Bitcoin avança rumo a 115.000 $, mas traders temem uma armadilha

Os últimos dados da inflação americana insuflam um novo impulso ao bitcoin. Contudo, os analistas permanecem divididos sobre a trajetória de curto prazo. A criptomoeda líder flerta com os 115.000 dólares enquanto as especulações sobre uma queda nas taxas do Fed se intensificam. Poderia uma nova correção preceder a tão esperada decolagem?

A inflação americana impulsiona as esperanças de alta do Bitcoin

Os investidores em bitcoin tiveram motivos para se alegrar na manhã de quinta-feira. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) americano de agosto saiu conforme as expectativas, em 2,5% ao ano.

Esse dado, somado à desaceleração expressiva do índice de preços ao produtor na véspera, confirma a tendência de queda da inflação do outro lado do Atlântico.

O verdadeiro catalisador vem, entretanto, do mercado de trabalho. Os pedidos iniciais de benefícios de desemprego saltaram para 263.000, contra 235.000 esperados. Este nível é o mais alto desde outubro de 2021, alimentando preocupações sobre a saúde do mercado de trabalho americano.

Essa conjunção de dados reforça significativamente as expectativas de afrouxamento monetário. Os mercados agora antecipam 75 pontos base de redução das taxas de juros até o fim do ano. Ainda mais impressionante: a probabilidade de uma queda de 0,5% na reunião de 17 de setembro alcança agora 11%.

Para o bitcoin, essas perspectivas são particularmente favoráveis. A criptomoeda principal tradicionalmente se beneficia das políticas monetárias acomodativas, que direcionam investidores para ativos alternativos. A superação do patamar simbólico de 114.000 $ ilustra essa dinâmica, com o bitcoin atingindo seus maiores níveis em três semanas.

Analistas divididos entre euforia e prudência tática

Apesar dessa performance notável, os analistas permanecem divididos sobre a trajetória de curto prazo do bitcoin. Os otimistas veem nessa recuperação o prelúdio de um assalto aos 115.000 $, ou até mais. A mudança dos 113.500 $ de nível de resistência para suporte constitui, para eles, um sinal técnico importante.

” A inflação não está tão alta quanto o previsto; uma queda das taxas é esperada para mais tarde neste mês. “, resume o trader popular Jelle em um post no X. Essa leitura sugere que o bitcoin poderia continuar sua ascensão, impulsionado pela melhora do contexto macroeconômico.

Outras vozes são mais cautelosas. O analista Trader Skew prevê uma “liquidação antes de uma alta”, apontando para a aparição de 2.000 BTC em liquidez nos livros de ordens. Essa configuração técnica poderia prender as posições longas massivamente abertas após a divulgação dos dados de inflação.

O histórico recente também advoga por prudência. Ted Pillows observa um padrão recorrente:

Nas três últimas divulgações dos dados do IPC, o bitcoin subiu antes da publicação e caiu logo após a divulgação dos dados.

Essa análise técnica sugere que uma correção pode ocorrer, apesar do otimismo predominante.

Essa volatilidade no bitcoin ocorre em um contexto geopolítico particular. Michael Saylor, figura emblemática da adoção institucional, intensifica sua campanha para convencer Washington a acumular maciçamente reservas de bitcoin.

O Congresso está, aliás, examinando um projeto que impõe ao Tesouro um relatório sobre a viabilidade de uma reserva estratégica em 90 dias. Juntos, esses elementos alimentam a narrativa “Bitcoin ativo estratégico”, suscetível de reforçar a demanda a médio prazo, mesmo que o curto prazo permaneça sujeito a choques de liquidez.