El Salvador abre caminho para os bancos de investimento Bitcoin

O bitcoin não é a xícara de café do FMI nem dos grandes nomes da finança internacional. Enquanto Washington e Bruxelas tiram a calculadora dos riscos, Nayib Bukele e sua equipe tiram o talão de cheques cripto. Entre audácia e teimosia, El Salvador continua sua política pró-bitcoin, mesmo que caminhe na corda bamba entre inovação financeira e pressão institucional.

Um quadro legal sob medida para investidores sofisticados

Em agosto de 2025, El Salvador, país acumulador de bitcoins, adotou a “Investment Banking Law“, uma lei que separa claramente bancos comerciais e bancos de investimento. Agora, estes últimos podem detar bitcoin e outros ativos digitais, mas somente para “investidores sofisticados”.

Juan Carlos Reyes, presidente da Comissão Nacional de Ativos Digitais (CNAD), resumiu o espírito desta reforma: “A nova lei permite que bancos privados de investimento operem em moedas legais e estrangeiras para os “investidores sofisticados”, e se envolvam com ativos digitais como o Bitcoin com uma licença PSAD“.

A licença PSAD abre a porta para operações bancárias 100% Bitcoin. O objetivo oficial é claro: atrair capitais estrangeiros e fazer do país um hub financeiro amigável à cripto. Mas alguns observadores notam que essa orientação favorece primeiro as grandes instituições, não a população.

Bitcoin e cripto no centro de novas alianças internacionais

Essa mudança regulatória não acontece isoladamente. El Salvador recentemente multiplicou as trocas internacionais, especialmente com países que compartilham a mesma afinidade por criptoativos. Em julho, o banco central da Bolívia assinou um protocolo de acordo com a CNAD para promover o uso das criptomoedas em plena crise cambial.

O ministro paquistanês Bilal Bin Saqib, recebido por Bukele, explicou: 

A cooperação baseia-se na forma como as economias emergentes, ambas sob programa FMI, podem aproveitar a tecnologia e outros instrumentos financeiros para o crescimento nacional.

Esses parcerias lembram que, por trás dos anúncios, existe também uma batalha geopolítica: a dos países que querem contornar a dependência das moedas dominantes e se abrir a alternativas monetárias.

Desafios regulatórios e números-chave para monitorar

A aposta de El Salvador não é sem riscos. O FMI já condicionou sua ajuda financeira a ajustes legislativos, incluindo a remoção da obrigatoriedade para os comércios aceitarem bitcoin. A instituição permanece vigilante quanto à volatilidade e aos riscos de lavagem de dinheiro.

Max Keiser, conselheiro Bitcoin de Bukele, vê a tendência como irreversível. O bitcoin está absorvendo os 400 trilhões de dólares de valor armazenado no mundo e reduzindo a influência dos bancos centrais, ele estima.

Por enquanto, os indicadores financeiros mostram um aumento do engajamento cripto nacional.

Para lembrar:

• 6.262 BTC detidos pelo Estado, mais de 730 milhões de dólares no preço atual – preço do bitcoin a 118.000 $ ;
• Lei adotada em agosto de 2025, licença PSAD para operadores bitcoin ;
• Acordo assinado com a Bolívia em plena escassez de dólares ;
• Projeto de “Banco para Investimento Privado” com capital mínimo de 50 milhões de dólares.

A adoção do bitcoin em El Salvador nunca foi um terreno minado. Entre reformas, pressões externas e vontade de afirmar sua soberania financeira, o país joga um jogo sutil de esconde-esconde regulatório com as grandes instituições. Bukele e sua equipe avançam contornando as regras impostas, convencidos de que a aposta cripto é a chave para redesenhar seu futuro monetário.