Bitcoin : Michael Saylor em negociação urgente com MSCI para salvar Strategy

Enquanto o bitcoin atravessa uma nova zona de turbulência, Michael Saylor se encontra no centro de um braço de ferro decisivo com a MSCI. Ameaça de exclusão dos índices, pressão dos investidores institucionais e exposição maciça ao ativo rei: sua aposta no Bitcoin está mais do que nunca sendo colocada à prova.

Um gigante do Bitcoin diante de uma tempestade institucional

Michael Saylor, figura icônica do bitcoin e presidente da Strategy, está hoje no centro de uma negociação crucial com a MSCI, o gigante dos índices de bolsa mundiais. Em jogo: o próprio futuro da empresa nos índices MSCI USA e MSCI World, dos quais ela atualmente faz parte.

A ameaça de exclusão é pesada, devido a um balanço considerado demasiado volátil, consequência direta de sua exposição maciça ao Bitcoin. Para a MSCI, essa volatilidade compromete a estabilidade esperada das empresas presentes em seus índices, enquanto para Saylor, trata-se de uma verdadeira batalha existencial.

A questão ultrapassa amplamente as fronteiras da Strategy. Uma saída do índice poderia desencadear saídas de capital avaliadas em 2,8 bilhões de dólares, segundo o JP Morgan. E se outros provedores de índices seguissem, o impacto global poderia subir a 8,8 bilhões. Mas Saylor, fiel ao seu estilo provocador, contesta vigorosamente esses números, qualificando as estimativas do banco americano de “aproximadas” e potencialmente “tendenciosas”.

O duplo rosto da estratégia Bitcoin de Saylor

Desde 2020, a Strategy se destacou como a primeira empresa listada a transformar seu tesouro de guerra em Bitcoin. Uma manobra audaciosa, elogiada em seus primórdios, mas que hoje se torna uma espada de dois gumes.
Quando o bitcoin sobe, a ação MSTR age como uma alavanca especulativa, multiplicando os ganhos. Mas quando o mercado reverte, a queda é brutal. A recente queda de 10% do bitcoin, inclusive, foi suficiente para provocar uma nova onda de vendas, precipitando a ação em uma espiral de -60% desde julho.

As críticas não faltam. Alguns investidores veem nas recentes ações do JP Morgan, especialmente o endurecimento das margens sobre os empréstimos lastreados em MSTR, um ataque coordenado contra a empresa de Saylor. Outros veem mais como a materialização de um risco estrutural: o de uma empresa estreitamente indexada em um ativo ultra-volátil.

Saylor, por sua vez, não se abala. “Se o bitcoin cair 30% ou 40%, nossa ação vai piorar, é matemático”, reconheceu com uma lucidez quase estoica. Mas por trás desse fatalismo aparente, o bilionário joga uma partida de xadrez com as instituições, apostando na resiliência da criptomoeda rainha.

Entre perdas antecipadas e fé inabalável

O diagnóstico é brutal: a Strategy antecipa até 5,5 bilhões em perdas em 2025 se o bitcoin permanecer abaixo dos 100.000 $. Diante desse cenário, a empresa vendeu parte de seus ativos para constituir uma reserva de 1,44 bilhão de dólares em liquidez, destinada a honrar seus dividendos e dívidas. Uma manobra considerada defensiva pelos analistas, mas que Saylor apresenta como uma estratégia de sobrevivência de curto prazo.

Apesar da tempestade, o homem não desiste. Longe de reduzir sua exposição, ele comprou 130 Bitcoins (BTC) adicionais, elevando o tesouro de guerra da Strategy para 650.000 BTC, avaliados em cerca de 59 bilhões de dólares. Um gesto quase simbólico, mas que envia uma mensagem clara: Saylor permanece convencido de que o bitcoin ainda não disse sua última palavra.

A recente alta do bitcoin, de 6,5% em 24 horas a 92.998 dólares, oferece um leve respiro para Saylor e a Strategy, enquanto a pressão da MSCI e dos mercados institucionais permanece palpável. No entanto, por trás dessa melhora temporária, uma questão continua a crescer: o bitcoin está hoje subvalorizado, enquanto alguns estimam que seu valor real poderia se aproximar dos 270.000 dólares? Se tal perspectiva se concretizar, ela reforçaria a estratégia audaciosa da Strategy, ao mesmo tempo em que destaca o fosso crescente entre a visão dos partidários do Bitcoin e a prudência sempre rígida das grandes instituições financeiras como a MSCI.