Binance, Bybit, Hyperliquid… exchanges de cripto apontados após o crash histórico

Em 24 horas, 20 bilhões de dólares em posições foram liquidadas, um recorde absoluto. Desencadeado pelas tarifas alfandegárias americanas sobre a China, esse crash de 10-11 de outubro de 2025 revelou as falhas dos exchanges cripto como Binance, Bybit e Hyperliquid. Os traders denunciam falhas técnicas e clamam por uma regulação urgente.

Um crash sem precedentes na história do cripto

O crash cripto de outubro de 2025 certamente ficará para a história. De fato, entre os dias 10 e 11, vários exchanges sofreram bilhões de dólares em capitalização. Notadamente:

• Hyperliquid, que registrou 10,31 bilhões de dólares em liquidações;
• Bybit, 4,65 bilhões de dólares em liquidações;
• Binance, 2,41 bilhões de dólares em liquidações.

Esses números superam os da crise da FTX ou do crash de 2020. O gatilho? O anúncio de Donald Trump de um aumento de 100% das tarifas alfandegárias sobre a China, que criou o caos.

Para piorar, uma mistura explosiva tomou conta do mercado cripto: posições ultra-alavancadas (até 100x), desencaixes de tokens como USDe e WBETH e uma volatilidade extrema. Traders, presos na armadilha, viram suas contas evaporarem em poucas horas! Alguns exchanges até congelaram temporariamente os saques em sua plataforma.

Os exchanges cripto sob fogo das críticas

Binance, Bybit e Hyperliquid são acusados de terem agravado a crise por falhas técnicas. Testemunhos abundam: ordens não executadas, interfaces travadas, preços desconectados do mercado. Kris Marszalek, CEO da Crypto.com, exigiu uma investigação sobre a gestão do crash, destacando práticas potencialmente enganosas.

Hyperliquid, menos conhecido mas líder em liquidações, é particularmente observado. Binance, apesar de seu status de gigante, não escapou das críticas, especialmente após os desencaixes de tokens em sua plataforma cripto.

Binance compensa 283 milhões de dólares: um feito histórico

Em 12 de outubro de 2025, Binance anunciou ter pago 283 milhões de dólares em compensação aos usuários cripto afetados pelos desencaixes de três ativos principais: USDe (Ethena), BNSOL (Binance Solana) e WBETH (Wrapped Beacon ETH). Essa indenização foi distribuída em duas ondas aos traders impactados entre 21h36 e 22h16 UTC do dia 10 de outubro, assim como àqueles que sofreram perdas em transferências internas ou recompras via Binance Earn.

Segundo Binance, os desencaixes — como a queda do USDe para 0,66 $ — ocorreram após o crash, não o contrário, afastando rumores de um ataque dirigido. Contudo, o exchange cripto reconheceu falhas técnicas graves:

• Ordens limite obsoletas (às vezes datadas de 2019) agravaram a queda de tokens como ATOM;
• Um problema de exibição fez parecer um colapso total de certos ativos a 0 dólares (ex.: IOTX/USDT) devido à redução do número de casas decimais permitidas para movimentos de preço;
• Persistem especulações sobre exploração dos oráculos internos (via o sistema “Unified Account”) antes da migração para oráculos externos prevista para 14 de outubro, o que pode ter amplificado os deslocamentos de preço.

Para evitar novos incidentes, Binance prometeu:

• A integração dos preços de recompra nos índices de referência;
• Um piso de preço para USDe;
• Uma revisão dos mecanismos de liquidação.

A responsabilidade dos exchanges cripto: proteger ou indenizar?

As liquidações massivas de outubro de 2025 destacaram uma questão crucial: os exchanges cripto devem se limitar a indenizar após as crises, ou têm a obrigação de preveni-las? Binance, ao reembolsar 283 milhões de dólares, deu o exemplo, mas essa compensação não deve ocultar as falhas técnicas e organizacionais na origem do problema. Ainda mais que o bitcoin e o ethereum sofreram perdas colossais, enquanto mais de 1,6 milhão de traders foram impactados, alguns perdendo milhões em poucos minutos.

As plataformas têm então uma dupla responsabilidade: assegurar os fundos dos usuários e garantir a estabilidade dos mercados. Isso inclui:

• Auditorias regulares;
• Mecanismos de circuit-breakers;
• Limitação da alavancagem excessiva.

Reguladores, como a SEC nos Estados Unidos ou a AMF na Europa, terão que impor regras rigorosas para evitar escândalos repetidos. A confiança dos investidores dependerá da capacidade dos exchanges cripto de conciliar inovação e proteção, caso contrário, novas crises poderão surgir.

Esse crash marca um ponto de virada para a indústria cripto. Os exchanges, antes intocáveis, agora estão sob pressão. Os apelos à regulação tornam-se mais urgentes, mas as respostas demoram. A confiança, uma vez perdida, é difícil de reconstruir. Se as autoridades não reagirem rápido, os traders podem buscar alternativas mais transparentes… ou abandonar o mercado. Resta uma questão: os exchanges centralizados ainda podem ser confiáveis após tal fiasco?