O chefe da OCC promete o fim da discriminação bancária contra a Web3

Os tempos mudam. Antigamente, os bancos americanos, bastiões do fiat, fechavam suas portas para empresas cripto, considerando-as muito arriscadas. Mas desde o retorno de Donald Trump à Casa Branca, as coisas estão mudando. O ex-presidente, hoje motor da “cripto-política”, move suas peças nas instituições mais conservadoras. Agora, o Office of the Comptroller of the Currency (OCC), um dos principais reguladores bancários dos Estados Unidos, anuncia o fim do “debancamento”. Uma grande mudança está se desenhando: as criptomoedas não são mais intrusas, mas hostes agora toleradas no banquete das finanças tradicionais.

Debancamento cripto: Gould quebra o tabu e Trump impõe sua agenda

Durante um evento CoinDesk em Washington, Jonathan Gould, chefe da OCC, reconheceu que o debancamento das empresas cripto é real, retomando uma crítica já feita por Trump. Esse reconhecimento soa como uma confissão tardia e uma virada para o ecossistema, por muito tempo marcado por um sistema de duas velocidades onde a exclusão financeira servia como arma silenciosa contra a inovação.

Por trás dessa ruptura, uma vontade política clara: a de Donald Trump. Sua assinatura da Ordem Executiva 14331, “Garantindo Acesso Bancário Justo Para Todos os Americanos”, deu mandato à OCC para eliminar qualquer discriminação bancária baseada na atividade cripto. O comunicado oficial é claro: 

A OCC está tomando medidas para acabar com a instrumentalização do sistema financeiro. Estamos trabalhando para erradicar atividades bancárias que excluem ou discriminam ilegalmente clientes por suas crenças políticas ou religiosas, ou por suas atividades legais. Se e quando a OCC identificar tal prática, tomará medidas para acabar com ela.

Jonathan V. Gould – Fonte: OCC

Na prática, a OCC já está investigando os nove maiores bancos do país. O objetivo: identificar aqueles que tenham fechado contas sem justificativa legal. Uma pequena revolução no panorama bancário americano, onde as criptomoedas passam do status de párias para clientes sob proteção regulatória.

Entre inovação e prudência: o novo cenário bancário

Jonathan Gould assegura que apoiar o ecossistema cripto não significa sacrificar a estabilidade financeira. Segundo ele, inovação não é incompatível com segurança nem solidez do sistema, desde que seja regulada com rigor.

Em resumo, cripto e segurança bancária podem coexistir, desde que com regras claras e supervisão rigorosa.

Nesse contexto, a OCC atua em várias frentes. As referências vagas a “risco de reputação” foram removidas dos manuais bancários. O regulador também trabalha na aplicação do GENIUS Act, que facilita a obtenção de cartas bancárias para emissores de stablecoins. 

Os controles BSA/AML, frequentemente usados como desculpa para bloquear atores cripto, serão revisados para evitar abusos.

Esse novo clima já atrai a atenção dos investidores institucionais. Ao estabelecer um quadro compreensível, a OCC busca tranquilizar bancos e fundos, que até então hesitavam em entrar no universo Web3. A ideia é simples: menos arbitrariedade, mais transparência, portanto, mais confiança.

Rumo a uma finança cripto-friendly: um momento decisivo para os EUA

Essa mudança não se limita ao simbólico. Os analistas do setor já veem como uma virada concreta para o futuro dos mercados. As empresas cripto, muito tempo freadas por barreiras bancárias, finalmente obtêm um reconhecimento regulatório claro.

Alguns números a lembrar:

• 9 maiores bancos já investigados pela OCC;
• 239 milhões de dólares dados por Elon Musk para apoiar a campanha cripto-friendly de Trump;
• 135 milhões de dólares injetados via Fairshake PAC para promover candidatos pró-cripto;
• 21 milhões de dólares em BTC oferecidos pelos irmãos Winklevoss em agosto de 2025.

Os Estados Unidos estão redesenhando sua relação com as criptomoedas sob a influência de Trump e da OCC. O governo não age apenas na regulação: promove ativamente a tecnologia junto às instituições financeiras. O Tesouro, por meio do Fed, já anunciou um alívio no controle sobre os bancos ativos em cripto. Entre supervisão relaxada e incentivos robustos, Washington coloca a cripto no centro de seu futuro econômico.