Trump bloqueia discretamente seu candidato na CFTC após um SMS dos irmãos Winklevoss

Trump gosta de lembrar que decide sozinho, mas o poder político nunca é solitário. Por trás da cortina, mecenas cripto enviam SMS que mudam uma nomeação. Os irmãos Winklevoss, bilionários do Bitcoin, provaram isso. Seus milhões pesam nas escolhas de um presidente que se diz insensível às pressões. Este caso mostra a contradição de um poder que ruge sua independência em público, enquanto se ajusta às exigências de quem financia suas ambições.

Quando um SMS pausa uma nomeação em Washington

Em fevereiro, Trump havia indicado Brian Quintenz, ex-membro da CFTC, para presidir a agência. Tudo parecia encaminhado após sua audiência no Senado em junho. Mas no final de julho, um SMS trocado com Tyler Winklevoss muda o jogo. O bilionário cripto buscava garantias sobre como Quintenz gerenciaria as disputas da Gemini com o regulador.

No mensagem tornada pública, Tyler escreve: 

Gostaria de entender seus pensamentos e saber como pretende se alinhar com o mandato do presidente Trump para acabar com o “lawfare” e remediá-lo. 

Quintenz recusa qualquer promessa, explicando que só a confirmação lhe permitiria agir. Pouco depois, os gêmeos solicitam Trump, que pede ao Senado que suspenda a nomeação.

Este gesto mostra o quanto um presidente pode ceder sob a influência de aliados financeiros, mesmo quando afirma defender sua independência.

Os irmãos Winklevoss: entre cripto, doações massivas e influência política

Os Winklevoss não são doadores comuns. Em agosto, doaram 21 milhões $ em bitcoin para um comitê de ação política pró-Trump. Já, seu apoio maciço pesou na campanha de 2024.

O envolvimento deles na regulação cripto não é surpresa. A Gemini, exchange que fundaram, resolveu em janeiro 2025 uma disputa de 5 milhões $ com a CFTC. Desde então, os gêmeos denunciam uma “caça aos troféus” promovida pelo regulador. Segundo Quintenz, eles buscavam um presidente da CFTC mais acomodado.

Diante dessas pressões, ele publica no X uma mensagem dura: “Nunca tive inclinação para publicar mensagens privadas. Mas à luz do meu apoio ao presidente e da convicção de que ele pode ter sido induzido em erro, publiquei aqui as mensagens que incluem as perguntas que Tyler Winklevoss me fez sobre a disputa anterior deles com a CFTC“. 

Assim, por trás do apoio declarado ao presidente, esconde-se uma batalha silenciosa para controlar a regulação cripto.

Uma CFTC fragilizada: o regulador cripto dos EUA em suspenso

Desde 3 de setembro, a agência opera com uma única chefe interina: Caroline Pham. Uma anomalia preocupante, pois a regulação cripto tornou-se uma questão crucial nos Estados Unidos. Até Josh Sterling, cotado para o cargo, alertou em um artigo: deixar o regulador “com falta de pessoal” põe em risco mercados vitais para a economia americana. 

Essa ausência de governança fragiliza uma instituição que deveria estabilizar as finanças e acompanhar a inovação cripto.

Alguns pontos essenciais

• 21 milhões $ em bitcoin: doações Winklevoss a um PAC pró-Trump em agosto, para influenciar a agenda cripto;
• 5 milhões $: acordo pago pela Gemini à CFTC em janeiro 2025, após disputa prolongada;
• 3 candidatos alternativos: Sterling, Selig e Williams estão agora na disputa pela presidência vaga;
• Desde 3 de setembro: Caroline Pham é a única comissária ativa, gerenciando sozinha uma instituição estratégica para Wall Street.

Esse vazio institucional enfraquece a regulação cripto americana, enquanto Europa e Ásia já impõem seus padrões.

A crise atual lembra que, apesar dos bloqueios, a CFTC às vezes avança em casos sensíveis. Ela recentemente abriu caminho para exchanges estrangeiras para traders americanos, sinal claro de que o mercado cripto continua no centro das prioridades regulatórias. Mas sem governança estável, os Estados Unidos correm o risco de perder terreno para gigantes mais organizados.