A jornada desconhecida dos raros bilionários do Bitcoin

Transformar algumas dezenas de dólares investidos em bitcoin em bilhões: o cenário é de sonho. No entanto, por trás dessa equação simplista, o trader Techdev lembra de uma realidade bem menos glamourosa. Em uma publicação viral, ele destaca que alcançar tal resultado teria exigido uma convicção inabalável e uma resistência psicológica excepcional diante das oscilações do mercado. Uma mensagem que ressoa justamente quando o bitcoin acaba de atingir um novo ATH acima de 123.000 $ em 14 de julho, reacendendo mitos e especulações.

Manter-se firme : um feito raro

Enquanto o bitcoin disparou novamente após a nomeação surpresa de um economista pró-cripto no Fed, Techdev em sua mensagem publicada na rede social X e consultada mais de 3,5 milhões de vezes sentencia : “se eu colocasse 100 $ em bitcoin em 2010, teria 2,8 bilhões hoje. Não”.

“If I put $100 in Bitcoin in 2010 I’d have $2.8B now.”

No.

If you bought $100 of Bitcoin in 2010 and watched it go to:

$1k → $100k → $1.7M

and did nothing

Then watched $1.7M go to $170k

and still did nothing

Then watched $170k go to $110M

and still did nothing

Then…

— TechDev (@TechDev_52) August 4, 2025

O argumento é claro. Não basta ter investido cedo, é preciso ter mantido seus BTC ao longo de mais de uma década de correções históricas.

Para sustentar seu ponto, Techdev cita várias sequências de mercado que ilustram a montanha-russa vivida pelos detentores de longa data :

• Uma ascensão até 1,7 milhão de dólares, seguida de uma queda para 170.000 $ ;
• Uma recuperação até 110 milhões de dólares, antes de cair para 18 milhões ;
• Oscilações diárias às vezes superiores a 10 % durante o período.

Segundo os dados da Curvo, o preço do bitcoin apresentou uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 102,79 % em 13 anos. Contudo, por trás desse número impressionante esconde-se uma volatilidade extrema que teria levado a maioria dos investidores a vender muito antes de atingir fortunas colossais.

Apenas aqueles capazes de manter seus ativos a todo custo poderiam transformar um pequeno investimento inicial em uma riqueza histórica.

Vivências, perdas e fortunas esquecidas

Para o empreendedor Anthony Pompliano, a análise de Techdev faz sentido : “todo mundo pensa que teria mantido seu bitcoin de alguns centavos a bilhões de dólares. Mais fácil falar do que fazer”.

Everyone thinks they would have held bitcoin from pennies to billions of dollars.

Easier said than done.@TechDev_52 explains what would have really happened in that scenario. pic.twitter.com/7u4vp6V67O

— Anthony Pompliano 🌪 (@APompliano) August 6, 2025

Muitos comentaristas da publicação inclusive compartilharam experiências concretas, mencionando BTC gastos anos atrás em compras banais, hoje valorizados em milhões. Outros confessaram ter perdido o acesso às suas carteiras, levando consigo fortunas agora irrecuperáveis.

Erick Pinos, responsável pelo ecossistema na Nibiru Chain, acrescenta uma dimensão psicológica : “fazer a escolha todos os dias, a cada hora, de não vender, por anos”.

I agree and this is why I don’t like “if you had bought x” posts

You have to make a choice every day, every hour, not to sell, for years

— Erick Pinos (@erickpinos) August 4, 2025

Para alguns, a solução foi simplesmente esquecer. Investidores precoces que guardaram suas chaves privadas sem pensar por anos, só descobrindo o valor astronômico de seus ativos quando o bitcoin foi amplamente adotado. Essa disparidade nas trajetórias lembra que os bilionários atuais do BTC representam apenas uma fração ínfima dos primeiros compradores.

As declarações de Techdev colocam em perspectiva a narrativa romanesca do “golpe de gênio” dos primeiros compradores de bitcoin. Investir cedo nunca foi suficiente: disciplina, psicologia e, às vezes, até o acaso desempenharam um papel determinante. Em um mercado onde cada novo recorde histórico reacende os mesmos fantasmas, essa chamado de alerta pode incentivar a repensar estratégias de investimento de longo prazo, longe de cálculos simplistas e ilusões retrospectivas.