Erro simples ou laxismo perigoso? A exchange cripto Binance sob pressão
Apesar de um acordo histórico com as autoridades americanas em 2023 e compromissos rigorosos na luta contra a lavagem de dinheiro, a Binance teria falhado em bloquear contas suspeitas. Estas últimas teriam transferido somas colossais, levantando sérias questões sobre a eficácia real dos controles implementados.

Em resumo
- Dados internos revelam que 13 contas suspeitas continuaram operando na Binance após o acordo de novembro de 2023 com os Estados Unidos.
- Essas contas transferiram 144 milhões de dólares desde novembro de 2023 e 1,7 bilhão de dólares desde 2021.
- Algumas dessas contas receberam 29 milhões de dólares provenientes de carteiras posteriormente congeladas por Israel por financiamento ao terrorismo.
- O acordo de 2023 impunha uma vigilância rigorosa de cinco anos pelo FinCEN e medidas reforçadas de conformidade.
Falhas enormes no sistema de monitoramento
Em novembro de 2023, a Binance aceitava pagar uma multa recorde de 4,368 bilhões de dólares por violar as leis de sigilo bancário e as sanções americanas.
Esse acordo provocou a demissão de Changpeng Zhao, seu emblemático CEO, e impôs à plataforma uma vigilância rigorosa por cinco anos pelo Financial Crimes Enforcement Network (FinCEN). O objetivo era claro: transformar a Binance em um ator irrepreensível em conformidade regulatória.
No entanto, documentos internos vazados para o Financial Times contam uma história muito diferente. Treze contas suspeitas teriam continuado suas atividades sem problemas após novembro de 2023.
Entre elas, a de uma venezuelana de 25 anos que recebeu mais de 177 milhões de dólares em cripto entre abril de 2022 e 2024. Essa conta alterou suas informações bancárias nada menos que 647 vezes em quinze meses, utilizando 496 contas diferentes distribuídas pelas Américas. Um comportamento que deveria ter acionado todos os alarmes.
Outro caso chama atenção: um funcionário bancário venezuelano de 30 anos, cuja conta movimentou 93 milhões de dólares. Os registros de conexão revelam acessos em Caracas às 15h56, e depois no Japão sete horas depois. Uma impossibilidade física que sugere ou um compartilhamento de conta, ou o uso de redes privadas virtuais para mascarar a origem real das transações.
Binance, entre defesa e vigilância reforçada
A análise dos fluxos financeiros revela conexões ainda mais preocupantes. Entre fevereiro de 2022 e março de 2023, essas 13 contas receberam coletivamente 29 milhões de dólares em USDT vindos de carteiras posteriormente congeladas por Israel por ligações com financiamento ao terrorismo.
A maior parte desses fundos veio de quatro carteiras associadas ao sírio Tawfiq Al-Law, acusado de transferir valores ilícitos para o Hezbollah, os Houthis no Iêmen e entidades ligadas ao regime de Assad.
Essas carteiras foram apreendidas por Israel em maio de 2023, vários meses antes do acordo Binance-Estados Unidos. O OFAC (Office of Foreign Assets Control) sancionou Al-Law em março de 2024.
A Binance destaca que “avalia as transações com base nas informações disponíveis no momento em que ocorrem” e que nenhuma dessas carteiras estava oficialmente nas listas de sanções durante as transferências mencionadas.
A plataforma afirma possuir “sistemas robustos para identificar e examinar transações suspeitas”. Ela enfatiza que opera sob supervisão de um órgão independente desde novembro de 2023 e respeita todas as sanções financeiras aplicáveis. A Binance rejeita categoricamente a representação do Financial Times, alegando que o relatório distorce a realidade de seus esforços de conformidade.
Em suma, o descumprimento do acordo pode custar caro à Binance: uma multa adicional de 150 milhões de dólares paira sobre a plataforma. Para uma exchange que domina o mercado mundial com mais de metade dos volumes de negociação, essas revelações mancham uma reputação já desgastada.
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