Euro digital: A infraestrutura técnica está pronta, mas a política atrapalha
O euro digital poderia revolucionar os pagamentos na Europa, mas seu lançamento esbarra em lentidões políticas. Enquanto o BCE anuncia liquidações on-chain já em 2026, os legisladores europeus têm dificuldade para decidir sobre a privacidade. Um projeto técnico pronto, mas travado por debates intermináveis.

Em resumo
- O BCE finalizou a infraestrutura técnica do euro digital, mas seu lançamento agora depende das decisões políticas.
- Euro digital: os legisladores europeus hesitam entre garantir uma privacidade similar ao dinheiro em espécie e impor medidas de vigilância.
- Se o euro digital for lançado em 2026, os stablecoins lastreados no euro e as criptos focadas em pagamentos na Europa podem desaparecer, por falta de diferenciação diante de uma solução oficial e regulamentada.
Euro digital: uma infraestrutura técnica pronta para revolucionar os pagamentos
O Banco Central Europeu (BCE) finalizou os preparativos técnicos para o euro digital, um avanço importante para a integração da blockchain nas finanças tradicionais. A partir de 2026, as liquidações em moeda central via tecnologias de registro distribuído (DLT) deverão ser possíveis, oferecendo transações mais rápidas e menos onerosas. Este projeto visa:
- Modernizar os pagamentos na Europa;
- Reduzir a dependência de sistemas estrangeiros como os stablecoins lastreados no dólar;
- Reforçar a soberania financeira do continente.

Uma versão offline do euro digital está até prevista, com um nível de privacidade próximo ao do dinheiro em espécie, graças a dispositivos seguros integrados em smartphones e cartões inteligentes. Ainda assim, apesar desses avanços, o BCE lembra que a bola está agora no campo dos legisladores. Christine Lagarde indicou claramente que o trabalho técnico está concluído, mas a decisão final cabe às instituições políticas.
A política europeia atrapalha: entre privacidade e vigilância
O principal obstáculo ao euro digital não é técnico, mas político. De fato, os legisladores europeus precisam decidir sobre um tema delicado: a privacidade. O BCE integrou funcionalidades de proteção de dados, mas a aplicação delas dependerá das leis adotadas pela União Europeia.
De um lado, cidadãos e defensores das liberdades digitais exigem um nível de privacidade similar ao do dinheiro em espécie. Do outro, as instituições europeias, sob pressão para combater lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo, podem impor medidas rígidas de vigilância. Um dilema que atrasa fortemente o projeto.
Se o euro digital chegar em 2026, qual cripto desaparecerá?
A chegada do euro digital pode revolucionar o ecossistema cripto na Europa. Algumas, cuja utilidade se sobrepõe à de uma moeda digital oficial, podem desaparecer. Os stablecoins lastreados no euro, como EURT ou STASIS EURO, seriam os primeiros afetados. Sua razão de existir — oferecer uma versão digital do euro — seria diretamente concorrida por uma solução oficial, mais segura e regulamentada. Os usuários poderiam migrar em massa para o euro digital, tornando esses ativos obsoletos.
As criptomoedas focadas em pagamentos na Europa, como IOTA ou Nano, também podem sofrer. Esses projetos apostam em transações rápidas e sem taxas, um nicho que o euro digital poderia ocupar com a vantagem da legitimidade institucional. Sem diferenciação clara, sua adoção cairia.
Por fim, as iniciativas privadas de CBDC na Europa seriam marginalizadas. Qualquer moeda digital privada enfrentaria a concorrência de uma solução oficial, com enquadramento legal e integração bancária. Apenas as criptos que oferecerem valor agregado distinto, como maior privacidade ou funcionalidades inovadoras DeFi, poderiam resistir.
O euro digital está pronto tecnicamente, mas seu futuro depende agora das escolhas políticas. Se os legisladores conseguirem conciliar inovação e proteção de dados, este projeto poderá redefinir os pagamentos e revitalizar a economia europeia, segundo o BCE. Caso contrário, pode acabar sendo letra morta, deixando campo livre aos atores privados. A Europa saberá aproveitar essa oportunidade sem sacrificar seus valores?
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Le monde évolue et l'adaptation est la meilleure arme pour survivre dans cet univers ondoyant. Community manager crypto à la base, je m'intéresse à tout ce qui touche de près ou de loin à la blockchain et ses dérivés. Dans l'optique de partager mon expérience et de faire connaître un domaine qui me passionne, rien de mieux que de rédiger des articles informatifs et décontractés à la fois.
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