Cripto: Os altcoins se vingam do Bitcoin

Enquanto o bitcoin luta para recuperar o fôlego, os altcoins capturam a atenção do mercado. O Altcoin Season Index ultrapassa 50, sinalizando uma fase de rotação para ativos alternativos. Mas essa dinâmica é realmente sólida, ou é apenas um fogo de palha?

Altcoins: um índice chave ultrapassa 50, início da verdadeira temporada?

Em poucos dias, o Altcoin Season Index (ASI) subiu de 39 para 51, ultrapassando o limite técnico que marca a entrada em uma altseason. Esse indicador composto mede o desempenho dos 50 principais altcoins frente ao bitcoin em um período de 90 dias. Historicamente, uma pontuação acima de 75 indica uma verdadeira euforia altcoins; com 51, o mercado entra em uma zona cinzenta, aquela da esperança mais do que da certeza.

Este nível, embora modesto à primeira vista, representa uma mudança de regime perceptível. Reflete um aumento do interesse dos investidores por projetos alternativos de natureza narrativa, em contraste com a lentidão atual do bitcoin.

Os analistas se opõem à viabilidade da Altseason

A temporada de altcoins explode: o índice atinge 51 enquanto o hype chega a um ponto de fervura, alimentado por uma série de rallies inesperados e uma euforia crescente nas redes sociais. Mas nem todos os observadores compartilham o entusiasmo que esse número parece inspirar. Para o analista CW8900, ainda estamos no início de um movimento mais amplo. Ele menciona uma configuração técnica favorável na capitalização total dos altcoins, porém sem uma validação macroeconômica real.

Por outro lado, Miles Deutscher fala de uma “popcorn season“: tokens surgem do nada, explodem brevemente e depois caem. Uma dinâmica desordenada, difícil de acompanhar e ainda mais arriscada de explorar. Segundo ele, o erro clássico é correr atrás dos aumentos ao invés de entender o que os alimenta. A cautela permanece essencial, apesar da alta do índice ASI.

Altcoins: simples euforia ou verdadeira recuperação como em 2017?

Por trás da performance superficial, escondem-se micro-narrativas tão variadas quanto voláteis:

• Tokens de IA;
• Memecoins;
• Ecossistemas comunitários.

Esses segmentos despertam atenção especulativa, mas sem uma consolidação clara dos fundamentos. E para piorar, os dados essenciais trazem pouca clareza. O volume permanece fragmentado, a dominância do bitcoin cai ligeiramente sem colapso, e os capitais institucionais mostram uma preferência marcada por produtos regulados em torno do BTC, como os ETFs spot. No estado atual, é difícil dizer se essa rotação é estrutural ou puramente tática.

Um olhar sobre os ciclos anteriores (2017, 2021) mostra que os altcoins frequentemente assumem a liderança quando o bitcoin entra em consolidação prolongada. A alta atual poderia, portanto, se encaixar em um padrão clássico, com uma rotação progressiva para infraestruturas L1, soluções L2 e alguns protocolos DeFi.

Bitcoin enfraquecido? O rei das criptos diante do retorno dos altcoins

O bitcoin evolui sem uma direção clara, preso em uma faixa estreita apesar das decisões macroeconômicas. Sua volatilidade, agora moderada pelos ETFs spot, limita seus excessos de alta. O mercado parece preferir altcoins mais dinâmicos, alimentados por narrativas. Essa transição levanta uma questão chave: o bitcoin continua sendo o centro de gravidade do mercado ou desliza para um papel mais passivo?

Historicamente, as fases de sobreperformance dos altcoins foram temporárias. Contudo, a recente queda da dominância do BTC para 61% pode indicar uma mudança temporária para lógicas setoriais, corroendo a liderança histórica do bitcoin em favor de outros ativos.

Os altcoins ganham terreno, aproveitando um momento de espera do bitcoin. Mas a história mostra que essas fases de desconexão raramente são duradouras. Se o BTC recuperar força, ele pode novamente atrair capitais. Enquanto isso, os investidores observam sinais fracos para tentar adivinhar se esta altseason tem condições para durar… ou se será, mais uma vez, absorvida pelo peso do rei.