Bitcoin, ou dólar... os investidores se reposicionam antes do Fed

Nas últimas semanas, as correções bruscas deixaram de ser a norma para o Bitcoin. Em vez disso, ocorre uma ascensão lenta e constante. A volatilidade persiste, mas as quedas já não rompem os níveis-chave. Muitos analistas não hesitam mais em considerar uma alta para a rainha das criptomoedas. Eles se baseiam em um coquetel explosivo: política monetária incerta, injeção discreta de liquidez e enfraquecimento do dólar americano.

Bitcoin desafia as expectativas do FOMC

Apesar de uma reunião iminente do FOMC, o preço do bitcoin está acima de 95.000 dólares. Esse patamar simbólico não foi atingido por acaso. Reflete uma dinâmica bem estabelecida, reforçada pelas expectativas do mercado. O consenso aposta na manutenção das taxas na faixa de 4,25–4,50 %, mas o mercado observa especialmente o tom de Jerome Powell. O menor sinal de uma fala mais acomodatícia pode liberar um novo impulso de alta.

Em março, uma pausa surpresa nas taxas foi suficiente para impulsionar o BTC além dos 87.000 $. Hoje, mesmo sem queda, os sinais estão lá. Segundo King Baldwin:

Um tom dovish pode levar o Bitcoin para cerca de 100.000 dólares.

O mercado de títulos reforça essa tese. A probabilidade de uma taxa abaixo de 4 % até setembro caiu de 90 % para 76 %. Essa queda reflete revisões nas expectativas, mas não sua eliminação. A prudência domina, mas a especulação se organiza.

Quando o Fed injeta sem admitir

Por trás da aparente calma, o Fed age. Em 5 de maio, ele comprou 20,5 bilhões de dólares em títulos do Tesouro. Essa operação via SOMA se assemelha muito a um afrouxamento quantitativo disfarçado. O analista @MDBitcoin não mede palavras:

Isso não é um mercado. Isso não é um comprador. É um respaldo monetário automático.

O dólar enfraquece, o ouro sobe 12% em 30 dias. O bitcoin então se torna um refúgio lógico em 2025. Os sinais macro convergem para uma situação instável: inflação persistente, endividamento massivo e política monetária incoerente.

Jim Paulsen lembra:

Cada vez que a taxa dos Fed Funds ultrapassa a taxa neutra, a recessão se anuncia.

A economia americana oscila e os compradores tradicionais de títulos do Tesouro recuam. O Fed precisa absorver as emissões. Esse mecanismo cria um ciclo: criação monetária, valorização dos ativos raros e retorno da inflação. O bitcoin, por sua natureza, se liberta desse ciclo. Sua escassez e independência colocam-no como contraponto ao dólar. Enquanto essa mecânica persistir, os compradores continuarão a ver nele uma fuga confiável.

Dados técnicos e macro: os números falam

Os dados de mercado apoiam essa dinâmica. A maioria dos sinais técnicos e fundamentais apontam para uma continuação de alta. O índice do dólar (DXY) caiu abaixo de 100 pela primeira vez desde julho de 2023. O ouro flerta com os 3.500 dólares, próximo de seu recorde absoluto. As taxas reais permanecem altas, mas o rendimento dos títulos dos EUA a 3,7% já não encontra compradores.

SOMA torna-se o comprador de último recurso. Investidores institucionais se refugiam em ativos raros.

Aqui estão os dados para lembrar:

• BTC gira em torno de 95.000 $, com potencial de curto prazo para 100.000 $;
• DXY abaixo de 100: enfraquecimento estrutural do dólar;
• 76% de chance de uma taxa ≤ 4% até setembro;
• Ouro +12% em 30 dias, nível quase recorde;
• Probabilidade de recessão em 60% (fonte Kalshi).

Nesse contexto, o bitcoin se destaca como uma rota de fuga. É visto como um ativo anticrise, refúgio contra a diluição monetária e ferramenta de proteção individual. Essa posição foi construída ao longo das crises e parece agora internalizada por uma grande parte do mercado.

No momento, 88% dos detentores de bitcoin estão em posição vencedora. Apenas as compras feitas acima de 95.000 $ estão em perda. Isso reforça a ideia de que o mercado é estruturalmente altista. O ambiente econômico, por sua vez, continua a favorecer os ativos raros. O Fed hesita, o bitcoin avança.