8 países da OPEP+ aumentam massivamente sua produção apesar da queda nos preços do petróleo
Enquanto os preços do petróleo despencam e a demanda permanece fraca, a OPEP+ surpreende ao anunciar um aumento massivo em sua produção já em junho. Oito membros do cartel rompem com a recente cautela e reacendem a incerteza em um mercado já tenso. Por trás dessa reviravolta, desenha-se uma possível mudança geopolítica e econômica, entre estratégia de reconquista e tomada de risco calculada. Essa decisão pode muito bem redesenhar os equilíbrios energéticos mundiais.
Em resumo
- Oito membros da OPEP+, incluindo Arábia Saudita e Rússia, anunciam um aumento massivo na produção de petróleo a partir de junho de 2025.
- Esse aumento alcança 411.000 barris por dia, três vezes mais do que os 137.000 inicialmente previstos.
- Essa manobra também pode fortalecer as relações diplomáticas entre Riade e a administração Trump, que pediu mais produção.
- A médio prazo, essa mudança de rumo pode reacender uma guerra de preços e bagunçar o equilíbrio dos mercados petrolíferos globais.
Um aumento inesperado de potência: a OPEP+ triplica seu ritmo
O anúncio foi publicado neste sábado, 3 de maio de 2025. Oito países membros da OPEP+ vão produzir a partir de junho 411.000 barris adicionais por dia, o mesmo nível de maio, o que derruba o plano inicial que previa apenas 137.000.
Essa decisão envolve países no coração do cartel como Arábia Saudita, Rússia, Kuwait, Argélia e Omã. O analista Jorge Leon, da Rystad Energy, não poupou palavras e declarou:
A OPEP+ acabou de lançar uma bomba no mercado de petróleo.
Essa declaração traduz a magnitude do choque infligido aos mercados, já fragilizados pela demanda global fraca.
Os detalhes da reviravolta confirmam uma mudança profunda de orientação estratégica do cartel. Onde a OPEP+ até então priorizava a cautela e cortes direcionados para sustentar os preços, ela adota agora uma política agressiva de oferta, motivada por questões de participação de mercado. Aqui estão os pontos-chave dessa reorientação:
- A quantidade envolvida: 411.000 barris/dia adicionais serão adicionados ao mercado em junho, três vezes mais do que os 137.000 inicialmente previstos;
- Os países envolvidos: Arábia Saudita, Rússia, Iraque, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Cazaquistão, Argélia e Omã, alguns dos quais pertencem à aliança dos BRICS;
- A justificativa declarada: uma vontade de romper com uma estratégia de escassez que prevaleceu desde o acordo OPEP+ de 2016.
- O contexto do mercado: os preços atuais do petróleo estão em torno de 60 dólares o barril, um nível historicamente baixo para tal reativação.
Essa virada ocorre num ambiente já sob pressão e constitui um dos gestos mais marcantes do cartel desde a pandemia da COVID-19. A mensagem é clara: os líderes da OPEP+ não querem mais apenas gerir o equilíbrio do mercado, eles querem reconquistá-lo.
Os objetivos ocultos e os equilíbrios geopolíticos
Além dos números, a iniciativa carrega a marca de um cálculo político cuidadosamente calibrado. Ao intensificar sua produção, os países da OPEP+ não buscam apenas inundar o mercado. Eles também enviam uma mensagem estratégica aos Estados Unidos, e mais particularmente à administração de Donald Trump.
Essa abertura massiva das torneiras responde parcialmente a um pedido explícito de Washington: “Pouco depois de assumir o cargo, o presidente americano pediu à Arábia Saudita para produzir mais para baixar os preços.” Ao agir assim, Riade poderia esperar fortalecer suas relações com a Casa Branca e obter, em troca, um relaxamento de certas pressões diplomáticas ou comerciais.
Outra questão subjacente, raramente mencionada publicamente, é a gestão das dissensões internas dentro do cartel. Vários especialistas sugerem que esse aumento da produção visa sancionar os membros “trapaceiros” da OPEP+, aqueles que nem sempre respeitam as cotas.
Ao aumentar os volumes disponíveis no mercado, os líderes do grupo exercem uma pressão indireta sobre esses atores, forçando-os a escolher entre alinhamento ou marginalização. Isso também pode refletir uma vontade de esmagar as margens dos produtores que não fazem parte da OPEP+ na América Latina ou na África Subsaariana, menos capazes de sobreviver a preços mais baixos.
A médio prazo, essa estratégia pode reorganizar profundamente as cartas. Ao favorecer a abundância em vez da escassez, a OPEP+ corre o risco de um colapso prolongado dos preços do petróleo bruto, uma aposta perigosa para economias amplamente dependentes dessa renda. Se os mercados virem nisso um retorno à guerra de preços, as consequências podem também se estender às políticas energéticas, às moedas dos países produtores e à estabilidade dos mercados emergentes. Essa mudança de rumo terá, portanto, repercussões muito além do setor petrolífero. Pode influenciar duradouramente as escolhas estratégicas dos investidores, inclusive no ecossistema cripto, intrinsecamente ligado aos mercados globais.
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Diplômé de Sciences Po Toulouse et titulaire d'une certification consultant blockchain délivrée par Alyra, j'ai rejoint l'aventure Cointribune en 2019. Convaincu du potentiel de la blockchain pour transformer de nombreux secteurs de l'économie, j'ai pris l'engagement de sensibiliser et d'informer le grand public sur cet écosystème en constante évolution. Mon objectif est de permettre à chacun de mieux comprendre la blockchain et de saisir les opportunités qu'elle offre. Je m'efforce chaque jour de fournir une analyse objective de l'actualité, de décrypter les tendances du marché, de relayer les dernières innovations technologiques et de mettre en perspective les enjeux économiques et sociétaux de cette révolution en marche.
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