Novo recorde para USDT, mas os reguladores estão preocupados

Apesar dos alertas regulatórios, a Tether continua na liderança. A empresa por trás do USDT acaba de ultrapassar a marca simbólica de 160 bilhões de tokens emitidos. Um pico impressionante que, em vez de tranquilizar, desperta velhos temores. Entre crescimento espetacular e fragilidade estrutural, o gigante do stablecoin cristaliza mais uma vez as tensões no universo cripto. Mergulho em uma ascensão tão vertiginosa quanto controversa.

O dólar cripto dos esquecidos: o outro lado da Tether

Enquanto os reguladores americanos preparam suas armas, o USDT encontra um lugar precioso nos bolsos mais vulneráveis do mundo. Em um tweet postado em 16 de julho, Paolo Ardoino, CEO da Tether, celebra esse marco simbólico: “Um novo marco vertiginoso, uma declaração da utilidade incomparável do USDT como dólar digital para bilhões de pessoas vivendo em mercados emergentes e países em desenvolvimento“.

E essa utilidade não se limita às palavras: na Nigéria, na Argentina, no Líbano ou na Turquia, o USDT se impõe como um escudo contra a hiperinflação. Ele contorna bancos locais falidos, permitindo que milhões de famílias enviem, recebam e preservem valor.

Um dólar digital, acessível via Telegram, Tron ou Binance, e que ninguém controla realmente. A Tether não vende sonhos, ela vende estabilidade. E, em alguns países, isso é um luxo.

O GENIUS Act ou a revanche dos Estados sobre os stablecoins

Nos corredores silenciosos do Senado americano, o GENIUS Act avança. Este projeto de lei pode simplesmente proibir o uso da Tether nos Estados Unidos se suas reservas não forem auditadas por terceiros. Uma exigência lógica, mas que faz as paredes da finança cripto tremerem. Pois a Tether nunca aceitou uma auditoria completa de suas reservas.

Segundo analistas, o USDT representa hoje entre 85% e 90% do volume global do bitcoin. E segundo o influenciador cripto Jacob King, a situação é explosiva:

A Tether está prestes a ser BANIDA assim que o GENIUS Act passar no Senado. Por que você acha que eles estão imprimindo USDT desesperadamente do nada, para inflar os preços a patamares insustentáveis? […] Se você possui criptos, saia enquanto ainda pode. 

Ao impor um controle sobre as reservas da Tether, os Estados Unidos buscam restaurar sua autoridade sobre as finanças digitais. É um choque entre duas soberanias: a das blockchains, e a dos governos.

Liquidez, alavancagem, superaquecimento: a Tether no limite

Por trás da explosão dos números, os sinais de alerta piscam. Em 16 de julho, a Tether atacou novamente: 2 bilhões de USDT foram emitidos em um único dia. Uma parte foi para a Binance, outra para estoque. Uma manobra que alimenta dúvidas sobre o propósito dessas emissões.

A pressão também aumenta no mercado de bitcoin, impulsionado por derivativos e alavancagem. Se uma onda de liquidação forçada atingir fundos altamente endividados, o efeito dominó pode ser fatal.

A Tether afirma que seus tokens são totalmente cobertos por suas reservas. Oficialmente, 100 bilhões em títulos do Tesouro e 8 bilhões em ouro. No entanto, nenhum escritório externo confirma esse número.

Referências numéricas chave:

• A Tether emitiu 160 bilhões de USDT, um recorde histórico;
• 2 bilhões de USDT emitidos em um dia, em 16 de julho;
• $127 bilhões em títulos do Tesouro segundo a Tether, mas sem auditoria externa;
• 85% do volume de Bitcoin estimado depende do USDT segundo analistas;
• A Tether é usada em mais de 150 países, frequentemente substituindo moedas locais.

Apesar de tudo, o USDT continua sendo a coluna vertebral da liquidez cripto. Imediatismo, ausência de KYC, estabilidade: é um coquetel explosivo… ou salvador, dependendo da perspectiva.

Por trás dos projetos de wallets e das ambições do Web3, a Tether permanece fiel a uma filosofia: acumular reservas sólidas. A empresa detém agora mais de 100.000 bitcoins e quase 50 toneladas de ouro. Um cofre que parece um banco central… sem o banco.