Cripto: A soberania monetária da Europa em perigo segundo o BCE
O Banco Central Europeu não está mais criando ilusões: o euro digital, por si só, não será suficiente para preservar a soberania monetária da União diante da ascensão dos stablecoins em dólares. Em uma constatação ao mesmo tempo lúcida e preocupante, o conselheiro Jürgen Schaaf sugere uma mudança estratégica. A solução talvez não venha do próprio BCE, mas sim do ecossistema cripto privado, muito mais ágil.
Em resumo
- O BCE alerta: a ascensão das criptomoedas ameaça o controle monetário da Europa.
- Bitcoin e Ethereum desafiam a autoridade do euro no continente.
- Rumo à perda da soberania financeira? A Europa sob pressão diante das criptomoedas.
Os stablecoins em dólares, uma onda ignorada por tempo demais
Os números falam por si: a maioria das transações cripto mundiais depende de stablecoins atrelados ao dólar, como o USDT, que acaba de bater um novo recorde, ou o USDC. Esse fenômeno confere uma influência monetária desmedida aos Estados Unidos, muito além de suas fronteiras. A Europa, por sua vez, demora a impor alternativas credíveis denominadas em euros.
Jürgen Schaaf não poupa palavras: apesar da existência de um marco regulatório como o MiCA (Markets in Crypto-Assets), os stablecoins em euros têm dificuldade para decolar. Sua adoção permanece marginal, limitada pela falta de atratividade tecnológica e pela ausência de um ecossistema verdadeiramente estruturado. A cripto europeia, muito cautelosa, lenta e institucional, enfrenta dificuldades para se impor.
Pior ainda, a regulação americana, personificada pelo GENIUS Act, parece ter tomado grande vantagem. Enquanto a Europa ainda ajusta seus textos, os Estados Unidos exportam sua moeda em grande escala graças à blockchain. O resultado é inquestionável: uma perda real de influência monetária para a União Europeia.
Uma estratégia cripto ampliada: entre euro digital, DLT e inovação privada
Diante desse cenário, Schaaf não defende um retrocesso tecnocrático. Ele chama para repensar profundamente a estratégia europeia. A cripto não pode mais depender apenas de uma moeda digital de banco central. É preciso adotar uma visão mais aberta, flexível e colaborativa.
Em um artigo publicado no site do BCE, reproduzido pelo Cointelegraph, o conselheiro destaca que o euro digital, por si só, não será suficiente para conter a ascensão dos stablecoins lastreados em dólar.
Nesse enfoque ampliado, os stablecoins em euros, desde que bem regulamentados, tornam-se uma alavanca estratégica de primeiro plano. Impulsionados pela iniciativa privada, mas sujeitos a uma regulação rigorosa, esses ativos poderiam atender às necessidades do mercado ao mesmo tempo em que devolvem peso ao euro no universo cripto.
O segundo pilar dessa estratégia se baseia na exploração das tecnologias DLT (Distributed Ledger Technology), capazes de modernizar os pagamentos em grande escala e otimizar as transferências transfronteiriças. Nesse ponto, a inovação ao nível das infraestruturas torna-se tão determinante quanto a própria emissão monetária.
A urgência de uma resposta coordenada e ambiciosa
Mas essa estratégia só poderá funcionar se houver uma saída da abordagem fragmentada. Jürgen Schaaf enfatiza a necessidade de uma coordenação internacional para evitar a disparidade de regras e práticas.
A Europa precisa falar com uma única voz, não apenas diante dos Estados Unidos, que acabaram de aprovar três leis importantes capazes de mudar completamente o cenário, mas também diante dos gigantes privados do Web3.
A soberania monetária, por muito tempo considerada uma questão estritamente estatal, está agora intimamente ligada à evolução do setor cripto. Ignorá-la significaria aceitar, a longo prazo, o desaparecimento progressivo do euro nos usos digitais.
Nessa perspectiva, o BCE parece finalmente disposto a considerar o que muitos atores do ecossistema cripto vêm reivindicando há anos: uma cooperação entre o setor público e a inovação privada, em um quadro tanto rigoroso quanto aberto. Pois na era da moeda descentralizada, a soberania não se escreve mais somente nos tratados; ela também está codificada no código.
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Fasciné par le bitcoin depuis 2017, Evariste n'a cessé de se documenter sur le sujet. Si son premier intérêt s'est porté sur le trading, il essaie désormais activement d’appréhender toutes les avancées centrées sur les cryptomonnaies. En tant que rédacteur, il aspire à fournir en permanence un travail de haute qualité qui reflète l'état du secteur dans son ensemble.
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