O Bitcoin cai, mas os fundamentos permanecem otimistas

Apesar de uma correção de mais de 4% após um topo histórico em 126.219 US$, o bitcoin mantém um momentum de alta sólido, sustentado por fundamentos institucionais robustos. Os fluxos massivos para os ETFs e a confiança renovada de Wall Street desenham o retrato de um mercado em plena maturidade. Do Citibank ao JPMorgan, os gigantes das finanças americanas agora antecipam uma ascensão para 150.000 US$ até dezembro.

Forte queda do Bitcoin apesar de sinais robustos de alta

O preço do bitcoin registrou uma correção de 4,2% na terça-feira, após alcançar um novo recorde histórico no dia anterior. Essa queda ocorre em um contexto de crescente incerteza econômica global.

No entanto, longe de refletir uma fraqueza, os dados sobre derivativos revelam uma estrutura de mercado surpreendentemente saudável. Os traders profissionais não se precipitam em posições alavancadas excessivas, o que constitui paradoxalmente um sinal positivo.

Os contratos futuros mensais de bitcoin mantêm um prêmio anualizado de 8% em relação aos mercados à vista. Essa faixa, situada entre 5% e 10%, corresponde a um mercado equilibrado. 

Em períodos de euforia desmedida, essa diferença ultrapassa 20%. Ao contrário, as fases de baixa a fazem cair abaixo de 5%, chegando até a território negativo. A moderação atual sugere que a alta recente não se baseia em especulação desenfreada.

Essa prudência dos mercados de derivativos oferece um colchão de segurança apreciável. Limita os riscos de liquidações em cascata caso os preços continuem a cair. Mais importante, os analistas acreditam que a recuperação desde o teste dos 109.000 US$ no final de setembro apoia-se em fluxos reais de capital, e não em alavancagem especulativa.

O interesse em aberto nos contratos futuros atualmente atinge 72 bilhões de dólares. Apesar de uma leve queda de 2% desde segunda-feira, esse volume mantém-se sólido. Um mercado derivativo profundo e líquido é pré-requisito indispensável para atrair fundos especulativos e os gestores institucionais de ativos para o bitcoin.

As instituições acumulam enquanto a oferta disponível desaparece

A adoção institucional do bitcoin alcança patamares inéditos. Os produtos negociados em bolsa (ETFs spot) registraram entradas líquidas semanais de 3,55 bilhões de dólares, impulsionando os ativos sob gestão para 195,2 bilhões de dólares. 

Para efeito de comparação, todos os produtos de investimento indexados à prata metálica — especialmente ETFs como o iShares Silver Trust — representam cerca de 40 bilhões de dólares em ativos sob gestão. Um contraste que evidencia a mudança de escala entre os metais preciosos tradicionais e o bitcoin.

Os grandes bancos americanos mudaram radicalmente seu discurso. O Citibank prevê 181.000 US$ em seu cenário base para os próximos 12 meses, com um cenário otimista em 231.000 US$. 

O JPMorgan, por sua vez, considera o bitcoin subvalorizado e acredita que já deveria negociar em torno de 165.000 US$ se comparado ao ouro. Essas previsões baseiam-se na estratégia do «Debasement Trade», uma aposta na desvalorização das moedas nacionais diante do acúmulo de dívidas públicas.

As empresas continuam sua acumulação estratégica. Empresas como Strategy e Metaplanet continuam comprando BTC como ativo reserva. Esses movimentos reforçam o status do bitcoin como classe de ativos independente.

Além disso, as reservas de bitcoin nas plataformas de exchange caíram ao nível mais baixo em cinco anos. A Glassnode avalia esses saldos em 2,38 milhões de BTC, contra 2,99 milhões um mês antes. 

Essa queda de cerca de 600.000 BTC evidencia uma acumulação massiva. Menos bitcoin disponível para venda imediata significa mecanicamente uma pressão de alta maior sobre os preços.

Um final de ano sob alta tensão

 Os volumes de negociação permanecem em níveis excepcionalmente altos, prova de interesse sustentado. Os ETFs americanos movimentam diariamente cerca de 7 bilhões de dólares, um aumento de 200% em um ano. 

Em plataformas como Coinbase e Binance, os volumes atingem 70 bilhões de dólares por dia, com alta de 130%. Mesmo a rede Bitcoin registra 22 bilhões de dólares em trocas diretas diárias, com aproximadamente 500.000 transações.

A adoção geográfica expande-se rapidamente. O banco espanhol BBVA, que gere 900 bilhões de dólares em ativos, integrou a negociação de bitcoin em seu aplicativo móvel. Na Rússia, a bolsa de Moscou defende a remoção das restrições para abrir a compra de BTC aos particulares, como parte de uma estratégia para desenvolver alternativas à rede SWIFT.

A consolidação técnica atual não compromete a dinâmica de alta de fundo. Pelo contrário, ela ajuda a limpar o mercado eliminando posições frágeis. Quanto mais o bitcoin se mantiver sustentadamente acima de 120.000 US$, mais a convicção dos investidores se fortalece. Os fundamentos permanecem intactos: adoção institucional recorde, estreitamento da oferta, mercado derivativo estável e apoio dos grandes bancos.

Em suma, a marca de 150.000 US$ não é mais fantasia. Agora é um alvo credível que os otimistas visam ativamente para o final do ano. A questão não é mais “se”, mas “quando”.