Bitcoin despenca 25 % e se aproxima do death cross

Enquanto a tensão aumenta no mercado, o Bitcoin está prestes a ultrapassar um limite técnico crítico : o “death cross”. Este sinal, temido pelos traders, ocorre em um momento crucial, na interseção de uma correção de 25 % e de um clima macroeconômico incerto. Se alguns o veem como um indicador clássico de baixa, outros lembram que ele coincidiu com pontos baixos do mercado. Nesse contexto, as certezas vacilam, e cada candle se torna um teste para o moral dos investidores.

O sinal do death cross : indicador de baixa ou ponto de inflexão?

Apenas um mês depois de alcançar uma máxima histórica acima de 126.000 dólares, o BTC caiu quase 25%, apagando temporariamente todos os seus ganhos desde o início do ano.

Os dados da Glassnode revelam que os indicadores de tendência de curto e longo prazo estão prestes a cruzar para baixo, um fenômeno conhecido como “death cross”. Essa configuração, na qual a média móvel de 50 dias (MA50) cai abaixo da média móvel de 200 dias (MA200), é geralmente vista como um sinal de baixa.

A média móvel de 50 dias do bitcoin em 110.669 $ está agora prestes a passar abaixo da média móvel de 200 dias em 110.459 $. Essa dinâmica é frequentemente temida, pois reflete um enfraquecimento do momentum de curto prazo em relação à tendência de fundo.

No entanto, os dados históricos dos últimos dois anos questionam essa leitura pessimista. Desde o início do ciclo de alta de 2023, cada aparição de um death cross marcou um fundo local em vez de um colapso prolongado. Aqui estão os casos anteriores registrados :

• Setembro de 2023 : o death cross coincide com um piso técnico em torno de 25.000 $ ;

• Agosto de 2024 : no meio da crise do yen carry trade, o bitcoin se recupera após atingir 49.000 $ ;

• Abril de 2025 : em um contexto de incertezas relacionadas às políticas tarifárias de Trump, o BTC caiu brevemente abaixo de 75.000 $ antes de voltar a subir ;

• Novembro de 2025 : o preço do bitcoin beira os 94.000 $, e alguns analistas já veem os primeiros sinais de um novo rebound, pouco antes do cruzamento esperado.

Esse quarto cruzamento pode muito bem, mais uma vez, desempenhar o papel de “armadilha para vendedores” em vez de precursor de um crash.

O equilíbrio frágil do mercado

A situação atual, no entanto, não se resume a uma leitura técnica. O contexto macroeconômico atua como um catalisador dessa volatilidade.

O fim do shutdown governamental americano, ocorrido em 12 de novembro após 43 dias de paralisação, paradoxalmente desencadeou uma queda de 10 % do BTC em poucos dias. Esse tipo de reação já havia sido observada em janeiro de 2019, quando o bitcoin recuou 9 % nos cinco dias seguintes à retomada das atividades governamentais.

Paralelamente, outro fator pesa sobre a dinâmica de alta : os comportamentos de realização de lucros pelas baleias. Não se trata de um movimento de pânico, mas de um padrão clássico do fim de ciclo de alta.

Esse aumento gradual reflete uma pressão crescente de distribuição por parte dos detentores antigos, um padrão típico de realização de lucros no fim do ciclo, e não uma saída repentina das baleias. Essa nuance é essencial, pois mostra que os movimentos observados estão menos ligados a uma crise de confiança e mais a uma gestão tática de risco pelos investidores experientes.

Como explica Matt Hougan, CIO da Bitwise, “os fundamentos permanecem sólidos… Eu penso que 2026 será um bom ano”.

Em médio prazo, essa combinação de fatores levanta a questão da validade do ciclo quadrienal tradicional nas criptos. Apesar de uma adoção institucional mais ampla, o crescimento dos ETFs de Bitcoin e uma administração Trump vista como pró-crypto, o mercado mostra sinais de fraqueza. Para progredir, o mercado deverá primeiro atravessar esta fase de instabilidade.