Saylor defende o Bitcoin apesar da crise e minimiza a volatilidade

Michael Saylor afirma que o Bitcoin se tornou “muito menos” volátil apesar da recente queda de preço. Uma declaração que contradiz analistas que apontam a chegada de Wall Street. Mas o fundador da Strategy está certo em manter tanta serenidade?

Michael Saylor afirma que Wall Street não agravou a queda do Bitcoin

Michael Saylor não mede as palavras. Em uma entrevista concedida na terça-feira à Fox Business, o presidente executivo da Strategy descartou com um gesto as preocupações sobre o impacto de Wall Street no Bitcoin. Para ele, a chegada das instituições financeiras tradicionais não fragilizou o ativo digital. Pelo contrário, ela o teria estabilizado.

“Acho que estamos vendo uma volatilidade muito menor“, declarou ele. Essa afirmação ocorre enquanto o preço do BTC caiu quase 12% em uma semana, deslizando em torno de 90.000 dólares. Uma queda que também afetou as ações da MSTR, recuando 11,50% em cinco dias.

Saylor baseia-se em números precisos para embasar seu argumento. Em 2020, quando iniciou a acumulação massiva de Bitcoin para a Strategy, a volatilidade anualizada era de cerca de 80%. Hoje, ela oscila em torno de 50%.

“A cada poucos anos, a volatilidade do Bitcoin deve diminuir mais cinco pontos“, prevê ele. O objetivo? Ver o BTC alcançar uma volatilidade equivalente a 1,5 vezes a do S&P 500, oferecendo ao mesmo tempo um desempenho “1,5 vezes melhor”.

Essa visão contrasta com a de muitos observadores. Alguns analistas acreditam que a integração do bitcoin nas carteiras institucionais, especialmente via ETFs à vista, criou correlações com os mercados tradicionais. Esses vínculos reforçariam os movimentos de queda durante fases de estresse. Mas para Saylor, essa leitura está errada. “O Bitcoin está mais forte do que nunca“, enfatiza ele.

Uma confiança inabalável apesar das turbulências

A Strategy exibe uma posse recorde de 649.870 BTC, avaliados em 59,59 bilhões de dólares. No entanto, a recente correção do mercado impactou os indicadores financeiros da empresa.

O índice entre o valor de mercado da Strategy e seus ativos em Bitcoin (mNAV) caiu de 1,52x para 1,11x. Essa queda traduz a nervosidade dos investidores diante da correção do mercado.

Apesar dessas turbulências, Saylor não se incomoda. Ele afirma até que uma queda de 80 a 90% no preço do bitcoin não colocaria a Strategy em dificuldade. “A empresa é projetada para absorver tal perda e continuar funcionando“, explica ele.

Essa segurança se baseia em uma estrutura financeira bem pensada, evitando especialmente a diluição dos acionistas históricos através do uso de ações preferenciais.

Essa estratégia de acumulação continua inclusive a acelerar. A Strategy adquiriu recentemente 8.178 BTC por 835 milhões de dólares, multiplicando por vinte seu ritmo de compra semanal.

Nem todos os observadores compartilham desse otimismo. O trader experiente Peter Brandt alertou que a Strategy poderia ficar “no vermelho” se o Bitcoin seguisse o mesmo padrão da bolha da soja dos anos 1970.

Por sua vez, Peter Schiff continua suas críticas, qualificando o modelo de negócio da empresa como uma “fraude”. Mas por enquanto, Saylor recusa o debate e mantém o rumo.

A abordagem de Saylor cristaliza os debates sobre o futuro do Bitcoin. De um lado, surgem sinais encorajadores: a Strategy recebeu uma nota B- da S&P, bancos como JP Morgan exploram créditos lastreados em BTC. Do outro, a recente volatilidade reacende os receios dos céticos. Os próximos meses revelarão se essa convicção inabalável resistirá ao teste do tempo e dos mercados.