Hashrate a poucos EH/s do pico anual de 976

Enquanto a rentabilidade da mineração se deteriora e o hashprice recua, a rede Bitcoin registra um aumento de potência sem precedentes. Em 18 de agosto, o hashrate subiu para 966 EH/s, quase atingindo um pico histórico, apesar de taxas de transação quase nulas e uma crescente pressão econômica sobre as empresas de mineração. Este contraste marcante entre tensão econômica e robustez técnica levanta a questão : como o ecossistema da mineração consegue manter, ou até fortalecer, sua segurança em um contexto tão desfavorável ?

Um hashrate a um passo do topo

A potência computacional da rede Bitcoin registrou uma impressionante recuperação neste mês de agosto, após uma queda significativa, atingindo 966,08 EH/s em 18 de agosto, segundo os dados do HashrateIndex.

Trata-se de uma performance notável, especialmente considerando que ocorreu apenas quatro dias após uma queda temporária abaixo do patamar de 900 EH/s. A rede está agora a menos de 10 EH/s de seu pico absoluto de 976 EH/s, alcançado no início do ano.

Esse retorno vigoroso, mesmo com o preço do bitcoin oscilando perto dos 116.000 US$, parece demonstrar uma mobilização massiva de recursos materiais e energéticos pelos atores da mineração.

De fato, essa recuperação é explicada por uma série de fatores conjunturais e estruturais :

• A rápida reinicialização de algumas fazendas de mineração, provavelmente após manutenções de verão ou ajustes energéticos ;

• A melhoria contínua dos ASICs de última geração, mais eficientes e menos consumidores de energia ;

• Uma adaptação eficaz às condições do mercado apesar da queda do hashprice ;

• Uma estabilidade relativa no tempo médio de validação dos blocos, ao redor de 10 minutos, permitindo um ajuste de dificuldade estimado em +0,13 % para 22 de agosto.

O hashprice em queda e taxas reduzidas

Além do desempenho técnico da rede, a situação econômica dos especialistas em mineração se deteriorou significativamente nos últimos dias. O hashprice, indicador chave que representa a receita estimada por petahash por segundo (PH/s) e por dia, registrou uma queda de 7 % em apenas cinco dias.

Em 13 de agosto, estava em 60,61 US$/PH/s/dia. Agora caiu para 56,37 US$. Essa queda afeta diretamente as margens das empresas de mineração, já prejudicadas pela redução nas taxas de transação, que agora representam apenas 0,54 % das recompensas de bloco nas últimas 24 horas.

Essa compressão nas receitas ocorre em um cenário em que o preço da principal criptomoeda se mantém estável, enquanto os custos fixos (eletricidade, equipamento, manutenção) continuam crescendo.

Nesse contexto, apenas os operadores mais eficientes, equipados com máquinas de última geração ou localizados em regiões de baixo custo energético, parecem ainda capazes de manter sua rentabilidade.

Para os atores menores ou menos otimizados, essa pressão pode levar a interrupções nas atividades ou mesmo à venda de equipamentos com prejuízo.

Essa concentração do hashrate nas mãos de um número reduzido de atores pode levantar dúvidas sobre a descentralização da rede e sua resiliência diante de eventuais ataques. Embora a robustez técnica do protocolo Bitcoin não pareça ameaçada a curto prazo, a viabilidade econômica da mineração permanece pressionada. Até que ponto as empresas de mineração poderão absorver essa queda na rentabilidade antes que um reequilíbrio estrutural da rede seja necessário ?