Os 100 primeiros dias de Trump: Balanço misto apesar das promessas de criptomoeda cumpridas

Os 100 primeiros dias da administração Trump marcaram profundamente a indústria das criptomoedas. Entre nomeações favoráveis ao setor, a criação de uma reserva estratégica de bitcoin e uma guerra comercial com consequências significativas, o balanço permanece contraditório segundo os especialistas, alguns chegando a qualificar esse período como “os 95 piores dias da história presidencial moderna”.

Ações concretas para a indústria cripto americana

Desde sua posse em 20 de janeiro, Trump fez do setor cripto uma prioridade. Ele nomeou várias personalidades favoráveis às criptomoedas para cargos estratégicos, incluindo Paul Atkins na SEC, substituindo Gary Gensler, considerado hostil à indústria. 

David Sacks foi designado como “czar da cripto e da IA”, enquanto Brian Quintenz assumiu a liderança da CFTC.

A criação de um grupo de trabalho interno dedicado às criptos por decreto presidencial marcou a intenção de transformar os Estados Unidos na “capital mundial das criptomoedas”.

Esse mesmo decreto proibiu o estabelecimento de uma moeda digital de banco central (CBDC), tema controverso na comunidade cripto, que vê isso como um risco de aumento da vigilância estatal.

Em 7 de março, Trump concretizou uma de suas promessas de campanha ao criar uma “Reserva estratégica de bitcoin”.

No entanto, essa iniciativa se mostrou menos ambiciosa do que o esperado: em vez de compras diretas de bitcoin pelo governo, a reserva se limitará a consolidar as criptomoedas apreendidas em operações judiciais, com possibilidade de compras adicionais somente se forem “neutras no orçamento”.

Uma guerra comercial com consequências pesadas para o mercado

A política comercial agressiva de Trump impactou significativamente o setor cripto. No início de fevereiro, o anúncio de tarifas alfandegárias drásticas sobre Canadá, México e China provocou a primeira queda dos mercados.

Essa situação se agravou em 2 de abril com o “Dia da Libertação“, quando Trump impôs tarifas de pelo menos 10% a todos os parceiros comerciais dos Estados Unidos.

Essa política causou uma queda geral dos mercados e levantou preocupações sobre uma recessão iminente.

Anthony Scaramucci, ex-diretor de comunicação da Casa Branca, avaliou que “a bolsa perdeu 9 trilhões de dólares” e que a economia “está agora caminhando para uma recessão de magnitude média, ou até profunda”.

Os mineradores americanos de bitcoin são particularmente afetados pelo aumento dos custos operacionais, especialmente para a compra de novas plataformas de mineração, agora sujeitas a altas tarifas alfandegárias. Essa situação compromete sua lucratividade em um contexto de forte concorrência internacional.

Controvérsias éticas que fragilizam avanços legislativos

As ligações pessoais de Trump com a indústria cripto geram grandes controvérsias. O projeto familiar WLFI levantou questões éticas, especialmente após o anúncio de um stablecoin USD1 em 25 de março, poucos dias depois de levantar mais de 500 milhões de dólares.

Legisladores americanos solicitaram investigação, citando conflito de interesses entre a função presidencial e esse projeto financeiro.

A situação piorou em 25 de abril com rumores de que os principais detentores de memecoins Trump poderiam jantar com o presidente por 300 mil dólares. Embora negadas pela administração, essas alegações levaram o senador democrata Jon Ossoff a apoiar “firmemente” o impeachment do presidente.

Segundo Scaramucci, essas controvérsias comprometem os esforços legislativos do setor:

Trump inflamou tanto tudo isso que tornou ainda mais difícil a implementação da legislação sobre stablecoins.

Apesar disso, avanços são notáveis, como a lei STABLE aprovada em comissão em 3 de abril, que agora aguarda votação geral antes de ser enviada ao Senado.

Em suma, apesar de promessas ambiciosas e medidas concretas, os primeiros 100 dias de Trump apresentam um balanço contraditório para a indústria cripto. Embora a administração tenha estabelecido marcos importantes para o desenvolvimento do setor, as controvérsias éticas e as consequências da guerra comercial fragilizam esses avanços e levantam preocupações para o futuro.