Os gigantes bancários americanos entram na corrida dos stablecoins

Enquanto os Estados Unidos acabam de ultrapassar um marco decisivo ao votarem na Câmara várias leis inéditas que regulamentam os stablecoins, os grandes bancos americanos já estão afinando suas estratégias. Bank of America, Citigroup e JPMorgan preparam, discretamente, o lançamento de seus próprios stablecoins.

Bank of America e Citigroup preparam secretamente seus stablecoins privados

Bank of America deu o tom esta semana. Brian Moynihan, CEO do segundo maior banco americano, confirmou que a instituição está trabalhando ativamente no desenvolvimento de um stablecoin.

“Acreditamos que o setor e nós mesmos teremos respostas. Trabalhamos muito“, declarou ele durante uma teleconferência com analistas.

Essa tomada de posição marca uma virada simbólica. Por muito tempo exclusivos dos atores nativos da cripto, os stablecoins agora atraem a atenção dos gigantes da finança tradicional. Wall Street não quer mais ficar à margem deste mercado em plena efervescência.

No entanto, a prudência é necessária. Moynihan compara o interesse crescente dos bancos pelos stablecoins à adoção progressiva de soluções de pagamento como Zelle ou Venmo. Uma transição que ele julga natural, guiada pela evolução dos usos e pelas expectativas dos clientes institucionais.

Citigroup não esconde suas ambições. De fato, Jane Fraser, CEO do banco, mencionou a emissão de um “stablecoin Citi” destinado a facilitar os pagamentos digitais.

“Estamos considerando a emissão de um stablecoin Citi. É uma excelente oportunidade para nós.“, ela afirmou na última terça-feira, durante a divulgação dos resultados trimestrais.

O timing perfeito de uma indústria em transformação

O contexto político favorece esses projetos. Donald Trump, que se proclamou “presidente da cripto”, criou um ambiente propício ao desenvolvimento dos ativos digitais.

Ontem, a Câmara dos Representantes aprovou três leis cruciais para o ecossistema cripto americano, incluindo a GENIUS Act que regula especificamente os stablecoins.

Diante desses avanços, alguns bancos ainda preferem observar. É o caso do Morgan Stanley. Sua diretora financeira, Sharon Yeshaya, declarou:

Estamos estudando tanto o panorama, quanto usos e potenciais utilizações para nossa própria clientela.

Essa estratégia de espera é amplamente compartilhada pelo setor bancário, enquanto o ambiente regulatório permanecer incerto.

Mesmo o JPMorgan Chase, dirigido por Jamie Dimon, conhecido por sua hostilidade ao bitcoin, não exclui se envolver. O CEO confirmou na terça-feira que o banco estará envolvido nos stablecoins, sem revelar detalhes sobre o cronograma ou a estratégia.

Apesar desses sinais de abertura, os grandes bancos permanecem à espera de uma clarificação jurídica. Brian Moynihan (BofA) admitiu que o avanço de seu projeto está mais lento do que o previsto, devido à falta de clareza sobre as regras futuras. Como muitas instituições tradicionais, ele se recusa a se comprometer totalmente sem um quadro legal estável.

No entanto, esse período de espera pode estar perto do fim. Entre os recentes avanços legislativos e a atitude decididamente pró-cripto da administração Trump, um novo marco parece se desenhar para as finanças americanas.

Na mesma dinâmica, a Casa Branca está preparando um decreto executivo para autorizar a inclusão do bitcoin nos planos de aposentadoria 401(k), abrindo assim o caminho para uma adoção institucional ainda mais ampla.