Diella, primeira ministra IA do mundo: a aposta tecnopolítica da Albânia

Quando as inteligências artificiais realmente tomarão nosso lugar no trabalho? A questão não é mais apenas ficção científica. Hoje, devemos cooperar com elas ou corremos o risco de sermos relegados ao segundo plano. E na Albânia, a surpresa é total: até os ministros agora são concorridos por uma IA. Seu nome é Diella, e ela acaba de fazer uma entrada estrondosa no governo de Tirana.

IA, nova arma anticorrupção nas licitações públicas

A Albânia, regularmente criticada pela União Europeia por seus escândalos de corrupção, tenta uma abordagem radical. O primeiro-ministro Edi Rama nomeou Diella, avatar gerado por inteligência artificial, para o cargo de ministra responsável pelas licitações públicas. 

O objetivo é claro: tornar cada licitação “100% incorruptível” e “100% legível”.

Rama explicou que as decisões de contratação seriam retiradas dos ministérios para serem confiadas à IA. 

Diella é o primeiro membro do governo que não está fisicamente presente, mas criado virtualmente por inteligência artificial.

O simbolismo é forte. A Albânia espera transformar uma ferida histórica em uma vitrine tecnológica, no momento em que o país mira a adesão à UE até 2030. Mas o desafio vai além da técnica: é uma aposta política e institucional.

Diella, entre tradição e inovação digital

Diella não surgiu do nada. Já existe através do e-Albania, a plataforma online que permite aos cidadãos acessar 95% dos serviços públicos. Em 2025, mais de um milhão de solicitações foram tratadas graças ao seu sistema. Para sua passagem a “ministra”, a IA recebeu um avatar de uma jovem vestida com traje tradicional albanês, símbolo da união entre cultura e modernidade.

A parceria com a Microsoft e a Agência Nacional para a Sociedade da Informação permitiu integrar os modelos de IA mais recentes. Em 19 de setembro, ela até falou no Parlamento por meio de duas telas, para um discurso de três minutos. Na sua intervenção, a IA declarou:

Não estou aqui para substituir os humanos, mas para ajudá-los. Não tenho cidadania, ambição nem interesses pessoais.

Em suma, Diella não quer ser uma ameaça, mas uma ferramenta para facilitar e tornar mais transparente a ação do Estado.

Uma ministra IA, entre entusiasmo e preocupações democráticas

Apesar do entusiasmo declarado pelo governo, a oposição parlamentar clama ilegalidade. Os deputados questionam a legitimidade de uma “ministra” sem cidadania ou humanidade. Alguns até deixaram o plenário, boicotando a votação que, no entanto, foi validada com 82 votos de 140.

As críticas também surgem no espaço público. Nas redes sociais, um comentário irônico destaca o clima geral: na Albânia, alguns pensam que até Diella acabará corrompida.

Essas reações revelam uma profunda preocupação. Podemos realmente confiar uma missão ministerial a uma IA sem fragilizar a democracia? O debate está aberto, pois por trás do argumento da transparência esconde-se o medo de um poder cada vez mais confiado aos algoritmos.

Alguns números-chave para lembrar

• 2025: Diella torna-se a primeira ministra IA do mundo;
• 82 votos: adoção parlamentar apesar do boicote da oposição;
• 95%: serviços públicos já acessíveis via e-Albania; 
• 2030: meta declarada de adesão da Albânia à UE.

Os medos relacionados às inteligências artificiais são legítimos, mas uma coisa parece certa: elas acompanharão a humanidade em seus próximos desafios. Longe de emburrecer, elas podem até nos levar mais longe. Recentemente, uma IA do Google conseguiu resolver um problema matemático considerado impossível. Um avanço que mostra que o futuro do homem e das máquinas será escrito, de uma forma ou de outra, juntos.