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O BIS considera as stablecoins ineficazes e perigosas para a economia global: Aqui está o porquê

10h15 ▪ 5 min de leitura ▪ por Mikaia A.
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Os stablecoins, esses tokens digitais lastreados em moedas fiduciárias, são frequentemente vistos como uma ponte entre as criptomoedas voláteis e a estabilidade monetária. Para muitos, eles representam uma solução óbvia para a instabilidade dos ativos digitais. A União Europeia, os Estados Unidos e outras grandes economias apostam fortemente nessas ferramentas híbridas. No entanto, o Banco de Compensações Internacionais (BIS) acabou de esfriar os ânimos. Em seu relatório econômico anual de 2025, ele pinta um quadro bem menos lisonjeiro.

Um regulador alarmado do BIS aponta para stablecoins flutuantes em um ambiente sombrio, simbolizando a ameaça financeira.

Em resumo

  • O BIS critica os stablecoins por sua falta de universalidade, flexibilidade e segurança financeira.
  • Sua emissão sempre requer um pagamento antecipado, limitando seu uso diante de choques econômicos.
  • Os stablecoins são considerados vulneráveis a fraudes, lavagem de dinheiro e evasão de sanções pelo BIS.
  • A tokenização, por sua vez, recebe o apoio do BIS como inovação para uma finança mais regulada.

Um triplo fracasso segundo o BIS: estabilidade ilusória e segurança duvidosa

O BIS não mede palavras. Para ele, os stablecoins falham em três pontos essenciais: a “singularidade”, a “elasticidade” e a “integridade”. Esses três critérios definem uma moeda confiável em uma economia moderna. Segundo seus termos, os stablecoins seriam apenas “instrumentos ao portador digitais”, mais próximos de um ativo financeiro do que de uma moeda real.

Gráficos demonstrando o crescimento dos stablecoins
Os stablecoins continuam seu avanço apesar da volatilidade – Fonte: BIS

Ao contrário do dinheiro emitido pelos bancos centrais, aceito “na paridade” e em todo lugar sem atrito, os stablecoins são emitidos por entidades privadas. Isso cria uma disparidade nos usos e na confiança. Alguns stablecoins são negociados até com diferenças de valor. A universalidade prometida desmorona. No aspecto da elasticidade, o BIS destaca que “uma emissão adicional requer um pagamento integral prévio por parte de seus detentores”. Nada a ver com os bancos centrais, que são capazes de ajustar a massa monetária em caso de crise.

E em termos de integridade? Novamente, é um não. Segundo o relatório, “os stablecoins apresentam lacunas importantes na promoção da integridade do sistema monetário”. A falta de normas claras em KYC/AML torna seu uso arriscado, até criminoso. Lavagem de dinheiro, financiamento do terrorismo, evasão de sanções… a lista é negra.

Stablecoins vs bancos: volta ao futuro do século XIX

Um trecho do relatório BIS assusta: “os stablecoins lembram as notas privadas do século XIX nos Estados Unidos”. Naquela época, cada banco emitia sua própria moeda. Resultado: instabilidade, fraude, pânico bancário. Esse retrocesso gera preocupação. Os stablecoins não são obrigados a cumprir as mesmas garantias de um depósito bancário clássico. Daí os alertas da instituição de Basileia.

Um tweet de Angelica Saldaña resume bem essa distinção lexical:

No banco, a gente não fala em stablecoins; fala-se em depósitos tokenizados.

Por trás dessa nuance está uma estratégia de retomada de controle pelas autoridades: recondicionar a inovação como uma ferramenta regulamentada.

O BIS não é contra a inovação. Pelo contrário, elogia a tokenização, que consiste em digitalizar ativos tradicionais em uma blockchain. Em seu tweet de 25 de junho, afirma: “a tokenização é uma inovação transformadora para melhorar o antigo e ativar o novo”.

Uma plataforma tokenizada que inclua reservas centrais, títulos públicos e moeda comercial seria, para ele, o futuro do sistema financeiro.

Cripto: os números loucos e as apostas arriscadas do novo faroeste monetário

A posição firme do BIS não significa o fim dos stablecoins. Seu uso continua a crescer, principalmente em países onde o acesso ao dólar é restrito. Seus benefícios são reais: baixo custo, acessibilidade transfronteiriça, velocidade de liquidação.

Os Estados Unidos, por meio de várias instituições, não compartilham a opinião radical do BIS. O debate está aberto. O que está em jogo transcende a tecnologia; trata-se de soberania monetária.

Números para lembrar:

  • Mais de 15% de queda para a ação da Circle (CRCL) após a publicação do relatório do BIS;
  • O mercado potencial dos stablecoins é estimado em 2 trilhões de dólares segundo o Tesouro americano;
  • 600% de alta para CRCL desde sua abertura de capital, antes da correção;
  • Cerca de 25 bilhões de dólares em transações estáveis diárias segundo dados de março de 2025;
  • 70% do mercado DeFi é lastreado em stablecoins.

Em longo prazo, a luta promete ser tão ideológica quanto tecnológica. A palavra “stablecoin” torna-se um campo de batalha semântico.

O stablecoin divide. De um lado, o BIS alerta sobre os riscos sistêmicos. Do outro, os Estados Unidos, primeira economia mundial, apostam em um mercado de 2 trilhões de dólares sustentado por esses ativos. O futuro não será fixo. Mas as linhas, elas, estão mudando.

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Mikaia A.

La révolution blockchain et crypto est en marche ! Et le jour où les impacts se feront ressentir sur l’économie la plus vulnérable de ce Monde, contre toute espérance, je dirai que j’y étais pour quelque chose

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