgação do CPI (índice de preços ao consumidor) prevista para 13 de maio. Indicadores técnicos e comportamentais apoiam essa hipótese:

• Os mercados derivativos registraram um aumento líquido nas posições vendidas, acompanhadas por uma alta nas taxas de financiamento (funding rate), sinalizando uma mudança no sentimento;
• O volume de vendas cresceu tanto no mercado spot quanto nos contratos futuros perpétuos, no momento em que o BTC se aproximava dos US$ 106.000;
• A taxa de liquidação de posições longas se intensificou, indicando que muitos traders encerraram suas posições antes do CPI ou por medo de uma correção mais acentuada;
• Por fim, a pressão de venda provém especialmente dos atores que estão com lucro, cujo comportamento contribui para a consolidação atual.

Esses sinais confirmam que a queda do BTC é essencialmente técnica e oportunista, mais do que uma reação a um fator fundamental deteriorado.

Fundamentos altistas ainda permanecem

Além dessa correção técnica, diversos elementos indicam um ímpeto altista subjacente, sustentado por uma dinâmica de adoção crescente. No mesmo dia dessa baixa, Michael Saylor, CEO da MicroStrategy, anunciou uma nova compra maciça de 13.390 BTC, elevando o saldo em caixa da empresa para 568.840 BTC.

Ao mesmo tempo, a ação da empresa KindlyMD teve uma alta espetacular de 600%. Esse aumento segue o anúncio da sua fusão com a Nakamoto Holdings, uma empresa de investimento especializada em bitcoin. Esta última foi fundada por David Bailey, atual consultor cripto de Donald Trump. Embora esses anúncios não tenham sido suficientes para sustentar imediatamente o preço, eles reforçam o sentimento de que as instituições continuam posicionando-se para o longo prazo.

Os dados on-chain fornecidos pela Glassnode corroboram esse diagnóstico. Assim, o indicador RSI permanece em um nível excepcionalmente alto de 100, o que “mostra uma força sustentada na nova demanda”, segundo os analistas.

Por outro lado, os indicadores de realização de lucros estão em alta. Essa configuração é típica de períodos de transição em que o mercado consolida ganhos antes de um novo ciclo. Aliás, os fluxos positivos nos ETFs de Bitcoin à vista registrados nos últimos sete dias demonstram uma confiança persistente do lado dos investidores institucionais, apesar da volatilidade.