GENIUS Act: O chefe da Tether celebra um marco decisivo para a regulação das criptomoedas.

Tether bate recordes em bilhões. No entanto, um pequeno obstáculo está emperrando essa engrenagem bem lubrificada: a regulamentação. Por trás dos 160 bilhões de USDT em circulação, existe um calcanhar de Aquiles. Frente à GENIUS Act, a nova peça-chave do arsenal legislativo americano, o gigante dos stablecoins precisa ajustar sua estratégia. Chegou a hora de recuperar o atraso, investir em ambições domésticas e tomar uma virada que promete ser estratégica.

Casa Branca e cripto: Tether finalmente joga em casa

Algumas horas após a assinatura da GENIUS Act, Paolo Ardoino, CEO da Tether, saboreava este momento como um renascimento. “Estamos muito orgulhosos de estar aqui e de sermos mencionados diretamente pelo presidente, pois isso demonstra todo o bom trabalho realizado por nossa equipe nos últimos anos“, declarou da Casa Branca.

Isso não é pouco. Antes apontada pelos reguladores, a Tether agora tem uma grande reabilitação. Ardoino dispara: auditorias, conformidade, transparência… O homem promete até um stablecoin 100% americano, feito especialmente para as instituições. Acabou a névoa caribenha, olá à América dos lobbies e dos grandes quatro.

Neste tweet que viralizou, ele escreveu em 18 de julho: “Agora que o presidente Trump conduziu os Estados Unidos a adotar ativos digitais, acreditamos poder multiplicar nosso impacto e consolidar a dominação global do dólar“.

Isso já define o cenário.

Dois stablecoins para duas Américas: USDT navega entre estratégia e sobrevivência

Diante da GENIUS Act, Ardoino opta por uma abordagem dupla: USDT de um lado, uma versão doméstica do stablecoin do outro. O USDT continuará a existir via uma “foreign issuer pathway”, destinada principalmente aos expatriados e transferências transfronteiriças. O novo token, por sua vez, terá como alvo Wall Street, com uma promessa: eficiência e conformidade integral.

As instituições estão acostumadas a mercados muito eficientes e valorizam cada ponto base; por isso, precisamos desenvolver algo que seja adequado a esse novo mercado.

Paolo Ardoino – Fonte: CoinDesk

Enquanto isso, Circle, grande rival da Tether, mostra uma serenidade calculada: “A GENIUS Act realmente consagra na lei a forma de fazer negócios da Circle. Sempre fomos confiáveis e transparentes; passamos por auditorias públicas durante cinco anos“.

Entre Circle e Tether, a batalha dos stablecoins se intensifica, cada um com seu foco. Um reivindica conformidade histórica; o outro aposta em um reposicionamento rápido e midiático. Ardoino precisa, portanto, convencer rápido, bem e com força.

O criptoem tensão: Tether, Bitcoin e PMEs no fio da navalha

A entrada da Tether no sistema regulatório americano não agradará a todos. Se o impacto no bitcoin pode ser massivo, os efeitos colaterais na estabilidade do mercado cripto ainda precisam ser monitorados.

Alguns números importantes:

• O USDT vale 161 bilhões de dólares: é o maior stablecoin do mundo;
• 500 milhões de usuários já o adotaram, segundo Ardoino;
• A Circle tem cinco anos de auditorias públicas regulares, contra zero da Tether… por enquanto;
• A Coinbase investiu 25 milhões de dólares na Fairshake para apoiar projetos de lei de cripto no Congresso.

Com essa nova legislação, a Tether pode fortalecer a liquidez do bitcoin. Mais USDT nas exchanges americanas é mais compras, mais volume, mais volatilidade. Mas atenção ao efeito bumerangue: descompassos de liquidez, alavancagem maior, concentração de riscos.

E as PMEs cripto? Elas terão que equilibrar transparência, conformidade e custos para cumprir as normas. Gigantes como a Tether conseguem absorver o impacto. Os pequenos, contudo, podem sucumbir ao peso regulatório. A Tether abriu uma brecha. Resta saber se todos poderão atravessá-la.

A virada americana da Tether impressiona. Porém, a milhares de quilômetros de distância, outra batalha começa. Na Europa, Ardoino se opõe frontalmente ao regulamento MiCA. Ele considera suas exigências “perigosas” para os bancos e contrárias à liberdade financeira. Como resultado, várias plataformas estão removendo o USDT do mercado europeu. O futuro do stablecoin rei parece agora dividido entre dois continentes.