A mineração de Bitcoin atinge uma dificuldade recorde

A rede Bitcoin acaba de ultrapassar um novo marco com uma dificuldade de mineração que atinge um recorde absoluto de 127,6 trilhões. Se esse número indica uma segurança reforçada, levanta questões cruciais sobre o equilíbrio econômico do setor. Entre rentabilidade mantida e corrida tecnológica desenfreada, essa escalada marca a entrada em uma nova era da mineração?

Um recorde técnico que redefine os padrões da mineração

A dificuldade de mineração de Bitcoin atingiu um novo pico histórico neste domingo, 3 de agosto de 2025. Segundo os dados da CoinWarz, ela alcançou 127,6 trilhões, um nível nunca antes observado. Esse recorde foi alcançado no bloco 908 544 da blockchain, marcando um ponto de virada importante para a indústria da mineração de Bitcoin.

Essa escalada não é fruto do acaso. Nos últimos 30 dias, a dificuldade aumentou 9,12%, enquanto em 90 dias, o aumento chega a 7,14%. Essa tendência constante reflete a chegada massiva de novos equipamentos cada vez mais eficientes e a otimização das fazendas de mineração existentes.

O protocolo Bitcoin, graças ao seu mecanismo de ajuste automático, atua como um guarda-chuva. Quanto mais potente é o poder computacional (hashrate), maior é a dificuldade para manter o ritmo de criação de um bloco a cada 10 minutos. Essa autorregulação, própria da rede, garante a estabilidade da emissão, independentemente das variações no poder de mineração.

Curiosamente, esse aumento da dificuldade coincide com receitas de mineração no maior nível desde o halving de 2024. Em julho, os mineradores acumularam 1,66 bilhão de dólares, um valor inédito em mais de um ano. A receita média por exahash é de 57.400 dólares por dia, um crescimento de 4% em relação a junho.

Implicações importantes para o ecossistema Bitcoin

Esse crescimento técnico redesenha profundamente a economia da mineração de Bitcoin. Sob efeito de uma concorrência acirrada, os atores menos eficientes são progressivamente eliminados, dando lugar a operadores mais bem equipados, mais estruturados, frequentemente industriais. 

Uma espécie de seleção natural ocorre, acelerando a profissionalização do setor e reforçando a robustez da rede. 

Além disso, combinada a uma demanda institucional persistente — impulsionada especialmente pelos ETFs, bancos americanos ou estratégias de reservas corporativas — essa dinâmica constitui um motor forte de alta. O índice stock-to-flow do bitcoin, já duas vezes maior que o do ouro, é ainda mais reforçado.

O próximo ajuste previsto para 9 de agosto, entretanto, deve oferecer um breve alívio. As estimativas apontam para uma queda marginal de 0,03%, reduzindo a dificuldade para 127,29 trilhões. Uma correção técnica pequena, mas que pode aliviar temporariamente as margens dos mineradores menos competitivos.

Outro ponto notável: o aparente desacoplamento entre dificuldade crescente e rentabilidade. Apesar de uma complexidade cada vez maior, as receitas geradas pelos mineradores atingem picos. Isso sugere que a indústria encontrou um novo equilíbrio, otimizando seus custos operacionais para manter sua lucratividade.

Em suma, essa disparada da dificuldade de mineração ilustra a maturidade crescente do ecossistema Bitcoin. Ela reflete um setor em plena transformação, onde somente os atores mais experientes sobrevivem. Essa dinâmica reforça, em última análise, a resiliência da rede e sua capacidade de preservar a raridade do bitcoin diante de uma demanda global crescente.