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Cúpula dos BRICS no Rio abre com tensões crescentes

22h15 ▪ 5 min de leitura ▪ por Luc Jose A.
Informar-se Géopolitique

Na abertura da cúpula dos BRICS no Rio, Donald Trump reacendeu as tensões comerciais, ameaçando taxar excessivamente qualquer país alinhado com esse bloco emergente. Diante de uma coalizão que desafia a hegemonia americana, a confrontação ultrapassa as tarifas alfandegárias para atingir as relações de força globais. Os BRICS intensificam sua ruptura com Washington, multiplicando iniciativas para se libertar do dólar, em um contexto onde a ordem monetária mundial se fragiliza.

Donald Trump, figura imponente, terno azul saturado, gravata vermelha vibrante e uma mecha loira exagerada. Ele sorri de forma provocadora enquanto abaixa uma barreira alfandegária metálica com uma alavanca. Os líderes dos BRICS o observam em posturas de reação.

Em resumo

  • A cúpula dos BRICS 2025 começa no Rio em um clima tenso, marcado por fortes preocupações comerciais.
  • Os BRICS denunciam medidas alfandegárias unilaterais que, segundo eles, distorcem as regras do comércio mundial.
  • Uma declaração conjunta pede o fortalecimento da cooperação Sul-Sul e a luta contra o protecionismo disfarçado.
  • Donald Trump reage fortemente com uma ameaça de sobretaxa de 10% para todos os países alinhados aos BRICS.

Os BRICS na defensiva diante de medidas unilaterais

A cúpula do Rio, que pode se tornar uma desilusão para o bloco, foi aberta sob vigilância intensa, em uma atmosfera carregada de tensão diplomática. Reunidos no Brasil por dois dias, os líderes dos BRICS publicaram já na abertura uma declaração conjunta expressando suas “sérias preocupações” diante do aumento das tarifas alfandegárias impostas unilateralmente.

Sem nunca nomear os Estados Unidos, os signatários denunciam “o aumento de medidas alfandegárias e não alfandegárias unilaterais que distorcem o comércio”. Segundo eles, essas práticas prejudicam as “perspectivas de desenvolvimento econômico global”. Os BRICS, que representam cerca de 40 % do PIB mundial e metade da população do planeta, pretendem assim fazer frente comum, apesar dos interesses às vezes divergentes.

Nesta declaração, os membros do bloco também afirmam seu compromisso com uma ordem econômica mais justa. Destaca-se entre elas :

  • A denúncia explícita de todas as formas de protecionismo disfarçado, incluindo barreiras não tarifárias ;
  • O apelo ao fortalecimento da cooperação Sul-Sul para limitar a dependência em relação às economias ocidentais ;
  • O alerta contra os riscos sistêmicos induzidos por medidas econômicas unilaterais, que “distorcem as regras do comércio mundial” segundo os termos do comunicado oficial.

No entanto, essa postura comum esconde uma realidade mais complexa. A cúpula do Rio é marcada pela ausência notável do presidente chinês Xi Jinping, que pela primeira vez desde sua chegada ao poder em 2012, não participa.

Por sua vez, Vladimir Putin fala somente por videoconferência, devido ao mandato de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional. O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, anfitrião da cúpula, abriu os debates com uma constatação preocupante: “estamos assistindo a um colapso sem precedentes do multilateralismo”. Nos corredores da cúpula, a dificuldade em produzir uma linha unificada sobre temas sensíveis, como o conflito em Gaza ou as relações com o Irã, ilustra a heterogeneidade crescente do grupo.

Trump reacende a guerra das tarifas : uma estratégia econômica assumida

A reação americana não se fez esperar. Poucas horas após a publicação do comunicado dos BRICS, Donald Trump declarou em sua rede social: “todo país que se alinhar às políticas antiamericanas dos BRICS sofrerá a aplicação de uma tarifa ADICIONAL de 10 %. Não haverá exceção a essa política”.

Na sequência, ele publicou a cópia de uma carta oficial endereçada à África do Sul, anunciando uma sobretaxa alfandegária de 30 % aplicável a partir de agosto. Segundo o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, sobretaxas que podem chegar a 50 % entrarão em vigor em 1o de agosto de 2025 se nenhum acordo for concluído até lá com os parceiros comerciais.

Diante dessa escalada, as respostas das grandes potências emergentes permanecem medidas. A China, por meio de sua porta-voz Mao Ning, enfatizou que “guerras comerciais e tarifárias não têm vencedores”, apelando para “uma cooperação ganha-ganha”. O Kremlin, por sua vez, destacou que “a interação dentro dos BRICS nunca foi e nunca será contra países terceiros”.

Se as declarações americanas se concretizarem, poderão provocar um realinhamento estratégico significativo nas trocas internacionais. Para os BRICS, essas tensões reforçam a necessidade de acelerar os projetos de pagamentos transfronteiriços em moedas locais ou digitais. Alguns analistas já mencionam um possível relançamento do projeto de moeda comum dos BRICS ou ao menos uma interoperabilidade maior entre seus respectivos CBDCs.

Na esteira desses desenvolvimentos, as infraestruturas blockchain podem desempenhar um papel cada vez mais central para facilitar o comércio bilateral fora do sistema SWIFT, especialmente por meio dos protocolos DeFi ou stablecoins não indexados ao dólar. Se essa guerra das tarifas se confirmar, poderá marcar uma etapa decisiva na desdolarização da economia mundial, posicionando as criptomoedas como novos instrumentos de arbitragem econômica internacional.

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Luc Jose A.

Diplômé de Sciences Po Toulouse et titulaire d'une certification consultant blockchain délivrée par Alyra, j'ai rejoint l'aventure Cointribune en 2019. Convaincu du potentiel de la blockchain pour transformer de nombreux secteurs de l'économie, j'ai pris l'engagement de sensibiliser et d'informer le grand public sur cet écosystème en constante évolution. Mon objectif est de permettre à chacun de mieux comprendre la blockchain et de saisir les opportunités qu'elle offre. Je m'efforce chaque jour de fournir une analyse objective de l'actualité, de décrypter les tendances du marché, de relayer les dernières innovations technologiques et de mettre en perspective les enjeux économiques et sociétaux de cette révolution en marche.

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