Evasão fiscal: O fisco britânico envia 65.000 cartas aos fraudadores de criptomoedas

A autoridade fiscal britânica, a HMRC, acaba de enviar 65.000 cartas a investidores de criptomoedas suspeitos de evasão fiscal. Um recorde, que marca uma intensificação sem precedentes da luta contra a fraude em um setor em plena expansão.

A HMRC acelera: 65.000 cartas para rastrear a evasão fiscal em criptomoedas

O Reino Unido age com força. Em 2025, o fisco, ou seja, a HMRC, enviou quase 65.000 cartas de advertência a detentores de criptomoedas para que paguem seus impostos. Esta ofensiva ocorre em um contexto onde 7 milhões de britânicos agora possuem ativos digitais, um mercado em crescimento constante.

O objetivo é claro: incitar os investidores de criptomoedas a regularizar sua situação fiscal, mesmo sem provas formais de infração. Essas “cartas de incentivo” lembram aos contribuintes suas obrigações legais, ao mesmo tempo que os alertam sobre as consequências de uma não declaração. Uma estratégia inspirada em métodos utilizados nos Estados Unidos ou na Coreia do Sul, onde as autoridades fiscais intensificam as fiscalizações.

Para a HMRC, trata-se de recuperar uma perda fiscal estimada em várias centenas de milhões de libras esterlinas. Com a explosão dos preços das criptomoedas, os ganhos de capital não declarados representam um enjeito importante para as finanças públicas.

Rumo ao fim do anonimato no ecossistema cripto?

A HMRC não se limita a enviar cartas. Para rastrear os fraudadores, a autoridade fiscal britânica utiliza ferramentas cada vez mais sofisticadas. Entre elas, a colaboração com as plataformas de câmbio de criptomoedas, que agora devem transmitir os dados de seus usuários:

• Nomes;
• Histórico de transações;
• Saldos das carteiras.

A tecnologia também desempenha papel fundamental. Graças a softwares de análise da blockchain, a HMRC pode rastrear os fluxos de criptomoedas e identificar carteiras suspeitas. Um método que reduz consideravelmente o anonimato associado aos ativos digitais.

Bitcoin vs regulação: a erosão do princípio de anonimato diante dos controles fiscais

O envio massivo de cartas pela HMRC lembra uma realidade: o bitcoin, criado em 2009 como uma ferramenta de transação descentralizada e pseudônima, é hoje cada vez mais monitorado pelos Estados. Originalmente, Satoshi Nakamoto imaginava uma moeda livre dos intermediários bancários e dos controles governamentais. No entanto, com o avanço das ferramentas de análise da blockchain e a colaboração das plataformas de câmbio de criptomoedas, o anonimato inicial está se esvaindo.

As 65.000 cartas enviadas aos fraudadores fiscais pela HMRC ilustram essa tendência: mesmo as transações em BTC, antes vistas como opacas, agora são escrutinadas. Os reguladores aproveitam os rastros deixados na blockchain para identificar os detentores e exigir declarações fiscais. Uma ironia para uma tecnologia nascida do desejo de contornar o sistema tradicional.

O envio de 65.000 cartas pela HMRC marca uma virada na regulação das criptomoedas. Entre transparência fiscal e proteção dos investidores… a dúvida persiste. É preciso reforçar os controles para combater a fraude, ou correr o risco de frear a inovação? E você, estaria disposto a declarar seus ganhos, mesmo os mínimos?