The Sandbox corta 250 postos de trabalho

Enquanto o Web3 busca se reinventar após o estouro da bolha especulativa, The Sandbox atravessa uma crise maior. O pioneiro francês do metaverso blockchain acaba de anunciar a demissão de mais da metade de seus funcionários e a exclusão de seus dois cofundadores. Essa reestruturação brutal ocorre em um clima de crescente desinteresse pelos universos virtuais 3D e é acompanhada por uma queda espetacular na valorização do projeto, que agora é forçado a repensar seu futuro.

Uma reestruturação sem precedentes

Enquanto as fundações do Web3 vacilam sob a ameaça do computador quântico, a plataforma The Sandbox entrou em uma fase de crise aberta. De fato, a empresa implementou uma reestruturação em massa que se traduz por duas decisões maiores : a demissão de mais da metade do efetivo mundial e a retirada dos dois fundadores franceses de suas funções operacionais.

A empresa decidiu se separar de mais de 250 pessoas em escala global. Ao mesmo tempo, Sébastien Borget e Arthur Madrid, figuras emblemáticas do projeto, foram afastados da direção. Agora é Robby Yung, o CEO da Animoca Brands, acionista principal, quem assume o controle direto das operações.

Aqui estão os principais elementos factuais dessa reestruturação :

• Mais de 250 demissões em todo o efetivo global, uma redução de mais de 50 % ;

• Fechamento de vários escritórios : na Argentina, Coreia do Sul, Turquia, Tailândia, Uruguai… assim como a unidade francesa em Lyon ;

• Afastamento dos fundadores : Borget e Madrid foram oficialmente removidos de suas funções operacionais pela Animoca Brands ;

• Tomada de controle do projeto por Robby Yung, chefe da Animoca Brands, agora no comando.

Essa reestruturação ocorre em um contexto de queda econômica significativa para a plataforma. The Sandbox, que havia captado centenas de milhões de dólares e atingido uma valorização de 4 bilhões de dólares em 2022, teria agora uma avaliação de apenas 1 bilhão de dólares, segundo os dados de 2024.

Quanto ao token SAND, sua capitalização caiu de 8 bilhões de dólares para 700 milhões, uma queda de 95 %. A atividade real na plataforma também está em declínio, com apenas algumas centenas de usuários diários, alguns suspeitos de serem bots.

Uma mudança estratégica : foco nos memecoins e no Web3 comunitário

Além do aspecto organizacional, desenha-se um pivô estratégico radical. The Sandbox cogita abandonar progressivamente sua postura de metaverso imersivo para se reposicionar como uma plataforma de ferramentas Web3, incluindo o lançamento de um launchpad de memecoins.

Essa orientação representaria uma virada decisiva, afastando-se do sonho de um mundo virtual em favor de dinâmicas sociais e virais. O projeto agora aposta nos usos concretos do Web3. Visa assim fornecer aos criadores os meios para monetizar suas comunidades, na linha das tendências impulsionadas por plataformas como a Pump.fun.

A possível nomeação de um novo CEO, Jason Owen, simbolizaria essa transformação estratégica. Seu perfil, mais próximo da indústria musical do que dos games ou blockchain, representa a vontade de atingir um novo público, distante dos puristas do metaverso.

Embora essa direção voltada para os memecoins possa parecer oportunista, ela se insere em um contexto em que esses tokens têm experimentado uma popularidade fulgurante desde 2024, impulsionados por sua viralidade e baixa barreira de entrada. No entanto, nem o site oficial nem os canais de comunicação da The Sandbox confirmaram essa mudança até o momento, o que gera certa incerteza na comunidade.

O desafio é claro : reconquistar a atenção dos usuários apostando na cultura comunitária do Web3, correndo o risco de perder seu DNA histórico. Alguns membros da comunidade podem ver esse pivô como uma traição, enquanto outros o considerarão uma adaptação necessária. Em todos os casos, essa transformação evidencia uma mudança de paradigma: o metaverso não encanta mais, e a The Sandbox precisa se reinventar ou desaparecer.