Christine Lagarde endurece o discurso sobre os stablecoins estrangeiros: A Europa quer retomar o controle
A presidente do Banco Central Europeu entra em cena contra os stablecoins lastreados no dólar. Durante uma conferência em Frankfurt, Christine Lagarde exigiu garantias “firmes” para qualquer emissor estrangeiro que deseje operar na UE. Um sinal forte dos receios europeus diante da crescente influência do dólar nos pagamentos digitais transfronteiriços.
Em resumo
- Christine Lagarde impõe condições de equivalência rígidas aos stablecoins estrangeiros que desejam operar na UE.
- O BCE teme que uma corrida bancária sobre os stablecoins favoreça as jurisdições mais protegidas, como a Europa.
- Os stablecoins representam agora cerca de 290 bilhões de dólares em capitalização global, dominados pelo USDT americano.
- Esta declaração faz parte de uma estratégia europeia para combater a hegemonia do dólar via stablecoins.
Christine Lagarde exige garantias rigorosas para os stablecoins estrangeiros
Na quarta-feira, durante a conferência do Conselho Europeu de Risco Sistêmico em Frankfurt, Christine Lagarde levantou o tom.
A presidente do BCE exige que os stablecoins estrangeiros cumpram as normas europeias antes de qualquer atividade na União. Uma postura que marca uma virada na abordagem europeia dos ativos digitais.
Em um discurso em Frankfurt, Christine Lagarde enfatizou que esses ativos devem respeitar o quadro regulatório do bloco para prevenir arbitragem e proteger a estabilidade financeira.
Por trás dessa linha vermelha, um alvo evidente: os gigantes americanos Tether (USDT) e Circle (USDC), cuja capitalização combinada ultrapassa 220 bilhões de dólares. A questão vai além da técnica: é uma batalha pela infraestrutura monetária na era digital.
A chefe do BCE também alertou contra uma má gestão das liquidez entre jurisdições. Em caso de crise de confiança, os detentores buscarão resgate nas zonas mais protegidas.
Entretanto, na Europa, a MiCA proíbe taxas de resgate: um afluxo de pedidos poderia esgotar rapidamente as reservas locais se o emissor operar em outro lugar enquanto capta os reembolsos.
Esta ofensiva faz parte de uma estratégia mais ampla. Há meses, as autoridades europeias multiplicam alertas sobre os stablecoins. O Banco da França, aliás, alertou em junho para um risco de “privatização da moeda”. Um vocabulário assumido, que revela a crescente preocupação dos banqueiros centrais diante do crescimento de ativos privados capazes de contornar seu controle.
A Europa diante do desafio da soberania monetária
Os números falam por si: cerca de 290 bilhões de dólares em stablecoins circulam hoje no mundo. O USDT concentra cerca de 60% do mercado, reforçando a hegemonia do dólar na economia digital. Uma situação que Christine Lagarde pretende contrariar.
Ela compara esses desafios aos enfrentados por grupos bancários internacionais, sujeitos a índices de liquidez rigorosos para evitar desequilíbrios entre filiais.
Diante dessa ascensão dos stablecoins estrangeiros, a Europa acelera seus próprios projetos. O euro digital, tecnicamente pronto segundo as autoridades, pode ser lançado antes do fim de 2025. Um projeto defensivo visando preservar a autonomia monetária europeia em um mundo cada vez mais digitalizado.
Mas a tarefa se anuncia difícil. Enquanto a Europa hesita, os Estados Unidos avançam. O GENIUS Act americano já estabeleceu um quadro legal favorável aos stablecoins domésticos.
Por sua vez, o CEO da Tether, Paolo Ardoino, recusou categoricamente submeter o USDT ao regulamento MiCA, considerando as exigências europeias “perigosas” para o sistema bancário.
As declarações de Christine Lagarde marcam um novo passo na batalha regulatória em torno dos stablecoins. Longe de ser um simples debate técnico, esta ofensiva revela as tensões geopolíticas sobre o futuro da moeda digital. A Europa parece determinada a não deixar o campo livre para os gigantes americanos da cripto.
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