Bitcoin: A França recupera o atraso

Uma onda de bitcoins se derrama nos tesouros das empresas. As coisas parecem finalmente se esclarecer na França.

Dois representantes no top 100

Escrevíamos recentemente que estamos assistindo ultimamente a uma corrida dos institucionais sobre o bitcoin. Duas empresas francesas fazem parte agora do Top 100.

Sequans chega à vigésima quarta posição com 3.205 BTC (306 milhões de euros) em tesouraria. Capital B está na vigésima oitava posição com 2.201 BTC (193 milhões de euros).

É pouco comparado às empresas americanas que representam 36% do Top 100 com centenas de milhares de BTC em reserva. No entanto, as coisas se esclarecem graças à Capital B. Seu CEO Alexandre Laizet se dedicou a popularizar a estratégia Bitcoin no hexágono:

Observamos uma verdadeira corrida desde o ano passado. Japão, Canadá, Inglaterra, China, Suécia, Noruega, Emirados Árabes Unidos, Singapura, Espanha, Alemanha. Empresas de cerca de vinte países deram o passo.

Segundo um relatório publicado pela River, elas já investiram 43,5 bilhões de dólares em bitcoin em 2025, contra 31 bilhões para todo o ano de 2024. A esse ritmo, devemos chegar a 67 bilhões este ano, um aumento de mais de 100% em relação ao ano passado!

No total, as empresas detêm coletivamente mais de 6% da oferta total de BTC, ou 1,3 milhão de BTC. Isso é 21 vezes mais do que há cinco anos.

Michael Saylor foi o pioneiro nessa área, desde 2020, quando comprou 250 milhões de dólares em bitcoins para sua tesouraria. Sua empresa MicroStrategy (agora Strategy) possui agora mais de 638.000 BTC (~60 bilhões $).

Qual estratégia?

A maioria das 3.000 empresas entrevistadas pela River considera o bitcoin como um investimento a longo prazo. Sua estratégia é acumulá-lo regularmente, sem intenção de vender a curto-médio prazo. Elas destinam em média 22% de sua receita líquida ao bitcoin. Um terço dedica a maior parte de sua tesouraria nisso.

Aquelas chamadas “Bitcoin Treasury Companies” vão além. Representam 1/4 das empresas, mas realizam 3/4 das compras de BTC. Capital B e Sequans estão nessa categoria. São o segundo maior grupo comprador de bitcoins (1.400 BTC por dia), lado a lado com os ETFs.

O principal objetivo das Bitcoin Treasury Companies é oferecer a certos investidores a possibilidade de comprar BTC de forma indireta, via compra de suas ações ou obrigações.

Elas oferecem um meio prático de obter exposição ao preço onde os ETFs de Bitcoin não estão disponíveis. A razão pode também ser fiscal. No Japão, o imposto sobre ganhos de capital da venda direta de bitcoins é mais alto do que o da venda de ações.

Acima de tudo, alguns investidores não têm o direito de comprar BTC diretamente.

Bitcoin para todas as instituições financeiras

As restrições institucionais tornam a posse direta de bitcoins difícil para muitos grandes investidores, apesar de eles verem o BTC com bons olhos. As restrições estão em seus mandatos de investimento que os limitam a classes específicas de ativos.

Por exemplo, alguns fundos são limitados a obrigações. Então, é impossível comprar bitcoins diretamente. No entanto, esses fundos podem investir em obrigações emitidas por uma Bitcoin Treasury Company, assumindo assim uma posição de alta no bitcoin.

Os fundos de pensão, que geralmente assumem poucos riscos, podem todavia investir em obrigações ou ações preferenciais. Essa abordagem lhes permite se beneficiar do potencial de alta do BTC, reduzindo a volatilidade e respeitando rigorosamente suas diretrizes de investimento.

Por exemplo, a Strategy emite ações preferenciais que oferecem dividendos fixos, sem direito a voto. Elas são projetadas para fornecer exposição ao bitcoin por meio de sua tesouraria com mais de 638.000 BTC. Tem para todos os gostos. Seus diferentes produtos financeiros se chamam STRF, STRC, STRK, STRD, etc.

A Strategy arrecadou desde o início do ano mais de 11,5 bilhões de dólares via ações ordinárias, e 7,8 bilhões via produtos financeiros mais exóticos que acabamos de citar. Todo esse dinheiro foi imediatamente usado para acumular mais BTC.

Bitcoin, a tese de investimento

Para a River, a combinação única de raridade e liquidez do bitcoin o torna um meio confiável para preservar os lucros. E ainda mais porque os ativos tradicionais de tesouraria (títulos do governo, etc.) não conseguem mais preservar seu valor diante da inflação.

Desde 2020, grandes empresas como Microsoft, Google e Apple perderam dezenas de bilhões em poder de compra. Essas perdas teriam sido totalmente compensadas se tivessem alocado ao menos 1% de suas tesourarias em bitcoin.

River

As abordagens tradicionais (recompra de ações, aquisições, investimentos estratégicos, etc.) funcionam bem durante períodos de forte crescimento econômico. Mas os tempos mudam… Limites físicos ao crescimento (energia), tarifas alfandegárias, guerra fria… O crescimento não para de diminuir década após década.

Diante dessa realidade, a maneira mais eficaz de fortalecer sua resiliência financeira é manter reservas de valor. O bitcoin aparece cada vez mais como um meio privilegiado de preservar lucros. A River espera que o bitcoin se imponha como uma moeda de reserva global.

“No futuro, cada indivíduo terá uma poupança em bitcoins e cada empresa terá bitcoins no seu balanço”, pode-se ler no relatório.

Este escriba está de acordo. Sabendo que apenas quatro empresas do S&P 500 abraçaram o bitcoin. Sem contar que os Estados Unidos parecem prestes a fazer do BTC sua moeda de reserva. Ainda cedo…

Nosso artigo sobre o tema: Os Estados Unidos estão “all-in” no Bitcoin.