12 democratas juntam-se à revolução cripto americana

Pela primeira vez, Washington fala com uma só voz sobre a cripto. Após anos de bloqueios partidários e batalhas ideológicas, democratas e republicanos finalmente rompem suas divisões para construir um quadro regulatório comum. Doze senadores democratas anunciaram seu apoio às negociações, acelerando a implementação de uma lei que pode redefinir o futuro de um mercado que pesa mais de 4 000 bilhões de dólares.

Rumo a uma legislação bipartidária sobre o mercado cripto nos EUA

O impacto sacode os corredores do Capitólio. Enquanto vários projetos legislativos sobre cripto já avançavam, doze senadores democratas dos comitês bancário e agrícola, incluindo Kirsten Gillibrand, Cory Booker e Mark Warner, pegaram todos de surpresa ao chamar para uma abordagem colaborativa com os republicanos.

Em uma declaração conjunta, eles exigem um quadro bipartidário sólido, para evitar uma lei ditada por um único grupo. Essa aliança inesperada rompe o equilíbrio legislativo.

Tim Scott, presidente republicano da comissão bancária do Senado, antecipou essa mudança apostando no apoio de pelo menos doze democratas. Sua intuição se confirma: a maioria bipartidária se cria e gera uma dinâmica legislativa agora difícil de conter. Apenas Elizabeth Warren permanece em oposição frontal, denunciando uma « legislação ditada pela indústria cripto ».

A convergência se cristaliza em torno de sete pilares principais, incluindo:

• um fortalecimento do combate ao financiamento ilícito,
• uma clarificação do status dos criptoativos não considerados títulos financeiros,
• uma transparência maior entre a SEC e a CFTC para preencher as áreas cinzentas regulatórias.

Essa harmonização reduz as linhas de ruptura partidárias e abre caminho para um compromisso duradouro. Embora os republicanos controlem ambas as câmaras, o apoio dos democratas continua essencial para garantir a adoção sustentável do texto. O cronograma acelera com as primeiras votações previstas para o final de setembro ou início de outubro, conforme as negociações em andamento entre as comissões bancária e agrícola.

Um momento legislativo que acelera frente à concorrência internacional

Esse movimento se insere em um cenário regulatório em plena mutação. O GENIUS Act, dedicado aos stablecoins, já foi aprovado pelo Congresso e assinado pelo presidente Donald Trump.  Paralelamente, o Clarity Act, que visa definir se um cripto constitui uma security ou uma commodity, ainda aguarda sinal verde do Senado após sua aprovação esmagadora na Câmara por 294 votos contra 134.

Enquanto isso, a concorrência internacional se intensifica. A União Europeia estrutura seu mercado com o regulamento MiCA, Hong Kong atrai agressivamente os emissores de stablecoins, e Cingapura impõe restrições severas aos investidores particulares. Essa fragmentação global pode desestabilizar alguns atores, mas oferece aos Estados Unidos uma oportunidade única: se impor como o hub regulatório de referência para a cripto.

As instituições já antecipam essa virada. Com mais de 200 bilhões de dólares em stablecoins em circulação, regras claras significam que bancos seguradores e fundos de pensão podem investir maciçamente sem temer retrocessos.

BlackRock, Fidelity e seus concorrentes agora dispõem de um quadro legal para lançar produtos cripto sofisticados, consolidando a posição americana no mercado global de ETFs cripto. Se a dinâmica bipartidária se confirmar, será uma nova era de certeza jurídica para a cripto que se abrirá nos Estados Unidos, posicionando o país como o hub global de referência na corrida pela hegemonia regulatória dos ativos digitais.