BRICS: Moedas locais ganham espaço na Europa e afastam o dólar
À revelia do grande público, uma mudança monetária está ocorrendo na Europa. O dólar americano perde terreno lá. Desde o início do ano, empresas e fundos estrangeiros exigem pagamentos em moedas locais, revelando uma ruptura estratégica no cerne das finanças continentais. Esse movimento, longe de ser anecdótico, está alinhado com as ambições dos BRICS, decididos a corroer a hegemonia do dólar. Discretamente, é a própria arquitetura das trocas internacionais que vacila, impulsionada por uma aliança emergente em busca de soberania econômica.
Em resumo
- O dólar americano perde espaço na Europa, onde empresas agora exigem transações em moedas locais.
- Bancos e instituições financeiras europeias recebem cada vez mais pedidos para contornar o dólar nos pagamentos.
- Essa evolução faz parte da estratégia promovida pelos BRICS para promover moedas locais no cenário mundial.
- A tecnologia financeira e o aumento da liquidez facilitam hoje os pagamentos diretos entre moedas não americanas.
Uma nova realidade nas casas de câmbio europeias
Os pedidos de clientes europeus para realizar transações em moedas locais em vez de dólares estão se multiplicando.
Segundo as revelações do Luxembourg Times, vários bancos, corretores e entidades financeiras europeias têm enfrentado nos últimos meses uma evolução inédita na maneira como seus clientes internacionais desejam realizar suas transações.
Pela primeira vez, fundos institucionais estrangeiros solicitam expressamente evitar o dólar americano nos pagamentos. As instituições financeiras europeias recebem pedidos para transações, incluindo coberturas (hedges), que contornam o dólar americano.
Esses pedidos envolvem o uso direto de moedas locais como o yuan chinês, o dirham dos Emirados, o dólar de Hong Kong ou mesmo o euro. O fenômeno, embora discreto, é descrito como uma inflexão significativa pelos atores envolvidos.
Essa reavaliação do papel central do dólar nos fluxos internacionais é observada concretamente em vários casos operacionais. Por exemplo, quando uma empresa japonesa transferia dinheiro para um fundo baseado nas Filipinas através de um banco europeu, o esquema clássico envolvia primeiro uma conversão para dólares antes de uma nova troca para o peso filipino.
Agora, os clientes exigem que essa etapa intermediária seja eliminada. Os pedidos incluem especialmente:
- Abandonar o dólar como moeda intermediária em transferências internacionais;
- Tratar diretamente em moedas locais mesmo em operações transcontinentais;
- Otimização fiscal e regulatória graças à simplificação dos circuitos monetários;
- Uma resposta ideológica alinhada com os objetivos da aliança dos BRICS, com vista a afirmar as soberanias econômicas regionais diante da hegemonia do dólar.
Essa mudança insere-se claramente na linha estratégica promovida pelos países do BRICS, que há vários anos defendem uma reconfiguração do sistema monetário mundial.
O fato de esses pedidos chegarem hoje aos departamentos de conformidade europeus demonstra que essa ideologia vai além dos discursos diplomáticos. Ela começa a transformar a prática concreta dos pagamentos globais.
Uma mudança favorecida pela tecnologia e pelas condições de mercado
Embora a ideologia geopolítica dos BRICS impulsione essa dinâmica, os mecanismos técnicos que a tornam possível são igualmente decisivos.
Gene Ma, diretor de pesquisa da China no Institute of International Finance (IIF), identifica os dois principais alavancadores: “o aumento das transações entre moedas não americanas deve-se principalmente ao desenvolvimento tecnológico e ao aumento da liquidez”.
Em outras palavras, não é apenas um repúdio ao dólar que motiva os atores, mas também a percepção crescente de que pagamentos diretos entre moedas locais são tecnicamente viáveis, mais rápidos e não necessariamente mais caros.
O mercado de derivativos de moedas ilustra essa tendência. Ainda segundo as informações relatadas, os pedidos por produtos derivativos que permitem se proteger contra as flutuações das moedas locais, sem usar o dólar, estão claramente em alta.
Essas ferramentas eram anteriormente pouco usadas fora do circuito do dólar, mas o crescimento das infraestruturas fintech e a diversificação dos pools de liquidez tornam essas estratégias mais acessíveis.
O legado das tensões comerciais entre os Estados Unidos e vários blocos regionais, iniciadas por Donald Trump, também pesa sobre a confiança dos investidores no papel central do dólar. Mesmo que as medidas tarifárias americanas estejam hoje em pausa, o clima de incerteza persiste.
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Diplômé de Sciences Po Toulouse et titulaire d'une certification consultant blockchain délivrée par Alyra, j'ai rejoint l'aventure Cointribune en 2019. Convaincu du potentiel de la blockchain pour transformer de nombreux secteurs de l'économie, j'ai pris l'engagement de sensibiliser et d'informer le grand public sur cet écosystème en constante évolution. Mon objectif est de permettre à chacun de mieux comprendre la blockchain et de saisir les opportunités qu'elle offre. Je m'efforce chaque jour de fournir une analyse objective de l'actualité, de décrypter les tendances du marché, de relayer les dernières innovations technologiques et de mettre en perspective les enjeux économiques et sociétaux de cette révolution en marche.
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