Binance reforça seus laços com Trump via o stablecoin USD1

A maior plataforma de câmbio de criptomoedas do mundo reforça seus laços com a família Trump. Binance acaba de integrar em massa o USD1, o stablecoin da World Liberty Financial, em sua infraestrutura. Uma aproximação que ocorre poucas semanas depois do perdão presidencial concedido ao seu fundador.

Uma integração massiva que redesenha o ecossistema Binance

A Binance avançou decisivamente na quinta-feira em sua aproximação com World Liberty Financial. A plataforma agora oferece negociações sem taxas entre o USD1 e as principais criptomoedas: Bitcoin, Ether, Solana e BNB. Contudo, o anúncio mais significativo diz respeito à reformulação de sua infraestrutura de colateral.

Dentro de sete dias, a Binance converterá todas as reservas que respaldam seu “B-Token” (lastreado no BUSD) para USD1 na proporção de 1:1. Esta transição torna o USD1 um pilar central no ecossistema da Binance, especialmente para negociações com margem e operações de liquidez interna. 

“Essa transição significa que o dólar americano (USD1) se tornará parte integrante da estrutura de garantia atualizada da Binance“, declarou a exchange.

O USD1, totalmente lastreado em títulos do Tesouro dos EUA e lançado em março nas redes Ethereum e BNB Chain, já ocupa o sexto lugar mundial entre os stablecoins. Sua capitalização de 2,7 bilhões de dólares resulta, entre outros motivos, de um investimento massivo de 2 bilhões por MGX de Abu Dhabi na Binance, pago integralmente em USD1. 

Zach Witkoff, CEO da World Liberty Financial, considera “um momento importante para tornar os stablecoins em dólar acessíveis a todos”.

Um contexto político que levanta questões

O tempo desse anúncio não passa despercebido. Sete semanas antes, Donald Trump concedeu um perdão presidencial completo a Changpeng Zhao, fundador da Binance. “CZ” cumpriu quatro meses de prisão por violações das leis contra lavagem de dinheiro, após ter se declarado culpado em novembro de 2023.

Trump, cofundador da World Liberty Financial com seus filhos, justificou este perdão afirmando que “muitas pessoas” lhe disseram que atos de Zhao “nem sequer configuram um crime”. Uma declaração que contrasta com a linha dura adotada pela administração Biden contra o setor cripto.

Esse acordo entre Binance e o stablecoin trumpista levanta questionamentos legítimos sobre as ligações entre política e finanças descentralizadas. A plataforma, banida do mercado americano desde 2023, poderá considerar um retorno? Nenhum anúncio oficial foi feito, mas os sinais se acumulam.

No entanto, o USD1 apresenta sinais de fadiga. Nenhuma nova emissão ocorreu há meses e sua capitalização tem recuado desde o pico de 3 bilhões de dólares alcançado no final de outubro. A aliança Binance-Trump será suficiente para reavivar a dinâmica?

Binance e World Liberty Financial selam uma aliança que vai além da simples cooperação técnica. Esta integração massiva do USD1 redesenha os contornos do mercado de stablecoins e ancora ainda mais a família Trump no ecossistema cripto. Resta saber se esta estratégia servirá à adoção institucional ou alimentará controvérsias sobre as ligações entre poder político e cripto.