cripto para todos
Juntar-se
A
A

A França pode se tornar um líder na mineração de Bitcoin graças à energia nuclear excedente.

13h15 ▪ 5 min de leitura ▪ por Mikaia A.
Informar-se Mineração

O governo francês preferiria minerar bitcoin em vez de vender sua eletricidade? Ou estaria tentando manter as mãos limpas, deixando as máquinas fazerem o trabalho sujo do digital dourado? Ou talvez apenas observando, regulamentando, corrigindo quando necessário. As opiniões variam, os debates se acaloram, mas um fato permanece: a ideia já ultrapassou os limites da Assembleia Nacional.

Um engenheiro francês segura uma picareta em frente a uma máquina nuclear iluminando um Bitcoin, numa instalação industrial escura e intensa.

Em resumo

  • Os deputados propõem usar os excedentes elétricos para alimentar fazendas francesas de mineração de Bitcoin.
  • O projeto espera gerar até 150 milhões de dólares anuais via um gigawatt alocado.
  • A lei visa empresas francesas instaladas perto das usinas para reviver áreas industriais abandonadas existentes.
  • A mineração também permite recuperar o calor para aquecer residências, estufas ou locais industriais com alto consumo energético.

A aposta nos excedentes: uma estratégia francesa para valorizar a eletricidade excedente

Enquanto o debate sobre o futuro euro digital já movimenta as instituições europeias, a França poderia secretamente preferir apostar no bitcoin? A ideia pode parecer iconoclasta, mas em uma proposta de lei apresentada em 11 de julho de 2025, 72 deputados do Rassemblement National, acompanhados de 4 colegas da União das Direitas para a República, colocaram na mesa uma ideia que causa burburinho no hemiciclo: usar os excedentes elétricos para minerar bitcoin. E não de forma marginal. Trata-se de um teste em larga escala, por cinco anos, em centros instalados nas proximidades dos locais de produção.

É imperativo acabar com essa lógica absurda do ponto de vista científico e econômico, e valorizar nossos excedentes de eletricidade para estabilizar a rede, preservando nosso parque nuclear“, lê-se na exposição de motivos.

O cálculo é simples: a modulação repetida das usinas, imposta pelos picos de produção de energias renováveis, custa caro para a infraestrutura e resulta em vendas com prejuízo. Por que não transformar esse ônus em uma oportunidade cripto-energética? O bitcoin pode se tornar o regulador inesperado de um mix elétrico em plena transformação.

Bitcoin, Europa, quilowatts: um modelo já testado além das fronteiras

A França não inventa nada. Ela está alcançando. Na Islândia, Noruega, Suécia e até no Paquistão, a mineração já se estabeleceu onde a eletricidade excedente buscava um consumidor. O argumento da proposta cita abundantemente esses casos estrangeiros.

No Texas, as fazendas de mineração se conectam à rede ERCOT para desligar em poucos minutos durante picos de demanda. Na Finlândia, uma fazenda de 2 MW aquece 11.000 lares com o calor gerado pelas máquinas. Na Noruega, instalações similares aquecem estufas para aquicultura. Esses exemplos são reais, visíveis, auditados.

Como destaca Clara Chappaz, ministra francesa do Digital: 

O uso do excedente energético para minerar Bitcoin é um bom exemplo de um debate que foi tomado por uma ala extrema do espectro político, embora seja um assunto real.

Esse debate, técnico à primeira vista, torna-se político assim que envolve soberania energética, dívida da EDF e reindustrialização. Até o momento, a França ainda não tem sua grande fazenda nacional de mineração. Mas isso pode mudar.

Quando o Bitcoin aquece as ideias: rumo a uma infraestrutura cripto à francesa?

As ambições vão além da especulação. A proposta de lei prevê a recuperação de calor, a reindustrialização de áreas abandonadas, o desenvolvimento local, a soberania energética e o nascimento de um novo setor industrial.

Trata-se de uma inversão completa de lógica: de consumidores de eletricidade mal vendida a produtores de valor digital.

Alguns números para lembrar:

  • 1 gigawatt alocado para mineração de Bitcoin = 100 a 150 milhões de dólares por ano, segundo a Associação para o Desenvolvimento de Ativos Digitais (ADAN);
  • 70% da eletricidade francesa provém do nuclear: estável, previsível, descarbonizada;
  • 5 anos de experimentação, regulamentados por decreto do Conselho de Estado;
  • 3 segundos: tempo médio para desligar ou ligar um equipamento de mineração em resposta à tensão da rede;
  • 1 decreto aguardado para definir os critérios de elegibilidade e garantir a segurança da operação.

Até o ministro do Digital, embora cauteloso, abre uma porta: ” Devemos analisar isso sem ideologia, fazendo as perguntas certas“.

Resta saber se o Estado ousará apertar o interruptor. Os locais desativados esperam, os quilowatts estão disponíveis, os agentes estrangeiros batem na porta.

O “bitcoin made in France” já está na boca do povo. Na Normandia, as negociações estão avançadas com o Sultanato de Omã para implantar a primeira fazenda industrial de mineração. O EPR de Flamanville e a futura usina de Penly forneceriam a energia. Talvez esteja virando uma nova página para a cripto francesa.

Maximize sua experiência na Cointribune com nosso programa "Read to Earn"! Para cada artigo que você lê, ganhe pontos e acesse recompensas exclusivas. Inscreva-se agora e comece a acumular vantagens.



Entrar no programa
A
A
Mikaia A. avatar
Mikaia A.

La révolution blockchain et crypto est en marche ! Et le jour où les impacts se feront ressentir sur l’économie la plus vulnérable de ce Monde, contre toute espérance, je dirai que j’y étais pour quelque chose

AVISO LEGAL

As opiniões e declarações expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva do autor e não devem ser consideradas como recomendações de investimento. Faça sua própria pesquisa antes de tomar qualquer decisão de investimento.