Aqui está o motivo pelo qual o Ethereum aposta alto no staking institucional

Desde o anúncio da atualização Pectra, parte da comunidade cripto expressa suas preocupações. O aumento do limite de staking para 2.048 ETH alimenta os receios de centralização. Alguns temem uma tomada de poder pelas grandes instituições. Mas a Ethereum, como um bom bombeiro, tenta apagar as chamas da dúvida. Mallesh Pai e Consensys querem tranquilizar. Será que os dados já estão manipulados?

Pectra: entre promessas técnicas e suspeitas de elitismo

Pectra marca uma virada importante na história da Ethereum. Com 11 EIPs embarcados, é a atualização mais densa desde The Merge. Entre as mais aguardadas: o EIP-7251, que eleva o limite de staking para 2.048 ETH. Acabou o limite de 32 ETH por validador. Objetivo: atrair investidores institucionais enquanto alivia a carga técnica da rede. 

Por trás dessa consolidação, há uma vontade explícita: simplificar o papel dos validadores. Mas essa concentração preocupa. Alguns veem isso como uma traição ao princípio da descentralização. Mallesh Pai, pesquisador da Consensys, repudia essas críticas. Segundo ele: 

As recompensas permanecem proporcionais ao ETH apostado. 

Os grandes validadores não têm, diz ele, nenhuma vantagem adicional. Para ele, a atualização Pectra apenas “remove trabalho desnecessário“. Ele enfatiza: o número de validadores poderia cair para 30.000 sem perda de segurança. Um discurso ensaiado, mas não universalmente convincente.

Instituições, ETFs e segurança: rumo a um staking ETH sob medida?

A nova arquitetura abre a porta para grandes investidores. As instituições, há muito tempo em segundo plano, entram no jogo. BlackRock defende um ETF ETH com staking integrado. A SEC hesita, mas a questão é clara: oferecer retorno aos investidores. Artemiy Parshakov da P2P.org confirma o apelo do staking pós-EIP-7002. Ele menciona uma integração mais simples, com menos riscos. 

Eric Balchunas, da Bloomberg, permanece cauteloso. Ele acredita que o impacto dos ETFs será limitado se o preço do Ethereum não subir. 

Mas nos bastidores, os protocolos se adaptam. Obol, pioneiro na Tecnologia de Validador Distribuído, oferece um sistema sem ponto único de falha. Cada validador é distribuído entre vários operadores. Vantagens: maior segurança, transparência e tolerância a falhas. Lido, EtherFi, Bitcoin Suisse e Swell adotam essa solução. Obol se torna a espinha dorsal do staking institucional. E com seu token OBOL, o ecossistema ganha governança e coerência. O próprio Vitalik Buterin elogia esse modelo como pilar do futuro da Ethereum.

Os números que abalam Ethereum: um risco?

Os números falam por si:

• 2.048 ETH: novo teto de staking por validador (EIP-7251);
• 11 EIPs integrados no Pectra: um recorde;
• Mais de 800 operadores DVT na Obol, garantindo mais de 1 bilhão de dólares em staking;
• 23% do TVL do EtherFi funciona via Obol;
• 34 milhões de ETH já stakados no Ethereum.

As ambições são claras: tornar Ethereum mais escalável, mais institucional e também mais técnica. A atualização EIP-7702 transforma contas clássicas em contas inteligentes. Isso permite carteiras mais seguras e interativas. Pectra também dobra a capacidade de processamento de blobs para as Layer 2. 

Resultado: mais dados por bloco e taxas reduzidas. Isso deve atrair desenvolvedores e usuários. Mas a centralização espreita. Consolidar os validadores significa reduzir o número de atores únicos. A resiliência da rede dependerá da adoção de tecnologias como DVT. Sem isso, o sonho de uma Ethereum verdadeiramente descentralizada pode se desintegrar lentamente.

A descentralização da Ethereum não convence a todos. Charles Hoskinson, ex-número 1 da Cardano, já fala em “uma ditadura” nas mãos de Vitalik Buterin. O debate permanece aberto, mas as críticas se multiplicam.