França: Deblock levanta 30 milhões de euros para se tornar o primeiro banco 100 % blockchain

Enquanto o Estado francês ainda hesita sobre a integração das criptomoedas em suas reservas, o setor privado avança rapidamente. Startups, investidores e neobancos ultrapassam a linha, impulsionados pela onda descentralizada. Alguns bancos tradicionais observam. Outros testam, tentam, pivotam. Mas uma fintech francesa, Deblock, decidiu apostar tudo no modelo blockchain. O tom está dado: simplificar as finanças cripto, vinculá-las a serviços bancários familiares e tornar tudo acessível a um público muito mais amplo do que apenas os iniciados.

Cripto e neobanco: quando a França mostra o caminho

Deblock não quer apenas fazer os euros e cripto coexistirem. Ela quer fundi-los. Fundada em abril de 2024 por ex-funcionários da Revolut e Ledger, esta fintech francesa oferece uma conta corrente clássica (com IBAN francês) combinada a uma carteira cripto em autocustódia. Tradução? O usuário mantém controle total de seus ativos digitais. Nenhum intermediário os detém em seu lugar.

Com mais de 300.000 clientes e 100.000 usuários ativos mensais, Deblock triplicou sua receita em menos de um ano. A captação de 30 milhões de euros anunciada em novembro de 2025, liderada pela Speedinvest, Commerzbank e Latitude, visa financiar uma expansão europeia. O objetivo: ultrapassar a marca de um milhão de usuários em seis meses, começando pela Alemanha e Áustria a partir de 2026.

Jean Meyer, cofundador, resume sua visão: 

Os usuários não querem mais escolher entre seu banco e suas criptos: eles querem ambos, no mesmo lugar, simplesmente. Vamos democratizar massivamente o acesso aos melhores serviços financeiros descentralizados, tornando-os tão simples de usar quanto uma transferência instantânea.

Finanças descentralizadas: na França, a aposta na simplicidade

A força da Deblock não está apenas em seu modelo híbrido. É a experiência do usuário que faz a diferença. Ao integrar protocolos DeFi como Morpho e Yield.xyz em cofres de poupança acessíveis, a startup promete até 10% de juros anuais, pagos diretamente em euros na conta. 

Os depósitos podem começar a partir de 1 euro, sem limite máximo. Tudo isso sem taxas para assinantes premium, e com 50% de taxa sobre o rendimento para usuários gratuitos.

Deblock não inventou a DeFi, mas eliminou seus atritos. A diretora de estratégia Claire Balva esclarece: 

Queríamos reduzir a complexidade do uso da DeFi para usuários iniciantes.

Uma promessa concretizada por uma interface fluida, pensada para aqueles que nunca usaram uma carteira digital.

Paul Frambot, fundador da Morpho Labs, acrescenta: 

Deblock elimina toda a complexidade da DeFi para seus usuários, oferecendo acesso mágico com um único clique aos melhores rendimentos via Morpho.

Soberania digital: o balcão cripto substitui a velha agência

Deblock se posiciona na encruzilhada: onde os bancos trancam, ela libera. Onde as finanças tradicionais perseguem, ela deixa respirar. Graças ao seu status de instituição de moeda eletrônica licenciada pelo Banco da França, somado à licença MiCA obtida em maio de 2025, ela cumpre todas as exigências regulatórias na França e na Europa.

Mas o verdadeiro ponto de virada é a autocustódia. Acabou o guardião do cofre bancário. O usuário é o único comandante a bordo. Um gesto forte numa época em que dados bancários são monitorados, analisados e monetizados.

Deblock não joga no mesmo campo que gigantes como Revolut ou Chime. Ela cria o seu próprio. Um campo onde a experiência se assemelha à de um neobanco clássico, mas onde a arquitetura se baseia em blocos descentralizados. Uma finança sem atrito, mas com convicção.

Números e referências para lembrar:

• 30 milhões de euros arrecadados para apoiar a conquista europeia;
• Mais de 300.000 clientes em poucos meses de atividade;
• 10% de rendimento anual potencial via cofres DeFi;
• 1 euro é suficiente para começar a investir;
• Regulação completa: MiCA, PSAN e Banco da França aprovados.

O Banco Central Europeu vê no euro digital um pilar para fortalecer a economia da União. No entanto, o caminho proposto pela Deblock diverge. Pois esta iniciativa baseia-se na ideia de uma autonomia financeira oferecida pela blockchain. Onde o BCE sonha com um euro programável e centralizado, Deblock aposta em uma finança fluida, descentralizada, conectada diretamente com as aspirações dos cidadãos conectados. Duas visões de um mesmo futuro, com promessas radicalmente diferentes.