OpenAI e Nvidia anunciam projeto histórico de 10 gigawatts de potência

Na batalha global para dominar a inteligência artificial, o poder de processamento tornou-se a nova moeda de troca. A Nvidia está pronta para investir até 100 bilhões de dólares na OpenAI para construir uma das infraestruturas de IA mais ambiciosas já concebidas. Esta parceria marca um ponto de virada, pois não se trata mais de promessas de laboratório, mas da industrialização em massa da IA. Tal iniciativa pode reorganizar as cartas do setor e redefinir as relações de poder tecnológico em escala global.

Uma infraestrutura de IA de 100 bilhões : Nvidia acelera o ritmo

Enquanto o Reino Unido conta com a empresa americana para construir sua infraestrutura de IA, a Nvidia acaba de anunciar que assinou uma carta de intenções para construir uma infraestrutura colosal de IA em parceria com a OpenAI, no montante de 100 bilhões de dólares. Este projeto histórico visa implantar 10 gigawatts de capacidade de processamento, uma potência equivalente à consumida por vários milhões de residências.

We're proud to announce a landmark partnership with @OpenAI to build new gigascale AI factories using millions of NVIDIA GPUs. 🤝

This partnership will supply 10 gigawatts of GPUs to fuel @OpenAI's data center growth. pic.twitter.com/CYEB2PdfWY

— NVIDIA (@nvidia) September 22, 2025

Esta parceria marca uma nova etapa na estratégia da Nvidia, que passa de fornecedora tecnológica para investidora estratégica. “A demanda por poder de processamento está explodindo”, declarou Jensen Huang, CEO da empresa. “Esta parceria visa construir uma infraestrutura que permita que a IA saia dos laboratórios e entre no mundo real. É a revolução industrial da IA que está chegando”, acrescentou.

Após este anúncio, as ações da Nvidia (NVDA) subiram 4 %, alcançando 184,16 dólares, um sinal do entusiasmo dos mercados por esta aliança inédita.

Os detalhes do acordo revelam compromissos financeiros progressivos e uma escalada planejada ao longo de vários anos. Entre os principais pontos a destacar :

• Uma primeira tranche de 10 bilhões de dólares será investida logo na assinatura do acordo ;

• A Nvidia receberá ações na OpenAI, tornando-se um ator direto no desenvolvimento da IA ;

• Os data centers serão equipados com milhões de GPUs Nvidia, incluindo a plataforma Vera Rubin, projetada para os futuros modelos de IA ;

• A primeira tranche de 1 gigawatt deve estar operacional já na segunda metade de 2026 ;

• Este projeto integra a continuidade do programa Stargate, também apoiado pela Microsoft e Oracle, que visa construir uma infraestrutura mundial dedicada à IA generativa ;

• Sam Altman, CEO da OpenAI, saudou este avanço: “é o combustível que precisamos para melhorar nossos modelos, gerar receita, tudo”.

Assim, a IA entra em uma fase industrial, onde o poder de processamento se torna a verdadeira alavanca estratégica. Ao apostar 100 bilhões no futuro, a Nvidia não se limita mais a vender chips, mas está construindo a estrutura tecnológica da inteligência artificial de amanhã.

Um custo energético e ambiental colossal

Embora o aumento da capacidade da infraestrutura de IA entusiasme os investidores, também gera preocupações crescentes do ponto de vista ecológico. O desdobramento de 10 gigawatts de energia, o equivalente ao consumo de milhões de residências, impõe grandes desafios em termos de energia e sustentabilidade.

Segundo a empresa 174 Power Global, o sistema de resfriamento dos data centers sozinho pode absorver até 40 % do consumo total de eletricidade. À medida que as necessidades de poder aumentam, toda a cadeia energética pode ficar sob pressão. Este ano, os data centers deverão representar cerca de 2 % do consumo elétrico mundial, segundo a Deloitte. Este número pode dobrar até 2030, ultrapassando 1.000 terawatts-hora, em grande parte devido à expansão acelerada das infraestruturas de IA, como evidencia a recente aquisição da Northern Data pela Rumble.

Os impactos não se limitam à eletricidade. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) alertou sobre o uso massivo de água para resfriar esses centros de dados. Por sua vez, o Environmental and Energy Study Institute (EESI) adverte que as redes elétricas já estão sendo severamente testadas por essa crescente demanda, uma situação que pode rapidamente se tornar crítica sem regulação ou inovação na gestão energética.

Diante dessa realidade, a virada industrial que OpenAI e Nvidia estão tomando pode impor um novo tipo de responsabilidade ao ecossistema tecnológico: a da eficiência energética, tão crucial quanto o desempenho algorítmico.

Nesta corrida desenfreada pela infraestrutura da inteligência artificial, alguns observadores lembram que o bitcoin, por sua vez, já se baseia em uma rede descentralizada com um poder de processamento inigualável. Alimentado por milhões de máquinas ao redor do mundo, o hashrate do protocolo bitcoin hoje supera a maioria dos supercomputadores institucionais.

Esta revolução da IA pode ser sustentável a longo prazo? À medida que os modelos se tornam mais performáticos, seu custo energético explode. Se esta parceria simboliza o advento de uma nova era industrial baseada em uma inteligência artificial mais humana, como prometeu Sam Altman, também impõe repensar os equilíbrios entre inovação, meio ambiente e infraestruturas críticas. O futuro do setor dependerá tanto das suas capacidades tecnológicas quanto da sua capacidade de responder a esses desafios sistêmicos.