Cripto recebe US$ 60 bilhões em 2025 com impulso regulatório

Diante das persistentes incertezas dos mercados tradicionais, as criptomoedas se firmam como um refúgio estratégico. Em 2025, os fluxos para esses ativos ultrapassaram um marco inédito : 60 bilhões de dólares injetados desde janeiro, segundo o JPMorgan. Esse avanço fulminante de 50 % desde maio confirma uma dinâmica institucional sem precedentes. Essa virada redefine o equilíbrio dos capitais e ilustra a crescente normalização das criptomoedas no universo financeiro.

Um influxo maciço de capitais impulsionado por Washington

Os fluxos de entrada para criptomoedas atingem agora 60 bilhões de dólares desde o início do ano, segundo estimativas de uma equipe de analistas do JPMorgan liderada por Nikolaos Panigirtzoglou, enquanto a instituição bancária adota esses ativos como garantia de empréstimos para seus clientes.

Este número, em aceleração clara, representa “quase 50 % de aumento desde o final de maio”, segundo sua nota. O banco estima que essa dinâmica deve “superar amplamente o total recorde registrado no ano passado”. Esse movimento é ainda mais significativo por ocorrer em um contexto econômico amplamente cauteloso, e porque se manifesta por vários canais de financiamento.

De acordo com o JPMorgan, o avanço dos fluxos se explica por uma combinação de fatores claramente identificados :

• Os fluxos para fundos cripto, em forte alta desde a primavera ;
• A atividade nos contratos futuros do CME (Chicago Mercantile Exchange), um indicador frequentemente observado do interesse institucional ;
• As captações de fundos em capital de risco (venture capital), que retomam um forte crescimento no segmento cripto.

Além disso, os analistas destacam o impacto decisivo do marco regulatório americano. O GENIUS Act, recentemente adotado pelo Congresso, traz uma clarificação jurídica “há muito esperada sobre os stablecoins” e, segundo o JPMorgan, “estabelece um padrão global de fato” em razão da dominância do dólar nesse ecossistema.

Paralelamente, o CLARITY Act, ainda em análise, visa “classificar as criptos como valores mobiliários ou commodities”, o que, segundo a nota, tornaria o mercado americano mais transparente e “mais atrativo para empresas nativas de cripto” do que o da União Europeia, regulado pelo marco MiCA.

Uma reconfiguração dos mercados públicos, o crescimento dos altcoins e a diversificação dos investidores

Além do influxo de capitais e do marco regulatório, o JPMorgan observa um impacto direto na atividade dos mercados, tanto privados quanto públicos. O analista cita como exemplo a oferta pública inicial bem-sucedida da Circle, emissora do USDC, como símbolo de um aumento da confiança dos mercados financeiros tradicionais nos atores cripto.

O relatório também destaca “um aumento nos depósitos de processos junto à SEC”, ilustrando o apetite crescente das empresas do setor por listagem. Essa dinâmica ocorre em um contexto onde algumas empresas, como a Strategy (ex-MicroStrategy), continuam sendo valorizadas muito acima de suas reservas efetivas em bitcoin, o que pode indicar um prêmio de mercado associado à exposição cripto.

No universo do capital de risco, os analistas notam uma retomada significativa das captações de recursos no setor cripto. Essa tendência contrasta fortemente com a desaceleração observada em outros segmentos de investimento alternativo, como private equity ou crédito privado.

Outro sinal forte vem do interesse renovado pelos altcoins, especialmente o Ethereum, que desfruta de uma posição dominante na DeFi e nos contratos inteligentes. “A crescente inclusão do Ethereum nos tesouros corporativos ao lado do bitcoin” evidencia uma mudança progressiva na percepção institucional.

Além disso, os analistas observam uma intensificação dos projetos de ETFs baseados em altcoins, incluindo às vezes mecanismos de staking, o que demonstra uma clara vontade de diversificação dos produtos financeiros ligados às criptomoedas.

Esse reposicionamento estratégico dos investidores e agentes do mercado pode ter efeitos profundos. A melhoria na clareza regulatória, junto a uma maior estruturação das ferramentas financeiras, pode abrir uma nova fase de adoção institucional em maior escala. Paralelamente, a concorrência internacional se acirra. A China avança no terreno do yuan digital, e um stablecoin lastreado no yuan está em preparação em Hong Kong. Se os Estados Unidos continuarem nesse caminho, poderão consolidar uma dominação cripto centrada no dólar. Por outro lado, uma reversão política ou bloqueios legislativos poderiam rapidamente inverter essa dinâmica.