Arábia Saudita em silêncio sobre adesão aos BRICS
Em um mundo onde as linhas de fratura geopolíticas se deslocam rapidamente, a Arábia Saudita desempenha um papel delicado entre dois blocos rivais. Solicitada pelos BRICS, mas ainda estreitamente ligada aos Estados Unidos, Riad hesita, suspendendo sua adesão oficial apesar de sinais de abertura. Enquanto Pequim atrai com suas promessas econômicas e Washington agita a ameaça tarifária, o reino mantém suas opções em aberto. Essa ambiguidade tática esconde uma orientação estratégica já definida ou está preparando um reequilíbrio maior no tabuleiro mundial?
Em resumo
- A Arábia Saudita está no centro de um confronto estratégico entre os BRICS e os Estados Unidos.
- Apesar de um convite oficial para ingressar nos BRICS, Riad ainda não confirmou sua adesão.
- Donald Trump ameaçou os membros do bloco com uma taxa de 150 % se lançarem uma moeda alternativa ao dólar.
- Essa neutralidade estratégica poderia tornar-se insustentável à medida que as tensões globais aumentam.
Um clima de confronto : tensões crescentes entre os BRICS e Washington
Nos últimos meses, viu-se intensificar uma série de tensões abertas entre os Estados Unidos e os países do bloco dos BRICS, em um contexto de guerra comercial entre Washington e Pequim. Essas tensões se traduziram em medidas econômicas radicais.
O presidente americano Donald Trump avisou que “o bloco dos BRICS enfrentaria uma taxa aduaneira de 150% por suas tentativas de criar uma moeda concorrente ao dólar americano”.
Essa declaração se insere em uma ofensiva maior: os Estados Unidos impuseram à China tarifas que podem chegar a “até 245 %” sobre alguns produtos, o que exacerbava uma rivalidade estratégica já bem estabelecida.
Por trás dessas sanções punitivas, há uma clara vontade de Washington de preservar a hegemonia do dólar nas trocas mundiais, diante de uma coalizão que defende a desdolarização. Os BRICS, por meio de seu projeto de moeda comum e sua estratégia de ampliação, aparecem como uma ameaça sistêmica aos olhos das autoridades americanas. Vários elementos-chave ilustram essa escalada das tensões:
- Uma guerra comercial ativa : as tarifas impostas à China chegaram a 245 %, atingindo especialmente setores tecnológicos sensíveis ;
- Uma pressão aberta sobre os BRICS : o projeto de moeda comum concebido pelo bloco desencadeou uma resposta imediata dos Estados Unidos, sob a forma de ameaças tarifárias massivas ;
- Uma ampliação mal vista : os novos convites feitos pelos BRICS a países como a Arábia Saudita são interpretados em Washington como atos de alinhamento estratégico ;
- Uma polarização econômica crescente : o clima global atual leva cada potência regional a esclarecer suas alianças, correndo o risco de provocar rupturas profundas.
Nesse contexto, os países cortejados pelos BRICS, especialmente aqueles que têm uma parceria histórica com os Estados Unidos, encontram-se envolvidos em uma dinâmica onde cada decisão, ou mesmo cada não-decisão, torna-se um ato político cheio de consequências.
O equilíbrio de Riad : entre silêncio diplomático e cálculos geoestratégicos
Enquanto a Arábia Saudita havia inicialmente aceitado o convite dos BRICS para ingressar no bloco no âmbito de sua ampliação, ela ainda não procedeu a uma integração formal. Apesar de sua presença em uma reunião dos BRICS na semana passada, “o país ainda não entrou oficialmente na aliança”.
Esse atraso voluntário, longe de ser trivial, parece revelar uma estratégia de temporização ditada por interesses bilaterais sensíveis. Riad “não quer arriscar provocar a ira dos Estados Unidos enquanto negociações estão em curso em Washington”.
Essa cautela se explica pela própria natureza das relações entre a Arábia Saudita e seus dois principais parceiros. De um lado, a China representa um cliente petrolífero indispensável e um ator econômico majoritário na estratégia de diversificação saudita, especialmente através da Visão 2030. De outro, os Estados Unidos continuam sendo um aliado-chave nos planos de segurança, tecnologia e diplomacia. Assim, Riad está envolvida em um delicado jogo de equilíbrio, que o obriga a atrasar seu alinhamento formal com os BRICS para preservar seus interesses estratégicos com Washington.
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Diplômé de Sciences Po Toulouse et titulaire d'une certification consultant blockchain délivrée par Alyra, j'ai rejoint l'aventure Cointribune en 2019. Convaincu du potentiel de la blockchain pour transformer de nombreux secteurs de l'économie, j'ai pris l'engagement de sensibiliser et d'informer le grand public sur cet écosystème en constante évolution. Mon objectif est de permettre à chacun de mieux comprendre la blockchain et de saisir les opportunités qu'elle offre. Je m'efforce chaque jour de fournir une analyse objective de l'actualité, de décrypter les tendances du marché, de relayer les dernières innovations technologiques et de mettre en perspective les enjeux économiques et sociétaux de cette révolution en marche.
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