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Stablecoins: A BRI denuncia uma zona cinzenta regulatória

Mon 27 Oct 2025 ▪ 5 min de leitura ▪ por Fenelon L.
Regulação de Cripto
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O Banco de Compensações Internacionais (BRI) alerta sobre uma zona cinzenta preocupante: os produtos de rendimento baseados em stablecoins transformam discretamente instrumentos de pagamento em veículos de investimento. Essa rápida mutação escapa em grande parte aos reguladores, deixando os consumidores expostos a riscos significativos.

Um especialista financeiro observa uma stablecoin com armadilhas, símbolo do perigo oculto de retornos não regulamentados. O clima é tenso.

Resumindo

  • O BIS alerta sobre produtos de rendimento oferecidos por plataformas cripto que transformam stablecoins de pagamento em instrumentos de investimento.
  • Essas ofertas de rendimento frequentemente escapam à supervisão prudencial bancária e às garantias de depósito, expondo os usuários a riscos significativos.
  • Os reguladores adotam três abordagens distintas: proibição total (UE, Hong Kong), restrições para o público em geral (Singapura), ou ausência de proibição explícita (Estados Unidos).

A BRI alerta sobre os riscos relacionados aos stablecoins de rendimento

O Banco de Compensações Internacionais (BRI) emite um alerta sem precedentes em seu relatório de outubro de 2025. A instituição adverte sobre a proliferação de produtos de rendimento oferecidos por algumas plataformas cripto, baseados em stablecoins de pagamento — tokens projetados para servir como meio de troca, não de investimento.

O princípio é simples: as plataformas emprestam os fundos depositados pelos usuários a traders, colocam-nos em pools de liquidez ou os investem via protocolos de finanças descentralizadas (DeFi) como Aave. Em outras palavras, transformam um ativo supostamente estável e líquido em um produto de risco, buscando rendimento.

Essas práticas confundem a fronteira entre pagamento e investimento. Ao contrário dos depósitos bancários tradicionais, essas operações escapam a qualquer supervisão prudencial, não possuem garantia de depósito e carecem profundamente de transparência. O usuário acredita possuir um stablecoin seguro; na realidade, participa, muitas vezes sem saber, de uma cadeia de operações especulativas.

O relatório da BRI lista várias práticas: alguns atores financiam programas de fidelidade remunerados, outros emprestam os stablecoins dos clientes a instituições ou os reinvestem em estratégias DeFi. 

Em todos os casos, a plataforma atua como um intermediário não regulado. E se ela falir? O caso Celsius deu a lição: os clientes, considerados credores não garantidos, perderam o acesso aos seus fundos.

O quebra-cabeça regulatório americano

A adoção da lei GENIUS em julho de 2025 marca uma etapa importante na regulação de ativos digitais. Esse texto estabelece o primeiro quadro federal completo para stablecoins lastreados em moeda fiduciária, com o objetivo de proteger os consumidores, fortalecer a competitividade financeira americana e preservar o papel internacional do dólar.

O Tesouro americano lançou uma consulta pública para definir os regulamentos de aplicação, aberta até 4 de novembro de 2025. Entre as 58 questões dirigidas ao setor, estão restrições aos pagamentos de juros ou rendimentos, um tema sensível que divide reguladores e plataformas cripto.

A lei proíbe formalmente os emissores de stablecoins de pagar juros, seja em dinheiro, tokens ou benefícios, mas permanece silenciosa sobre as plataformas cripto que oferecem tais produtos. 

Essa zona cinzenta alimenta o receio dos bancos tradicionais, preocupados com uma possível fuga de depósitos para soluções não regulamentadas, mas mais rentáveis.

Além do quadro jurídico, a questão torna-se macroeconômica. Os emissores Tether (USDT) e Circle (USDC) possuem cerca de 150 bilhões de dólares em títulos do Tesouro americano, figurando agora entre os 17 maiores detentores da dívida pública. Uma dependência inédita do Tesouro em relação a esses atores privados, que ilustra o crescente poder dos stablecoins no equilíbrio financeiro global.

Rumo a um quadro global harmonizado

O Banco de Compensações Internacionais (BRI) apela a uma resposta coordenada em escala global diante do crescimento dos stablecoins. Segundo a instituição, os quadros regulatórios devem ir além do simples controle dos emissores para também abranger as atividades das plataformas cripto que oferecem produtos de rendimento.

Diversas abordagens são consideradas: proibir totalmente a remuneração dos depósitos em stablecoins, restringir o acesso dos particulares a esses investimentos de risco, ou reforçar drasticamente a governança e a solvência dos intermediários envolvidos.

A União Europeia já decidiu com o regulamento MiCA, que proíbe qualquer remuneração relacionada à posse de stablecoins. Hong Kong e Singapura seguiram com modelos similares, porém concedendo margem de manobra aos investidores profissionais.

Essa fragmentação regulatória cria, no entanto, um desequilíbrio global. Ao permitir que persista uma zona cinzenta, os Estados Unidos correm o risco de ver multiplicar práticas opacas que podem enfraquecer a confiança no seu sistema financeiro.

Por trás dessa batalha jurídica está um desafio mais profundo: os bancos temem perder seu monopólio sobre a gestão do rendimento monetário. Os stablecoins, ao mesmo tempo líquidos e potencialmente remuneradores, poderiam se tornar a alternativa natural aos depósitos bancários. Uma evolução que a BRI observa com crescente vigilância, ciente de que pode alterar o equilíbrio do sistema financeiro global.

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Fenelon L.

Passionné par le Bitcoin, j'aime explorer les méandres de la blockchain et des cryptos et je partage mes découvertes avec la communauté. Mon rêve est de vivre dans un monde où la vie privée et la liberté financière sont garanties pour tous, et je crois fermement que Bitcoin est l'outil qui peut rendre cela possible.

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