Cripto: Ethereum reforça seus protocolos contra ameaças de vigilância

A Fundação Ethereum dá um novo passo ao lançar o Privacy Cluster, uma equipe totalmente dedicada à confidencialidade da rede. Uma iniciativa estratégica que responde ao crescimento das preocupações diante da vigilância digital e à necessidade crescente de proteger os dados dos usuários.

Ethereum reforça sua segurança com o Privacy Cluster

A Fundação Ethereum oficializou na quarta-feira a criação do “Privacy Cluster”, um grupo de 47 especialistas da indústria blockchain.

Pesquisadores, engenheiros e criptógrafos unem forças para integrar funcionalidades de privacidade diretamente no protocolo da camada 1 do Ethereum. Essa equipe colaborará estreitamente com o Privacy Stewards for Ethereum (PSE), iniciativa de pesquisa lançada em setembro passado.

O objetivo? Desenvolver soluções concretas para proteger os usuários. No programa: pagamentos privados, sistemas de identidade descentralizada seguros e uma infraestrutura de conhecimento zero (zero-knowledge). Essa última tecnologia permite verificar informações sem revelar o conteúdo específico. Um grande benefício para preservar o anonimato mantendo a transparência da rede.

O Privacy Cluster também trabalhará no PlasmaFold, uma rede de camada 2 destinada a transferências confidenciais. Outro foco prioritário: impedir que os nós RPC (chamada de procedimento remoto) transmitam metadados dos usuários. Esses dados, muitas vezes negligenciados, revelam muitas informações sobre hábitos de navegação e transações.

Este anúncio ocorre em um momento estratégico. A Fundação recentemente liquidou 1.000 ETH via CoW Swap para financiar suas prioridades de rede, incluindo esses projetos de privacidade. Uma alocação de recursos que demonstra a urgência dada a essa missão.

A privacidade, novo campo de batalha do Web3

A mobilização do Ethereum insere-se em um contexto global tenso. Governos ampliam projetos de vigilância financeira, enquanto a inteligência artificial abre novos vetores de invasão da privacidade.

A União Europeia ilustra perfeitamente essa deriva com sua proposta de lei sobre o “controle das conversas”. Este texto permitiria aos Estados membros acesso irrestrito a todo o tráfego de mensagens dos cidadãos.

Vitalik Buterin, cofundador do Ethereum, opôs-se firmemente a essa iniciativa. “Não se pode proteger uma sociedade tornando as pessoas vulneráveis“, afirmou nas redes sociais.

“Todos merecemos privacidade e segurança, sem portas dos fundos inevitavelmente hackeáveis, para nossas comunicações privadas.” Um discurso que ecoa a ética cypherpunk fundadora das criptomoedas.

Os riscos não são teóricos. Na quarta-feira passada, o Discord sofreu um ataque maciço que expôs dados de verificação de idade de 2,1 milhões de usuários, incluindo carteiras de identidade e passaportes. Os hackers agora exigem um resgate sob ameaça de divulgação pública.

David Holtzman, ex-expert em inteligência militar e diretor de estratégia da Naoris, confirma ao Cointelegraph: informações armazenadas em servidor centralizado são uma colmeia de mel para hackers e criminosos cibernéticos.

Diante dessas ameaças, as soluções descentralizadas do Web3 surgem como uma alternativa credível. O Privacy Cluster do Ethereum pode acelerar a adoção dessas tecnologias por usuários preocupados em retomar o controle de seus dados.