Ethereum testa atualização antes do lançamento de Fusaka

Ethereum está prestes a atingir um marco decisivo em sua reformulação técnica. À medida que se aproxima o lançamento da Fusaka, a rede entra na fase final de teste de uma atualização chave. Por trás dessa mudança discreta, há um ponto de inflexão estratégico: estabelecer as bases para a execução paralela, prevista para 2026. Mais do que um simples ganho de desempenho, Ethereum inicia uma transformação estrutural, projetada para sustentar de forma duradoura sua escalada diante dos desafios crescentes de escalabilidade.

Um novo limite para mais estabilidade

A atualização Fusaka introduz uma novidade importante: a implementação de um teto de gás por transação fixado em 16,78 milhões de unidades, conforme a proposta EIP-7825.

Até agora, uma única transação podia consumir todo o gás disponível em um bloco, cerca de 45 milhões de unidades, o que expunha a rede a riscos de congestão ou ataques de negação de serviço (DoS). O limite de gás por transação tem como objetivo melhorar a eficiência dos blocos, reduzir os riscos de DoS e estabelecer as bases para a execução paralela.

Essa limitação já está ativa nos testnets Holesky e Sepolia, como parte das fases preparatórias para o lançamento na rede principal.

Ao estabelecer esse limite, Ethereum busca melhorar a resiliência do protocolo ao mesmo tempo em que agiliza o processamento das transações. Essa mudança técnica também acompanha um aumento da capacidade global dos blocos, que passa de 45 para 60 milhões de unidades de gás.

Concretamente, essa evolução permite :

• Evitar que uma única transação monopolize os recursos de um bloco inteiro ;
• Favorecer a inclusão simultânea de várias transações de menor intensidade ;
• Reduzir os riscos de saturação ou ataques direcionados ao consumo de gás ;
• Otimizar a previsibilidade da construção dos blocos para validadores e desenvolvedores.

Essa reformulação do funcionamento interno da rede marca uma etapa chave na profissionalização da infraestrutura Ethereum, visando acomodar futuras evoluções como a execução paralela.

Dos testnets ao mainnet, rumo a uma execução paralela em larga escala

Além dessa nova arquitetura dos blocos, a Fusaka introduz uma inovação central chamada PeerDAS, para “Peer Data Availability Sampling“. Esse sistema permite que os nós Ethereum armazenem apenas uma porção aleatória dos dados “blob” provenientes das camadas 2, em vez de todo o conjunto de dados.

O objetivo é reduzir os requisitos de hardware mantendo a segurança da rede. Essa evolução visa reforçar a adoção de soluções tipo rollups, que dependem justamente dessa disponibilidade dos dados. De fato, essa inovação PeerDAS “permite reduzir as necessidades de hardware enquanto mantém a segurança, e favorece uma escalabilidade mais econômica e de alto rendimento para redes de layer 2”.

A implementação do PeerDAS abre caminho para a próxima etapa do roteiro Ethereum : a atualização “Glamsterdam”, prevista para 2026, que introduzirá a EIP-7928, a primeira iteração concreta da execução paralela das transações. Essa evolução permitirá processar várias operações simultaneamente, ao invés de executá-las de forma sequencial como ainda é feito atualmente.

Nessa perspectiva, a Fusaka atua como um pré-requisito essencial: sem limite de gás por transação nem infraestrutura otimizada para dados, a execução paralela não poderia ser lançada de forma segura. Para Gabriel Trintinalia, engenheiro da Consensys, “essas atualizações nos testnets são essenciais para fortalecer a confiança antes do fork do mainnet”.

A longo prazo, essa série de melhorias, prevista para 3 de dezembro, pode transformar profundamente o funcionamento interno do Ethereum. A rede está caminhando para uma arquitetura mais modular, mais escalável e melhor adaptada às futuras utilizações, especialmente as das soluções de segunda camada. Elas permitem validar desempenhos, identificar casos limites e ajustar parâmetros técnicos antes da ativação.